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Emprego e Desemprego

Jorge Abegão *



A situação do emprego e do desemprego em Portugal tem, em termos de evolução, acusado a tendência generalizada na Europa desde 1991 de decréscimo do emprego e do aumento do desemprego. A taxa de desemprego atingiu 7,2% (média do ano de 1995) da população activa e o emprego registou uma queda de 0,6%, em média no mesmo ano, devendo-se esta redução à quebra de actividade dos sectores primário e secundário (têxtil fundamentalmente). Portugal mantém, com a Alemanha, uma das taxas de desemprego mais baixas da Europa comparável à existente nos Estados Unidos. No entanto, dentro dos países da Comunidade, a taxa de desemprego contínua distribuída desequilibradamente, quer entre regiões quer entre grupos sociais.

Tal como nos restantes países europeus, em Portugal, a taxa de desemprego de longa duração (correspondendo a indivíduos com mais de um ano continuamente desempregados) tem aumentado progressivamente desde 1991, atingindo em 1994, 43% do desemprego total, estando ainda abaixo da média europeia situada em 48,2%. A taxa de desemprego de jovens (menos de 25 anos) duplicou de 1991 para 1995, registando-se neste ano uma taxa de 16,6%. Em Espanha a taxa de desemprego atingiu em 1994 cerca de 22,4% sendo a taxa de longa duração de 52,7% e a taxa de desemprego nos jovens de 42,4%.

Relativamente à população activa, Portugal mantém uma taxa acima da média da União Europeia, a par de países como a Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido, situando-se a Espanha, Irlanda, Itália e Grécia nos países com taxas bastante inferiores.

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Portugal enquadra-se no grupo de países europeus (Dinamarca, França; Portugal e Reino Unido) onde a quantidade de mulheres na população activa é superior à média comunitária variando entre 43% e 48%, contrastando com um outro grupo de países comunitários (Luxemburgo, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha) onde as mulheres na população activa é bastante inferior à do resto da Comunidade. A Alemanha, Bélgica e Países Baixos situam-se sensivelmente dentro da média comunitária (34% a 37%). A nível da distribuição percentual do emprego pelos grandes sectores (agricultura, indústria e serviços) Portugal estabilizou a taxa de emprego na Agricultura, em cerca de 11,5 % (1995), nivelando-se com os países da OCDE (Espanha, Neo-Zelândia, Irlanda) e aumentou o peso percentual do emprego nos serviços, situando-se acima dos 50%.

Verificaram-se em Portugal as tendências registadas na Europa de uma progressiva flexibilização e precarização do trabalho, nomeadamente a nível do aumento do trabalho a tempo parcial, do trabalho com contrato não permanente, uma diminuição dos trabalhadores por conta de outrem (-1%) e a um aumento de trabalhadores isolados (+2,7%).

Seja qual for o futuro, em termos do grau de crescimento da produção e de retoma económica, que se prevê para 1997, tudo indica que o desemprego continuará a ser um dos principais problemas económicos e sociais a enfrentar, nomeadamente, por Portugal e pela União Europeia.

 

Informação Complementar

Alguns Indicadores

Taxa de Desemprego = População Desempregada / População

ActivaTaxa de Emprego = População Empregada / População (15-64 anos)

População Activa = População Empregada + Desempregada

Taxa de Actividade = População Activa/População (15-64 anos)



* Jorge Abegão

Licenciado em Sociologia pelo ISCTE. Consultor permanente da CESO I&D. Director da APSIOT (Associação Portuguesa de Profissionais em Sociologia Industrial).



Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Desemprego de longa duração em % do desemprego total

Taxa de desemprego de jovens

Emprego taxa média de crescimento anual

Produtividade do trabalho e custo salarial na UE (indústria), 1992

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