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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Na verdade, embora esta dicotomia seja importante pois os objectivos das empresas (maximização do lucro e portanto aumento das quotas de mercado) diferem claramente dos países (elevados níveis de vida e pleno emprego dos factores de produção), não existe contradição mas sim complementariedade. De facto, os rendimentos dos factores e os níveis de emprego dependem do crescimento da produtividade do trabalho e do capital investido. Estes, por sua vez, dependem não só das estratégias das empresas mas também da envolvente macroeconómica, política e social em que se encontram inseridos. Assim, a análise da competitividade requer o estudo comparativo de elementos macroeconómicos (taxas de juro, taxas de câmbio, despesa pública, taxa de inflação etc.) e de elementos microeconómicos (produtividade, capacidade de gestão, custos relativos, canais de comercialização etc.) Temos assim a complementariedade entre o conceito tradicional de competitividade (competitividade-preço: quanto menor o preço, maior a quantidade vendida; maiores as quotas de mercado, mais competitividade) e o conceito moderno (competitividade não-preço: que se traduz na rápida adaptação da produção à procura), obtendo-se a noção de competitividade global. Para se estudar a competitividade externa de Portugal é necessário, assim, efectuar uma análise comparativa entre a evolução de Portugal e dos seus principais parceiros e concorrentes internacionais. Inserida na União Europeia e com um elevado grau de abertura ao exterior, a economia portuguesa tem um perfil de especialização que, apesar de uma evolução positiva nos últimos anos, continua extremamente dependente dos chamados sectores tradicionais. Segundo os últimos dados estatísticos disponíveis (ainda provisórios) a União Europeia absorve 80% das nossas exportações e é responsável por 74% das nossas importações. Não menosprezando a importância dos outros mercados geográficos, é sem dúvida no contexto da Europa que a análise tem de ser feita. A redução da taxa de inflação com a sua sucessiva aproximação aos níveis registados na União Europeia contribui positivamente para a competitividade externa. A evolução da taxa de juro tem actuado no mesmo sentido embora de forma menos evidente. A necessidade de garantir a estabilidade cambial e a evolução verificada na Alemanha ainda não tornaram, contudo, possível uma redução sustentada das taxas de juro. A evolução do PIB per capita reforça a ideia de uma melhoria da competitividade da economia portuguesa, na medida em que já conseguimos, apesar da distância que ainda nos separa da média comunitária, ultrapassar a Grécia. A componente mais dinâmica do PIB foram as exportações que cresceram a uma taxa superior à das importações permitindo assim uma melhoria na taxa de cobertura entre 1994 e 1995 (66,4% e 69,8% respectivamente), o que pode significar a recuperação da capacidade exportadora de Portugal. Para esta evolução contribuíram o clima generalizado de recuperação dos nossos principais parceiros comerciais e a evolução favorável dos termos de troca — os preços das exportações cresceram mais do que os preços das importações — o que representa um claro ganho para o país. Esta evolução ficou a dever-se à redução dos preços de petróleo e à evolução favorável da taxa de câmbio. O comportamento do mercado de trabalho também tem contribuído positivamente para a competitividade tendo-se registado uma diminuição dos custos relativos do trabalho, fruto quer da evolução dos custos salariais quer do aumento da produtividade. Contudo, os nossos principais concorrentes têm registado uma evolução semelhante, o que alerta para a necessidade de se investir cada vez mais na obtenção de ganhos de produtividade, factor último de competitividade externa.
Informação Complementar I&D, Factor de competitividade A Investigação & Desenvolvimento constitui um factor determinante para a garantia de vantagens competitivas sustentadas. A acumulação de conhecimentos é provavelmente tão importante como a acumulação de capital para o aumento do rendimento per capita de um país. Os países membros da União Europeia investiram em 1992 cerca de 106 milhões de Ecus na I&D (últimos dados disponíveis). Este montante representa um aumento de cerca de 40 milhões de Ecus depois de 1985. Contudo, se a análise for feita a preços constantes e eliminado o efeito da variação da taxa de câmbio, verifica-se a taxa média anual de crescimento do investimento neste sector diminuiu substancialmente a partir de 1989 quando comparada com o período 1985-1989. É extremamente significativo verificar-se que são a Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda (por ordem crescente) os países que destinavam em 1992 a menor parcela do PIB para a I&D. Saliente-se ainda que, dos doze países membros, Portugal e a Grécia são os únicos países em que o sector das empresas representa a menor proporção de I&D. Em todos os outros países é este o sector mais importante para a realização de investigação, o que sugere uma ligação mais fraca entre a investigação e a sua aplicação às empresas em Portugal. PIB per capita em paridades de poder de compra Produtividade e custos unitários reais do trabalho
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