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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! O turismo pode ser definido como a procura colectiva da alteridade social, marcada pelo prazer, pela diversão e descompressão, centrada na abertura e na descoberta do "Mundo" e do "outro". Ao longo dos tempos foram as "mirabilia" da natureza, da História e do sobrenatural que mobilizaram os homens a viajar na descoberta do "Mundo" e do "outro". Hoje, aos valores culturais, estéticos, espirituais associaram-se (e sobrepuseram-se) os valores hedonistas numa grande pluriformidade, contribuindo para diversificar e segmentar o espaço de procura e da experiência turística. Assim, em referência à sua morfologia espacial temos o turismo de mar, de montanha, de espaço rural ou urbano e o turismo itinerante. Em relação ao tempo identificamos o turismo veraneante, de férias, o turismo sazonal ou intersticial. Se considerarmos a sua natureza identificamos o turismo heliotrópico, cultural, étnico, esotérico, lúdico-desportivo, histórico, ambiental, termal, de saúde, e ainda de carácter político-científico. Em termos de utentes, temos o turismo de elite, de luxo, formalizado no viajante clássico, e o turismo de massa, familiar e social. Desde 1950, o turismo é uma das actividades dominantes, tanto a nível mundial como regional. Da observação da Figura 1 (ver Infografia), ressalta primeiro que, apesar da recessão económica, a actividade turística continuou em expansão a nível mundial. Em seguida, verificamos que os movimentos turísticos apresentam uma forte concentração geográfica: embora a perder quotas de mercado, em benefício de novos destinos emergentes, a Europa continua a ser o destino mais procurado. Em 1994 e 1995 recebeu 60% do movimento turístico internacional.
O lugar de Portugal Portugal, apesar das suas potencialidades naturais, só em 1960 começou a sentir o impacte dos fluxos turísticos, registando-se um crescimento espectacular a partir de 1964. Em 1969, as chegadas turísticas externas foram de 1,1 milhões, para atingirem os 9,5 milhões em 1995. Regista-se um "boom" em 1985,1987 e 1990. Este crescimento em flecha sofre uma ligeira inflexão nos anos 92-93, devido ao clima recessivo internacional. Na lista dos 20 principais destinos turísticos, a nível internacional, Portugal ocupava em 1990 o 14° lugar e, em 1995, o 17°. Em termos europeus, Portugal era o 12° país receptor em 1994. A nível dos países da O.C.D.E, Portugal ocupa o 4° lugar no crescimento das chegadas com um acréscimo de 4,2%. Em 1993 quase 2 milhões de portugueses gozaram férias fora de casa, o que significa um aumento de 4,5% relativamente a 1992. A informação disponível não nos permite identificar, de forma fiável, a percentagem de portugueses que orienta a sua procura turística para o exterior nem tão pouco os locais de destino. Segundo o Eurostat o nível de férias internacionais da população portuguesa é ainda muito baixo. Contudo, o número de carros e autocarros de matrícula nacional em circulação pela Europa durante os períodos de férias é um indicador claro de que estes níveis estão em constante crescimento. A relação de proximidade com a Espanha, França e Reino Unido faz que estes países sejam os destinos preferenciais dos portugueses. Porém a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (A.P.A.V.T) fala da emergência de uma nova sensibilidade na procura turística para os países escandinavos, para o triângulo Viena, Praga e Budapeste e para países de longa distância como Cuba, República Dominicana, Tunísia, Tailândia e E.U.A. São essencialmente os quadros das empresas, certos comerciantes e altos funcionários públicos que solicitam os mercados externos, facto que explica, como é óbvio, os baixos níveis de procura externa e contribui para o desenvolvimento do turismo doméstico.
A natureza da procura turística Tanto as antigas como as novas formas de turismo apresentam já níveis de procura significativos, embora o turismo de montanha e o turismo de espaço rural, na sua pluriformidade (agro-turismo, turismo de aldeia ou turismo de habitação) que hoje a oferta pretende implementar, tenham fraca visibilidade. A procura turística, quer externa quer interna, concentra-se em três grandes zonas: Algarve, Grande Lisboa e Madeira, o que significa que o produto turístico português é essencialmente heliotrópico. A Costa Algarvia, só por si, acolhe, por ano, mais de sete milhões de veraneantes. A concentração do turismo de sol e praia no Algarve estende-se ainda pela região turística de Lisboa e arredores. Os 847 km de costa que Portugal possui representam potencialidades inestimáveis à procura crescente deste tipo de turismo. Na prática está intimamente associado a outras formas de turismo, designadamente de natureza cultural, na sua vertente histórica, ecológica e religiosa. O turismo cultural está mais direccionado para as elites, para o viajante clássico, e o turismo especificamente religioso para as massas populares. Um dos sectores que está em plena expansão é aquele que engloba a realização de conferências, reuniões, congressos, seminários, a nível internacional e nacional. Em 1992 o nosso país posicionava-se entre os 25 primeiros destinos mundiais destes eventos. A expansão do sector resultou de uma série de factores, designadamente do investimento em infraestruturas na Costa de Lisboa, entre as quais sobressaem: o Centro Cultural de Belém, o Resort Caesar Park Penha Longa, os auditórios da Caixa Geral de Depósitos e da Marconi. A promoção de “marketing” a nível internacional, designadamente por ocasião da presidência da U.E em 1992, do Congresso da ASTA em 1994 e de Lisboa Capital da Cultura 94, é outro factor explicativo do desenvolvimento deste tipo de turismo. Segundo um estudo realizado em 1994-95, o mercado internacional privilegia os "meeting planners" para viagens de incentivos, conferências internacionais e lançamentos de produtos. As empresas nacionais tendem a organizar directamente os seus seminários de quadros e reuniões de administração. O turismo de natureza especificamente religiosa, a nível nacional, concentra-se em torno das romarias locais, regionais e nacionais e das peregrinações a Fátima. A nível internacional, está concentrado à volta da mesma realidade Fátima, que em 1993-95 recebeu peregrinações oriundas de 81 países dos 5 continentes. Em 1995, os mais representados foram Itália, Espanha, Alemanha, E.U.A e Polónia. Tendências evolutivas dos movimentos turísticos Os 20 principais destinos turísticos a nível internacional Turistas estrangeiros entrados em Portugal Chegadas de turistas em 1994 e 1995
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