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A Commonwealth A Commonwealth é uma associação de 53 países independentes que funciona através de uma rede informal de ligações governamentais e não-governamentais. Os Estados-membros beneficiam do suporte de uma larga rede de organizações privadas, voluntárias e profissionais no domínio universitário, parlamentar, legal, da saúde, dos media e desportivo. A Commonwealth não tem uma estrutura constitutiva formal. Baseia-se em procedimentos comummente aceites, convenções e declarações de vontade ocasionais ou compromissos de acção. A consulta intergovernamental é a principal fonte de orientação, permitindo aos Estados-membros exercerem conjuntamente influência sobre os acontecimentos mundiais e organizarem programas levados a cabo bilateralmente ou pelo "Commonwealth Secretarial", a agência executiva principal desta comunidade, sediado em Londres e cujo Secretário-Geral é actualmente o nigeriano Emeka Anyaoku. O culminar das actividades da associação é a Conferência bienal dos Chefes de Governo da Commonwealth onde se discute a política mundial, os assuntos económicos e sociais e o modo como estes interagem sobre os respectivos membros. Daqui são lançadas as políticas orientadoras a serem cumpridas nos dois anos que se seguem. A maior parte das actividades é executada pelo "Commonwealth Secretariat". Depois de se tornar independente, a índia escolheu em 1949 a forma republicana de governo, pretendendo, no entanto, manter a ligação com a Commonwealth. Isto marcou o início da moderna Commonwealth. A partir daí, o número de Estados-membros cresceu rapidamente, proporcionalmente às independências conquistadas por vários países africanos e asiáticos. A rainha Isabel II é monarca de 16 Estados entre os 53 membros e Chefe da Commonwealth para a generalidade dos países. O apego a este papel simbólico do monarca tem sido essencial para sublinhar o sentido de uma "família de Nações", outrora ligadas pelo império britânico e que se baseia actualmente na herança comum da língua, cultura, justiça e educação. Após a aceitação no seio da comunidade, pela primeira vez, de um país que nunca estivera sob domínio da Grã-Bretanha — Moçambique —, a Commonwealth tem sido pressionada para que as regras de admissão de novos membros sejam mais restritivas, lendo como particular relevância o aspecto selectivo da língua que teria de ser obrigatoriamente a inglesa, e a obrigatoriedade de um passado de ligação constitucional com um dos Estados-membros da Commonwealth.
A Comunidade francófona Na senda de Léopold Sedar Senghor, os presidentes Habib Bourguiba da Tunísia e Ould Daddah da Mauritânia foram os idealizadores de uma comunidade onde se reuniriam povos que utilizassem o francês como língua e que beneficiassem de uma herança cultural comum. O mundo associativo francófono surge placidamente sob a forma de organizações associativas tais como a CONFEMEN que nasce em 1960 e junta ministros da Educação de vários países francófonos, a AUPELF constituída em Montreal um ano depois com vista a agrupar as universidades parcial ou inteiramente francófonas, assim como a Assembleia Internacional dos Parlamentares de Língua Francesa (AIPLF) criada em 1967 com o intuito de reunir os parlamentares utilizadores da língua francesa. Estes diversos agrupamentos favoreceram o aparecimento de uma consciência colectiva dos falantes da língua de Molière em todo o mundo. No turbilhão de sentimentos comuns surge em Niamey em 1970 a ACCT (Agência de Cooperação Cultural e Técnica), que é aos nossos dias a única organização intergovernamental da francofonia. A ACCT tem como vocação, entre outras, explorar e pôr à luz do dia as vias de complementaridade e sinergia, de modo a "fazer cooperar as cooperações". Esta agência tem sede em Paris, delegações regionais em Lomé, Libreville e Hanoi, delegações intermediárias junto das instituições da ONU em Nova Iorque e Genève e está representada junto das instituições europeias e do secretariado do grupo ACP (África, Caraíbas e Pacífico) em Bruxelas. Em 1986, fruto de uma longa maturação, a comunidade francófona alarga as suas estruturas institucionais, realizando em Paris a 1ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo dos países que têm em comum o uso do francês. Esta conferência engloba hoje em dia 49 países entre os quais alguns Estados onde o francês é apenas a principal língua estrangeira, como a Bulgária, o Myanmar e a Roménia. A mais recente Conferência em Hanoi designou o primeiro Secretário-Geral da francofonia. Este herdará as atribuições dos actuais Presidente do Conselho Permanente da francofonia e Secretário-Geral da ACCT. Terá como funções ser a "cara e voz" da francofonia e representá-la na cena internacional.
A CPLP e o contexto global Não cabe aqui a descrição da CPLP, pois está devidamente feita na edição de JANUS 97. É notório o aparecimento tendencial de grandes blocos com interesses mútuos partilhados. Este surgimento foi incentivado pela queda do mundo bipolar simbolizada no Muro de Berlim. É certo que muito antes de tal acontecimento histórico já existiam alguns desses blocos. Exemplos claros são a Commonwealth e a Comunidade francófona, que sendo de cariz eminentemente cultural ficaram adormecidos pela força estrutural que lhes foi imposta. Observemos a "quase" coincidência entre o desanuviamento da glasnost e a primeira cimeira da francofonia. Observe-se ainda que só muito recentemente a Comissão dos assuntos externos da Câmara dos Comuns no Reino Unido acordou para o facto de a Grã-Bretanha não estar a aproveitar devidamente o potencial económico da Commonwealth. É neste contexto, em que a formação de blocos culturais e económicos é a última forte tendência geopolítica do pós-guerra fria, que surge a CPLP. Terceiro bloco do género, cronológica e demograficamente, a CPLP foi a primeira comunidade nascida do pós-1989 com toda a responsabilidade e expectativa que tal acarreta. O número de Estados-membros da CPLP está confinado à obrigatoriedade da língua portuguesa e de serem Estados independentes. Para os casos da Galiza e da Guiné Equatorial, que já manifestaram o seu interesse, resta-lhes esperar que, à semelhança do que acontece com o Vale d'Aosta (Itália) e a Louisiana (EUA) no seio da Comunidade francófona, se possa vir a criar o estatuto de convidado especial ou mesmo de observador na CPLP. Quanto a Timor Leste, viu consagrado o seu estatuto especial de "observador participante" na Conferência de Ministros dos Estrangeiros da CPLP, em São Salvador da Baía, em 18 de Julho de 1997, decisão a confirmar na Conferência dos Chefes de Estado marcada para Cabo Verde em 1998.
Informação Complementar Bilhete de Identidade das três comunidades Nome/Designação: Commonwealth Nome/Designação: Communauté Francophone Nome/Designação: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) Distribuição da população pelas três comunidades Milhões de habitantes por comunidade
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