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Janus 2004



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Multinacionais e territórios: sector da electrónica

Luís Moita, Rita Araújo, Teresa Castro e Helena Moreira *

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Na perspectiva da "geoeconomia", parece desenhar-se uma distinção entre duas formas de ligação dos processos sociais ao território: por um lado, uma visão clássica do espaço delimitado por fronteiras políticas e, por outro, uma nova espacialidade, quase ignorando as distâncias, resultante de uma organização industrial e tecnológica do espaço. O primeiro é fechado e circunscrito, o segundo aberto e movediço. O estudo das relações externas de uma sociedade não pode ignorar as manifestações desta dualidade.

Após termos visto uma primeira aproximação ao estudo da relação das multinacionais com os territórios no caso português, pesquisando sucintamente três firmas do sector automóvel (ver ponto anterior), vejamos agora alguns elementos acerca de três empresas do sector das telecomunicações, da electricidade e da electrónica: a Alcatel, a Siemens e a Blaupunkt. Uma comparação entre a estrutura de ligações destas empresas mostra que existem, aparentemente, dois modelos diferentes de internacionalização: no caso da Alcatel, a filial portuguesa do Grupo francês está vinculada a uma grande diversidade de centros de decisão espalhados por diferentes países europeus e a sua gestão aparece repartida por vários pólos; já a Siemens e a Blaupunkt, ambas alemãs, evidenciam uma dependência forte e directa, quase exclusiva, da sede na Alemanha.

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Esta concentração dos centros de decisão não significa que as grandes firmas alemãs trabalhem isoladamente. Basta ver o exemplo da Siemens, empresa de ponta no seu sector, que estabeleceu uma das mais densas malhas de interdependências com um sem-número de outras grandes empresas mundiais, em domínios estratégicos como as telecomunicações, os semicondutores, os novos materiais, os computadores, o software e a robótica. O facto de, na nova fábrica de Évora, a Siemens aparecer associada à japonesa Matsushita, é apenas uma amostra desta política de alianças. Aliás, a implantação da Siemens em Évora suscita ainda duas questões interessantes. Em primeiro lugar, é o único caso, entre os seis estudados, em que uma firma multinacional instala em Portugal um centro de investigação e desenvolvimento (I&D), facto que merece ser sublinhado. Em segundo lugar, é também a única fábrica deste pequeno conjunto que ostensivamente rompe com a tendência para a localização no litoral português ou na sua proximidade.

Como é sabido, as grandes unidades fabris do tempo da primeira revolução industrial optavam predominantemente por se situarem na vizinhança das fontes de matérias-primas. A ligação da mina à fábrica era característica da indústria pesada. Só mais tarde a proximidade das matérias-primas perdeu valor e surgiu o fenómeno da "litoralização" industrial. Em Portugal, o eixo litoral Braga-Setúbal materializa esta tendência. As proximidades das principais vias de comunicação, ou das concentrações de mão-de-obra disponível, ou dos grandes mercados, ou as facilidades fiscais, bem como os incentivos, tanto locais ou regionais como nacionais, passam a condicionar as localizações industriais. No caso da Siemens/Matsushita, a opção por Évora parece ter sido determinada pela existência prévia de uma fábrica da mesma firma e pelos incentivos concedidos a indústrias que se implantam em locais menos desenvolvidos.

Alguns dos responsáveis destas multinacionais com filiais em território português não escondem que a opção por Portugal corre o risco de ser transitória, não obstante a estabilidade política, a boa relação com os poderes públicos e a fraca conflitualidade laboral. Mas há uma evidente atenção e mesmo apetência por novos espaços que aparecem como prometedores, designadamente o Leste europeu e a Ásia, em especial a China. Na teia complexa deste "hiper-espaço" multinacional, os antigos territórios nacionais aparecem como nós pouco estáveis de uma rede flutuante.

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* Luís Moita

Vice-Reitor da UAL.

* Rita Araújo

Licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Técnica da Direcção de Investimento Internacional do ICEP.

* Teresa Castro

Licenciada em Sociologia pela UAL. Docente na UAL.

* Helena Moreira

Licenciada em Relações Internacionais pela UAL. Docente na UAL.

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Dados adicionais
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