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Janus 1997



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Importações

Manuel Farto e Luís Graça *

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As importações atingiram, em 1995, segundo dados preliminares do INE, 4.889,6 milhões de contos, o que se traduz por um aumento de 9,14% em relação ao valor registado em 94. As ligeiras quebras registadas de 1993 e 1994 parecem, assim, ultrapassadas, confirmando-se o elevado grau de abertura da economia portuguesas o que pode ser observado através do peso das importações no Produto Interno Bruto que atinge os 31,5%.

A opção europeia de Portugal e a consequente reorientação do seu comércio, bem como o seu elevado grau de concentração, estão bem patentes, embora em menor grau do que nas exportações, no ordenamento geográfico das nossas compras ao exterior. Na perspectiva da nossa relação com os principais blocos e organizações económicas mundiais, cerca de 3/4 das nossas importações têm origem na União Europeia, fluxo que cresceu 9,8% em 1995.

Por países, é necessário destacar a Espanha (ver mais em detalhe o capítulo 4) que se tornou o nosso principal fornecedor ultrapassando os mil milhões de contos em 1995 (28,1% do total intracomunitário), representando um acréscimo de 14,1% em relação ao ano anterior; seguindo-se-Ihe a Alemanha (19,5%) e a França (16,1%).

Contudo, ao contrário dos dois primeiros, que registaram um importante acréscimo, as entradas com origem em França cresceram somente 1,6%. Os dois únicos países comunitários de onde importámos menos, em 95, foram a Irlanda (- 6,6%) e o novo parceiro, a Áustria (-19,8%). No que diz respeito aos restantes países, as nossas importações da Zona Ásia (Japão + NICs + ASEAN) cresceram 10,72%, representando 5% do total das entradas deste ano. Os produtos oriundos do Mercosul têm um peso de cerca de 2%, enquanto que as importações da NAFTA, apesar de um pequeno aumento, mantiveram a sua importância relativa na estrutura global.

Os PALOP, embora com um incremento percentual importante (32,66%), continuam a não ter expressão como origem privilegiada de produtos para o nosso país. Observe-se ainda que, dos 8,5 milhões de contos importados desta zona em 1995, mais de metade (4,5 milhões) provêm de Moçambique, enquanto, estranhamente, Angola participa apenas com 1,9 milhões, apesar do aumento de 1 milhão de contos registado em 95, não muito distante da Guiné e de Cabo-Verde, com 1,1 e 1 milhões respectivamente.

Duas organizações económicas relevantes, embora em declínio do ponto de vista das nossas relações comerciais, são a OPEP e a EFTA. Por um lado, a dependência externa dos produtos petrolíferos conduz-nos a um volume de importações de perto dos 250 milhões de contos em 1995 (5% do valor total importado), representando todavia cada vez menos na estrutura das nossas importações. Por outro lado, a passagem da Suécia, Finlândia e Áustria para a União Europeia conduziu a uma diminuição do valor importado da EFTA em cerca de 3%, situando-se igualmente nos 3% o peso total das importações portuguesas provenientes desta organização na sua actual constituição.

Em termos de grandes categorias económicas, as importações de bens de consumo cresceram sustentadamente ao longo do período 85/95. No início do período representavam apenas 12% das nossas importações, enquanto em 1995 a sua importância subia a 22,3%, apesar do ligeiro declínio relativo verificado neste último ano devido ao crescimento moderado (3,3%) da importação de bens alimentares.

Esta evolução exprime a melhoria das condições de vida dos portugueses quer pela importação de bens de qualidade superior por parte de certas camadas com maior poder de compra quer pela importação de produtos de primeira necessidade a preços mais baixos. A rubrica de bens de equipamento representa por seu lado 32,1 % em 1995 (contra 32,5 em 1994, tendo as duas sub-rubricas evoluído em direcções completamente opostas. O material de transporte teve uma importante diminuição de 14,9% enquanto os outros bens de equipamento cresceram ao ritmo elevado de 14,8% em 95. Este comportamento, inverso do que se produziu em 1994, em que o material de transporte cresceu 14,2%, deve-se sobretudo à aquisição de aeronaves e embarcações. De qualquer modo, as importações de bens de equipamento seguem de perto o ciclo conjuntural do investimento, tendo-se traduzido por um importante crescimento no período de 1985/89 e por uma desaceleração posterior.

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Os combustíveis cresceram apenas 5,9%, reduzindo-se o seu peso de 8,5% em 94 para 8,3 em 1995, mantendo a tendência dos últimos anos de perda da sua importância relativa. Os bens intermediários cresceram a um ritmo elevado de 13,7%, aumentando o seu peso na estrutura das importações de 35,8% para 37,3 entre os dois anos considerados, prosseguindo a tendência de 1994 após um longo período (85/93) de sucessivas perdas de importância relativa. Destes, os bens primários cresceram apenas 5,7% e os produtos transformados 15,6%, reforçando a sua posição estrutural que representa, em 1995, 82,4% dos produtos intermédios importados.

O tipo de produtos que entraram em Portugal durante o ano de 1995 pode ser analisado com base no Quadro 1 (ver Infografia). As Máquinas, os Aparelhos e o Material Eléctrico detêm o maior peso nas nossas importações, representando cerca de 20,3% do total, e tendo crescido 15,55% em 1995. O Material de Transporte, onde o principal elemento são os automóveis, apesar de decrescer, representa 13,5% do total das entradas que se realizaram durante o ano.

Também no que respeita aos Produtos Minerais, que incluem os combustíveis, é grande a nossa dependência externa, com uma importação de 426 milhões de contos, o que representa 8,71% do volume total. Situação idêntica passa-se com os Produtos das Indústrias Químicas e Conexas — produtos químicos orgânicos, farmacêuticos, adubos, fertilizantes, tintas, sabões, produtos de perfumaria, etc. — representando 8,29% das nossas importações.

Os Materiais Têxteis e suas Obras, que englobam as matérias-primas propriamente ditas (onde se destaca o peso do algodão) e os produtos de confecção e vestuário, mantêm a sua importância relativa próxima dos 10%, apesar de um crescimento em relação a 94 ligeiramente inferior à média das importações.

 

Informação Complementar

A balança comercial

Em 1995 as vendas de bens ao exterior atingiram cerca de 3,4 mil milhões de contos, cifrando-se as compras em 4,9 mil milhões, o que equivale a um saldo negativo de 1.475 milhões. A taxa de cobertura das importações pelas exportações atingiu 69,8 %, o que representa uma significativa melhoria relativamente ao ano anterior que registam 66,4%, continuando a tendência iniciada em 93. A diminuição relativa do saldo comercial deve-se sobretudo à melhoria registada nas trocas dentro da UE, tendo a taxa de cobertura atingido os 75,7% (contra 72,3% em 94).

Este progresso parece confirmar um movimento esboçado em 93 no sentido da inversão da tendência instituída com a adesão. De 1985, o ano anterior à entrada na Comunidade, onde a taxa de cobertura relativa aos países comunitários atingiu os 99,6%, chegou-se em 92 a 61,5%, o pior ano desde a adesão. Pode ainda afirmar-se que a significativa melhoria constatada só parcialmente é seguida pelo nosso comércio com terceiros.

A estabilização do saldo com os países não-comunitários (agravou-se apenas em 0,3%), decorrente de um crescimento muito superior (14%) das exportações relativamente aos 7,2% das importações, permitiu uma sensível melhoria da taxa de cobertura com terceiros que passou de 50% para 53,3%, embora permaneça ainda a níveis pouco razoáveis. Assim, as maiores dificuldades do nosso comércio com o exterior se encontram menos nas relações com os países da União, apesar do processo de unificação monetária em curso, do que nas dificuldades em fazer face a uma concorrência internacional acrescida, designadamente por parte de países que produzem nas nossas fileiras tradicionais com estruturas de custos inferiores aos nossos.

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* Manuel Farto

Doutorado em Economia, Paris X. Docente no ISEG e na UAL.

* Luís Graça

Licenciado em Economia pelo ISEG. Controller de Gestão.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
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