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Janus 1997



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O Turismo

Anabela Sousa e Manuel Farto *

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O turismo constitui um dos principais sectores da actividade económica: a sua contribuição para o PIB, aproximando-se dos 8% e empregando cerca de 4,5% da população activa (cerca de 200 mil), constitui, de há muito, um factor compensador do tradicional saldo negativo da balança comercial. Para além destes factos, assinale-se ainda uma dupla característica de grande importância desta actividade: os seus acréscimos têm um efeito limitado sobre as importações (não induzindo mais de 17% por unidade de despesa efectuada no turismo) e as variações da procura destes serviços têm um efeito multiplicador significativo (1,4) sobre a actividade económica global.

O ano de 1995 foi bom para o turismo português, consolidando a retoma iniciada em 1994 os após fracos anos de 1992 e 1993. O número de turistas (exclui excursionismo) ultrapassou os 9,7 milhões, com um crescimento de 6,2% relativamente a 94 (dados da DGT). O esforço de promoção de imagem do país, para o qual alguns filmes e livros significativamente contribuíram e a efectiva melhoria da oferta turística portuguesa estão, certamente, entre as causas principais desta recuperação.

A origem do nosso turismo (ver artigo Movimentos Turísticos) concentra-se na União Europeia que tem reforçado a sua posição desde 1985, como consequência do aprofundamento do processo de integração na Europa e da estagnação da mais importante proveniência não-europeia: os Estados Unidos da América. A Espanha, o Reino Unido e a Alemanha ocupam as posições cimeiras, embora os mercados da Holanda, Bélgica e Itália sejam notáveis pelo seu crescimento; merecem referência fora da Europa os EUA e o Brasil.

Assim, embora com grande concentração na Europa, pode dizer-se que o turismo português assistiu a uma certa diversificação dos seus mercados intra-europeus, diminuindo dependências (redução do mercado inglês) e fortalecendo-se face às oscilações específicas de conjunturas nacionais. O Quadro 1 (ver Infografia) sintetiza os dados gerais sobre o turismo.

A permanência média em 1995 foi de 7,1 dias contra 6,9 em 1994, recuperando, assim, da baixa verificada nos últimos anos. O Reino Unido e a Alemanha, com permanências médias em 1994 de 11,4 e 12,4 dias, respectivamente, são os países que mais contribuem em termos de valor acrescentado, situando-se em último lugar os espanhóis com apenas 3 dias. Relativamente às dormidas em instalações hoteleiras, o ano de 94 foi de recuperação, ultrapassando os 18,7 milhões de noites (contra 16 milhões de 1993). Tudo indica que esta tendência se afirmará igualmente em 1995, dado que no período de Janeiro a Setembro se registou um acréscimo de 7,2% em relação a igual período do ano anterior. A União Europeia representa 66,2% do total das dormidas, marcando uma posição crescente com uma variação de 8,8% em 1995.

O gráfico Dormidas Na Hotelaria Por Países de Residência, apresenta a distribuição comparativa das dormidas em estabelecimentos hoteleiros, por países, nos meses de Janeiro a Setembro, permitindo verificar a importância do Reino Unido e da Alemanha, que representam respectivamente 21% e 19% do total, seguindo-se a enorme distância a Espanha e a França com apenas 5,3% cada. As dormidas de estrangeiros ultrapassam no seu conjunto 73%. Em termos de variações, verifica-se um elevado crescimento da Áustria, Irlanda e Alemanha, embora as duas primeiras partam de níveis modestos. O turismo interno constitui uma importante procura para a actividade hoteleira, representando 26,2% do número de dormidas em hotel em 1995 e assumindo um papel de importante amortecedor (29,3% em 1992 e 31,5% em 1993) quando a procura internacional enfraqueceu.

No domínio da oferta, verificou-se um acréscimo de aproximadamente de 30.000 camas entre 1990 e 1994, nos meios de alojamento recenseados, representando uma variação média anual de 1,6%, segundo a DGT. A ampliação da capacidade de alojamento acentuou o peso do grupo de estabelecimentos de estrato mais alto dando continuidade a uma tendência anterior. Os índices de ocupação hoteleira, que permitem avaliar a utilização da capacidade instalada face aos movimentos da procura, melhoraram igualmente em 1995 (Janeiro/Setembro), segundo os dados da DGT, atingindo a taxa de ocupação-quarto o valor de 57,9% contra 56,3 em igual período de 1994 e elevando-se a taxa de ocupação-cama para 47,8%, contra 45,3 no mesmo período do ano precedente. Note-se ainda que estes índices são geralmente mais elevados nos estabelecimentos de maior qualidade.

O preço médio por dormida na hotelaria global atingiu no mês de Julho de 1995 o valor de 4026$00, subindo 1,7% em relação ao período homólogo do ano anterior. O preço médio da dormida em hotel elevou-se a 5643$00, com uma subida relativamente ao mês homólogo de 94 de 2%, tendo-se registado um considerável subida, 8,8%, nos hotéis-apartamentos. Em termos de regiões de turismo, a Costa Verde viu os preços aumentarem mais rapidamente, enquanto nas montanhas se verificava uma redução.

As receitas da rubrica "Viagens e turismo" da Balança de Pagamentos, que inclui turismo e excursionismo, atingiram 660 milhões de contos a preços correntes em 1995, o que corresponde a um acréscimo modesto de 3,9% em relação ao ano anterior, inferior portanto ao crescimento do número de visitantes. Observando a decomposição das receitas por país de origem, verifica-se que o conjunto dos países da Comunidade contribui com cerca de 83% das receitas geradas, destacando-se entre eles o Reino Unido e a Alemanha, com 19% e 16% respectivamente, seguindo-se a França com 14% e só em 4° lugar aparece a Espanha com 13,5%.

O quadro Evolução da Balança de Serviços Portuguesa, permite constatar a importância do turismo para a criação de um excedente na balança de serviços e portanto contribuir para atenuar o défice da Balança Comercial. Com efeito, a Balança de Serviços foi em 1995 globalmente positiva, ultrapassando os 47 milhões de contos, embora tal signifique uma diminuição de mais de 20% relativamente ao ano anterior. Estruturalmente, os transportes e as viagens e turismo são os principais componentes desta "balança" com uma diferença fundamental: a primeira é fortemente negativa e a segunda largamente positiva o que exprime, simultaneamente, a significativa capacidade do nosso acolhimento turístico (660 milhões de contos) e a hipertrofia do sector de transportes internacionais. Isto, apesar do importante aumento dos serviços prestados em transportes em 1995, atingindo os 219 milhões, com um acréscimo de 28,3 %, o que permitiu uma redução do saldo, de 94 para 95, em 13 milhões de contos.

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Informação Complementar

O perfil do turista

Com base no inquérito do INE promovido em 1994 podemos esboçar o perfil do turista e excursionista que nos visita. Como características gerais do turista anote-se o seguinte: cerca de 67% são do sexo masculino, 62% são activos com profissão e 48% destes pertencem a profissões científicas, técnicas e artísticas. Como características adicionais note-se o facto de 87% virem até nós para "férias", utilizando geralmente o avião (72%), com excepção dos espanhóis e franceses que preferem o automóvel, instalando-se76% em hotéis ou apartamentos e 70% recorrendo ao serviço de uma agência.

O gasto médio total de turistas adultos (incluindo os 216 contos pagos à agência por 18 dias) é de 245.000$00 o que corresponde a um gasto diário de 13.600$00. O turista proveniente dos USA, com um gasto médio total de 311 contos (18,1 contos de gasto médio diário) é o mais gastador, o alemão com 300 contos e o inglês com 298 contos seguem-no de perto. Franceses e espanhóis fazem em Portugal um turismo mais modesto.

Na estrutura dos gastos o alojamento detém o 1º lugar com 35,1 %, seguindo-se os restaurantes (27,7%); alimentação, bebidas e tabaco tal como os "transportes internos" situam-se ao nível dos 9,1%. Para o recreio e cultura dirigem-se 6,6% das despesas totais, sendo holandeses e alemães os que mais gastam nesta rubrica. Entre os excursionistas, 78% são do sexo masculino, 84,7% são activos com profissão, (26,1% dos quais quadros superiores) e 32,7% "pessoal administrativo" e de "comércio". O adulto gasta em média 9.200$00, 36% dos quais em artigos domésticos e decoração, 15,9% em vestuário e calçado e 10,5% em alimentação, bebidas e tabaco.

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* Anabela Sousa

Licenciada em Economia pela UAL. Docente na UAL.

* Manuel Farto

Doutorado em Economia, Paris X. Docente no ISEG e na UAL.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Link em nova janela Indicadores gerais sobre a evolução do turismo

Link em nova janela Preço médio por dormida

Link em nova janela Ocupação da hotelaria

Link em nova janela Balança turistica

Link em nova janela Dormidas na hotelaria por países de residência - Janeiro a Setembro

Link em nova janela Evolução da balança de serviços portuguesa 1994 / 95

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