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Janus 1997



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Dispositivos Militares e Interesses Estratégicos

Carlos Antunes *

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Visionando a distribuição das forças armadas de Portugal e de Espanha torna-se perceptível um direccionamento diferente do sistema de forças dos dois países, bem como diferenças relevantes na sua distribuição.

A dispersão territorial da Espanha obriga-a a equacionar estrategicamente regiões tão díspares como o Magrebe (devido aos enclaves de Ceuta e de Melilla, inseridos numa zona cuja instabilidade potencial é por demais conhecida), o Mediterrâneo (tendo em conta as Baleares) e a zona atlântica confinante ao arquipélago das Canárias, situação que transforma o país vizinho numa potência regional com interesses nacionais a defender no Atlântico, no Mediterrâneo e na zona de ligação destes dois mares, o estreito de Gibraltar (ver mapa Zonas de Interesse de Espanha).

Portugal, tendo em conta a exiguidade do seu território continental e a sua dispersão arquipelágica, tem-se visto confrontado com um dilema a nível das doutrinas militares quanto à opção entre um sistema das forças predominantemente terrestre ou, como se veio a verificar nos últimos tempos, um sistema de forças mais equilibrado no que concerne aos seus componentes aéreos, terrestres e marítimos.

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Este equilíbrio nas forças poderá denotar uma maior preocupação sobre a efectiva capacidade de controlo na área atlântica que, entre outros aspectos, nos confere algum poder efectivo no seio da OTAN. É precisamente este estatuto que — como se tem verificado nas últimas negociações para a definição dos novos comandos da Aliança — tem sido, mais directa ou indirectamente, posto em causa pela Espanha. Madrid, que faz ressaltar a insuficiência de forças portuguesas, apreciaria obter a passagem do comando ibero-atlântico para o seu território.

Ao nível dos meios, nota-se uma superioridade espanhola, um pouco mais acentuada na componente naval onde, a uma relativa capacidade de controlo do espaço marítimo português, a Espanha acrescenta uma real capacidade de projecção de força. Por seu lado, a capacidade aérea tem vindo a melhorar consideravelmente em Portugal, tendo conseguido atingir um nível de vigilância credível. Pela parte espanhola, esta capacidade, há muito atingida, tem sido paulatinamente melhorada tanto quantitativa como qualitativamente.

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* Carlos Antunes

Licenciado em Relações Internacionais pela UAL. Docente na UAL.

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Dados adicionais
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