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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Próximo de zero é também o saldo do investimento directo, contrariando o comportamento típico de Portugal como país receptor líquido. Esta realidade atesta a continuação da redução do saldo dos investimentos directos realizados em Portugal por não residentes (ver Informação Complementar) e a tendência para o aumento do investimento, no exterior, dos agentes residentes. De facto, no terceiro ano após a liberalização dos movimentos de capital entre Portugal e a União Europeia, o investimento directo de Portugal no exterior atingiu o seu valor mais elevado desde 1987, tendo repetido a duplicação face ao ano anterior desde a queda acentuada em 1993. Continua, no entanto, a ter um peso reduzido no conjunto da actividade económica portuguesa. O padrão de distribuição por países de destino mantém-se (78% para os países da União Europeia, com destaque para a Espanha). E interessante notar não só a participação do sector financeiro no investimento directo de Portugal no exterior (responsável por 45% do saldo), mas também os reflexos que as importantes alterações na estrutura accionista das empresas daquele sector ocorridas nos últimos tempos tiveram sobre a balança de capitais não monetários. A análise da repartição sectorial dos investimentos directos do exterior em Portugal mostra um significativo desinvestimento líquido no sector financeiro, que terá ultrapassado os 54 milhões de contos. De forma análoga, o saldo negativo dos investimentos do exterior em acções nacionais deriva fundamentalmente da alienação de capital detido por não residentes em instituições bancárias residentes. E a parte mais significativa do reembolso líquido de crédito externo de longo prazo resulta de uma operação de reembolso antecipado, no final do ano, de responsabilidades assumidas no princípio do 2° trimestre por um banco português, na altura de uma importante operação de aquisição no sector bancário nacional. O investimento de carteira dos não residentes movimentou valores consideráveis tendo-se dirigido, em geral, para obrigações. O saldo das transacções de obrigações de dívida pública em moeda estrangeira merece destaque. De referir o investimento em títulos de curto prazo (pela primeira vez com significado), essencialmente papel comercial emitido pelo Estado português. Por sua vez, o investimento de carteira de Portugal no exterior caracterizou-se, em termos líquidos, por uma grande regularidade ao longo de todo o ano, tendo principalmente trocado títulos de curto prazo por obrigações de entidades não residentes denominadas em escudos. O desinvestimento em títulos de curto prazo foi sobretudo da responsabilidade dos fundos de investimento residentes. Os valores movimentados nos depósitos dos residentes não bancários no exterior continuaram a aumentar significativamente em articulação com as aplicações de carteira, tendo-se verificado, no entanto, uma redução do défice desta rubrica quando comparada com o ano anterior.
Informação Complementar Investimento directo de não residentes Apesar do esforço feito, Portugal mantém a sua dificuldade em captar investimento estrangeiro. Embora o valor do saldo dos investimentos do exterior em Portugal tenha um peso reduzido no conjunto da economia, os valores saídos e entrados no investimento directo do exterior em Portugal são significativos quando comparados com aquele valor, nomeadamente na categoria de "empréstimos e suprimentos" (quando a participação no capital das empresas costumava ser a rubrica mais importante). Tal permite concluir tratar-se de fluxos do tipo gestão de tesouraria entre empresas não residentes e as suas filiais em Portugal. Este resultado para a economia portuguesa ocorre no ano em que os investimentos directos estrangeiros atingiram um novo recorde. Dentro da OCDE, a Alemanha, os EUA e o Japão continuam a ser, de longe os principais investidores líquidos, grupo em que se inserem o Reino Unido, a Suíça, a Austrália, a Holanda e a Áustria. Então, mais que o abrandamento geral da actividade económica dos países de origem do investimento, nomeadamente na União Europeia, é talvez a diminuição da atractividade relativa de Portugal (na Europa, relativamente aos países de Leste) e a reorganização das multinacionais em função da integração europeia que melhor explicam o comportamento do investimento directo estrangeiro relativamente ao nosso país.* Amadeu Paiva Licenciado em Economia pelo ISEG. Docente no Departamento de Ciências da Empresa da UAL. Saldo dos movimentos globais de capital entre Portugal e o exterior - 1995 Investimentos de carteira - 1995 Créditos externos e outras operações - 1995 Investimento directo em % do PIB
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