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- JANUS 2004 -

Janus 2004



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Internacionalização: o caso da Iberomoldes

Henrique Morais *

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A Iberomoldes S.A. é a empresa que dá o nome ao grupo Iberomoldes, o qual foi constituído em 1975, tendo as suas instalações principais na Marinha Grande, localidade situada a aproximadamente 13 km da sede do concelho, Leiria. O grupo Iberomoldes funciona actualmente como holding de um vasto conjunto de empresas (16 no total) que se dedicam à projecção e produção de moldes de precisão para a indústria de plásticos e fundição injectada de ligas metálicas leves. Trata-se de uma área da actividade industrial muito específica e, por isso mesmo, pouco conhecida do grande público, mas que é de extrema importância para sectores tão distintos como o automóvel, os electrodomésticos, os brinquedos, a electrónica ou as embalagens.

Actualmente, o grupo Iberomoldes integra cerca de 600 colaboradores nas empresas que operam na zona Centro do país e ainda em unidades fabris existentes na Tunísia e no México, para além de gabinetes técnicos em países como a Suécia, o Reino Unido e a Alemanha. Na generalidade dos casos, estes trabalhadores são altamente qualificados (estima-se que representem cerca de 60% dos efectivos), o que parece ter sido aliás uma das apostas principais do grupo liderado por Henrique Neto. Deste modo, a empresa estabeleceu contactos privilegiados com outras unidades produtivas a nível internacional, desenvolvendo em simultâneo um esquema de colaboração empresa/universidade que lhe tem permitido manter-se líder na tecnologia do sector.

Por outro lado, o grupo dispõe de um centro de formação profissional e investigação tecnológica — o Instituto de Tecnologia de Moldes — que foi formalmente criado em 1986 e que tem permitido a formação de quadros especializados na fabricação de moldes. A preocupação com a inovação tecnológica parece ser aliás uma constante neste grupo, o que é bem demonstrado pelo facto de a Iberomoldes ter sido a primeira empresa europeia a aplicar a tecnologia CAD/CAM, em 1983, que permite o desenho e a fabricação das peças num sistema assistido por computador. Esta estratégia de progressiva inovação é em boa parte responsável pela projecção internacional da empresa. Assim, cerca de 75% da produção tem como destino o mercado externo, o que em 1996 representou aproximadamente 2,419 milhões de contos.

 

Alguns indicadores económicos – mercado interno vs. mercado externo

O grupo Iberomoldes evidenciou ao longo da década de 90 um dinamismo acentuado, o que é particularmente ilustrado pelo crescimento médio anual das vendas de 7,16% no período 1991/96. Assim, em 1996 as vendas do grupo assumiram o valor de 3,209 milhões de contos, enquanto em 1991 atingiram 2,271 milhões de contos. Para além disso, verifica-se que a Iberomoldes foi progressivamente privilegiando os mercados externos, que representam em 1996 cerca de 75% do total das vendas da empresa, a que correspondeu um valor de exportação de 2,419 milhões de contos, quando em 1991 as citadas exportações correspondiam a 51% das vendas totais do grupo. Refira-se ainda que o peso das exportações da Iberomoldes relativamente às exportações nacionais dos sector é de aproximadamente 10%. No que diz respeito aos principais países de destino das exportações, saliente-se, em 1996, a Holanda, que absorveu cerca de 28% do total de vendas da Iberomoldes nos mercados externos.

Os Estados Unidos, que até 1995 se assumiram como o principal mercado importador, registaram uma quota de apenas 13%. Convirá referir que os americanos têm vindo a perder peso relativo para outros mercados, dado que em 1991 cerca de 27% das exportações do grupo, tinham como destino o mercado americano (em 1989 a quota chegou a atingir 37%). É ainda de assinalar que a União Europeia representou, em 1996, cerca de 75% das exportações do grupo destacando-se, para além da Holanda, a Suécia (18%), o Reino Unido (16%) e a Bélgica (11%).

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Estratégia de internacionalização

Conforme foi anteriormente referido, a Iberomoldes tem vindo a orientar a sua actividade para o mercado externo. Em paralelo, o grupo adoptou no início da década de 80 uma estratégia de deslocalização da produção que assumiu duas vertentes: em primeiro lugar, o estabelecimento de gabinetes técnicos (pequenas empresas) no exterior que possibilitariam a associação a outras empresas estrangeiras da área dos moldes — como exemplos deste fenómeno, temos a Suécia, o Reino Unido e a Alemanha. Neste caso, o objectivo essencial da empresa não é propriamente o desenvolvimento de unidades produtivas, mas sim de estruturas organizadas que prestem assistência técnica aos clientes da empresa — nomeadamente através do desenvolvimento de projectos de engenharia na área dos moldes — e que permitam implementar estratégias de marketing e vendas na sua área de influência.

Em segundo lugar, a Iberomoldes alargou a produção no exterior, criando unidades autónomas na Tunísia, no México e no Brasil. Embora no Brasil a fábrica não esteja de momento a operar, não sendo, contudo, previsível que a empresa abandone este mercado, nos dois restantes o grupo Iberomoldes continua particularmente empenhado. A unidade fabril da Tunísia foi criada em 1982, destinando-se essencialmente a cobrir os mercados norte-africano e árabe, não só em termos da fabricação de moldes, como ainda no apoio logístico aos clientes do grupo. Esta fábrica emprega actualmente 22 efectivos, sendo responsável pela produção anual de cerca de 40 moldes.

No caso do México, a empresa apenas começou a laborar no corrente ano de 1997, com 11 efectivos. A unidade fabril está situada numa região fronteiriça aos Estados Unidos (Chihuahua), tendo sido uma opção estratégica altamente favorecida pela situação geográfica (proximidade de um dos mercados mais importantes da Iberomoldes que é manifestamente o americano) e por vantagens de implantação industrial, nomeadamente a mão-de-obra mais barata e o apoio logístico que é possível obter nessa área. O grupo espera a médio prazo alargar os seus colaboradores a cerca de 30/40 pessoas, o que deverá proporcionar uma produção anual na ordem dos 60 moldes de média dimensão.

 

Informação Complementar

Navegando na instabilidade

A Iberomoldes é um exemplo notável de adaptação de um grupo de empresas ao meio envolvente, que neste caso foi caracterizado ao longo das últimas décadas por forte instabilidade social, associada a frequentes convulsões de cariz económico. O grupo foi constituído a partir de algumas empresas com longa tradição no sector (a Abrantes S.A., que constitui o grupo, surgiu em 1945, tendo sido a pioneira em termos nacionais na produção de moldes) e que, em conjunto, conseguiram formar uma holding de alguma dimensão e que é hoje, seguramente, uma das empresas de sucesso em Portugal. A estratégia adoptada pela Iberomoldes passou ao longo dos anos por um forte empenhamento no desenvolvimento tecnológico e dos seus recursos humanos. Assim, desde 1980 que existe, ainda que informalmente, um centro de formação do grupo, passando, em 1986, a ser constituído formalmente o ITM – Instituto de Tecnologia de Moldes, ACE – Agrupamento Complementar de Empresas. A sua função é a de promover a formação e reciclagem dos quadros e técnicos da Iberomoldes, adaptando-os às novas tecnologias envolvidas na produção de moldes. Para além da formação profissional, este instituto alargou ainda as suas actividades à normalização e divulgação de novas tecnologias e processos, tanto no seio do próprio grupo Iberomoldes, como ainda no exterior, em empresas ligadas aos moldes.

No início do corrente ano, o grupo Iberomoldes fez a sua adesão ao CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos. Este centro conta com 146 associados e tem desenvolvido inúmeras acções no âmbito da formação profissional e desenvolvimento de novas tecnologias no sector. A capacidade de inovação que a Iberomoldes tem demonstrado ao longo dos anos permite-lhe hoje ser um dos maiores grupos de engenharia e de produção de moldes para matérias plásticas do mundo, tendo já fabricado cerca de 15.000 moldes.

* Com a colaboração de Paulo Soares

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* Henrique Morais

Licenciado em Economia pelo ISEG. Docente na UAL.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

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Link em nova janela Evolução das vendas da Iberomoldes

Link em nova janela Distribuição das exportações da Iberomoldes por país de destino

Link em nova janela Vendas do grupo Iberomoldes por mercados de destino

Link em nova janela Vendas do grupo Iberomoldes por país de destino

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