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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! No espaço da UE, às correntes migratórias Sul/Norte intra-europeias, protagonizadas a montante pelos países da Bacia Mediterrânica (Itália, Espanha, Grécia e Portugal) e a jusante pêlos países industrializados do centro da Europa, sucederam-se os fluxos extra-europeus vindos, primeiro, do Magreb e da Turquia e, em seguida, das regiões mais sobrepovoadas e carenciadas da Ásia, América e África Subsariana. A desestruturação dos sistemas económicos e políticos do bloco de Leste provocou mais uma hemorragia de populações à procura de sobrevivência e segurança sobre o espaço europeu. Toda esta pressão migratória recebeu uma nova aceleração com a chegada massiva de refugiados e requerentes de asilo provenientes dos mais diversos horizontes. Segundo o relatório do FNUAP (1993), dos 17 milhões de refugiados 87% bateram às portas da UE. Todas estas correntes migratórias vieram desaguar à volta das tecnópoles e dos grandes centros urbanos. Assim, 40% dos imigrantes em França vivem na cidade de Paris e a maior parte dos outros em Marselha e Lião; em Frankfurt, 22,6% da população é estrangeira; em Birmingham, onde o peso das minorias étnicas é o mais elevado no Reino Unido, os estrangeiros representam 20% da população; na Holanda, 60% dos imigrantes residem nas quatro maiores cidades do país; e em Lisboa vive cerca de 54,9% da população estrangeira em Portugal. Em Portugal, os fluxos imigratórios são uma constante ao longo de toda a sua história. As invasões do território português pelos diferentes grupos étnicos após o declínio do Império Romano; a presença dos Mouros antes e depois da reconquista e do povoamento; a actividade das comunidades judaicas ao longo de toda a Idade Média; o comércio de escravos (séc. XVI-XVIII); a presença de cidadãos estrangeiros, no séc. XIX, originários de Espanha, Reino Unido, Alemanha e de França assim como do Brasil, ligados à exploração mineira e à comercialização do vinho do Porto, são outros tantos indicadores da tradição imigratória em Portugal. No passado recente, a conjunção de três factores, designadamente os processos de descolonização, a entrada de Portugal na UE e os efeitos da pressão migratória à escala planetária, fizeram de Portugal simultaneamente um país de emigração e de imigração. Podemos observar esta tendência evolutiva através da análise do saldo migratório nos movimentos de população nos últimos 30 anos. Da observação da Figura 2 (ver Infografia) ressalta, primeiro, um saldo negativo nos anos 1965-70 em relação directa com a emigração intra-europeia. Segundo, uma inversão brutal de tendência nos anos 1975-85, onde o saldo migratório atinge valores positivos na ordem de 38,2 e de 4,3 respectivamente, fruto dos efeitos perversos dos processos de descolonização. Terceiro, regista-se de novo um saldo negativo em 1985-90, para atingir valores positivos em 1993, com a presença de 168.316 estrangeiros a residirem no território português. Uma primeira leitura destes dados revela-nos que a população estrangeira em Portugal tem grande diversidade de origem e, em seguida, que a sua presença no território nacional apresenta simultaneamente uma grande dispersão e uma forte concentração no Litoral, no Centro e Sul do país. Nela podemos facilmente identificar os grandes eixos em torno dos quais se cruzam as correntes migratórias à escala planetária: a corrente Sul/Norte; o fluxo Leste/Oeste; a livre circulação de cidadãos no seio da UE e ainda um ou outro indício da pressão migratória a nível mundial. Na entrada seguinte caracterizaremos a incidência de cada uma destas correntes no seio da sociedade portuguesa.
Informação Complementar As comunidades ciganas Os ciganos chegaram a Portugal há cerca de 500 anos. A sua presença não cessou de aumentar ao longo dos tempos. Actualmente constituem uma das mais importantes minorias étnicas do espaço português. Estimam-se entre 25.000 e 30.000 indivíduos, dispersos praticamente por todo o país. Regista-se, porém, maior concentração na área metropolitana de Lisboa, com cerca de 6.000 ciganos.
Comunidades estrangeiras em Portugal
Distribuição da população estrangeira por distritos 1995 Saldo migratório no movimento da população portuguesa Totais de população estrangeira residente por continente de origem
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