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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! As transformações ocorridas na União Europeia, decorrentes da integração dos países da Europa Central e Oriental no sistema internacional de trocas e da necessidade de apoio ao desenvolvimento dos países da orla do Mediterrâneo, alteram profundamente as condições de competitividade e financiamento da economia portuguesa, reforçando a necessidade de uma melhor articulação com a estrutura produtiva europeia. Para uma pequena economia fortemente apoiada no sector exportador, como é a portuguesa, e face às novas condições de concorrência internacional e ao novo desenho da divisão internacional do trabalho, é essencial a aposta em novos factores de competitividade que permitam uma maior presença em mercados geográfico/sectoriais mais dinâmicos, assim como a evolução para novos segmentos nos mercados tradicionais e uma maior interpenetração entre os sectores secundário e terciário. Durante a última década, os movimentos de adaptação e reestruturação que se têm verificado não se traduziram ainda em alterações significativas nos principais aspectos caracterizadores da estrutura produtiva da indústria portuguesa. A economia portuguesa continua a caracterizar-se por um padrão de especialização frágil e desequilibrado, muito polarizado regional e sectorialmente e apoiado, em larga medida, em vantagens competitivas associadas a custos de mão-de-obra ainda relativamente baixos ou à existência de recursos naturais. Durante a década em análise, o comportamento das exportações portuguesas foi globalmente positivo, traduzindo-se em ganhos de quota nos principais mercados. Os mercados tradicionais ganharam ainda mais importância, tendo-se reforçado a já forte integração europeia do comércio externo português, sendo significativo o reforço dos laços ibéricos e o recuo do Reino Unido. Em termos sectoriais, contudo, manteve-se um perfil das exportações caracterizado pela liderança das fileiras têxtil e florestal, nitidamente distinto do da União Europeia. Todavia, é significativo o recuo das fileiras agroalimentar e electrónica e o progresso das exportações de material de transporte e eléctrico. Não obstante o comportamento positivo das exportações, o perfil de especialização da indústria portuguesa (avaliado segundo um indicador de vantagens comparativas que tem em conta as interdependências entre as variáveis internas e os fluxos de trocas externas) reproduz um padrão frágil onde apenas as fileiras têxtil e florestal apresentam globalmente vantagens comparativas. A um nível mais fino de análise continua a ser evidente o desequilíbrio de uma estrutura industrial hiperespecializada: fora das fileiras têxtil e florestal há muito poucos pólos de competitividade. A concentração dos pontos fortes a jusante nas fileiras e a disseminação dos pontos fracos por todo o tecido produtivo, é mais um aspecto revelador da fragilidade da nossa especialização. É clara a necessidade de novas opções que, na medida em que redesenhem o perfil de especialização da indústria nacional, permitam uma melhor adequação às mutações da economia mundial e aos novos pressupostos da divisão internacional do trabalho. O desenvolvimento tecnológico dos processos de fabrico, a crescente terciarização da indústria, a plena integração dos PECO no sistema internacional de trocas, a emergência e o reforço de novos pólos de desenvolvimento assim como a nova lógica global de organização da indústria, são alguns dos aspectos das novas condições da concorrência internacional. O deslocamento da produção em massa para países de mais baixos salários impede a reprodução do actual perfil de especialização internacional da economia portuguesa e obriga à criação de novos factores de competitividade. A criação de novas vantagens passa, nomeadamente, pela redefinição e articulação do tecido produtivo, pelo desenvolvimento científico e tecnológico e pela formação de recursos humanos, promovendo o desenvolvimento de novas indústrias e gerando novos factores de competitividade a partir de indústrias tradicionais. É determinante a aposta em novos métodos de produção, gestão, organização e distribuição, na flexibilidade, inovação e qualidade e na orientação para segmentos de mercado com maior potencial de crescimento.
Informação Complementar Os países da Europa Central e Oriental: novos desafios para a economia portuguesa O processo de transição e progressiva integração dos PECO no mercado mundial e as perspectivas de alargamento da U.E., integram-se num movimento mais amplo de transformação das condições da concorrência internacional. Num novo quadro de referência para as decisões dos agentes económicos, afigura-se esgotada a continuação da aposta numa estrutura produtiva baseada nos tradicionais factores da competitividade da indústria portuguesa. O estabelecimento de fortes relações económicas dos PECO com a Europa Ocidental restabelece laços normais, justificados pela proximidade geográfica e histórica. Para tal contribuem a celebração de acordos de associação, o tratamento aduaneiro preferencial dado ao outward processing, assim como a intensificação dos fluxos de IDE. De um modo geral, o comércio dos PECO com a U.E. reproduz ainda as relações entre países em desenvolvimento e desenvolvido: exportam principalmente produtos com elevado conteúdo de mão-de-obra, energia ou matérias-primas e importam produtos com maior conteúdo tecnológico e capital-intensivos, assim como bens de consumo. Apesar de alguns produtos tradicionais das suas exportações, frequentemente associados à dotação em recursos naturais, se manterem importantes, nota-se a emergência de novos produtos, com destaque para os têxteis, vestuário e calçado, mobiliário e automóveis. O crescimento de sectores com forte conteúdo de mão-de-obra indicia uma especialização próxima de PVD da Ásia ou do Norte de África. Contudo, alguns países (Polónia, Hungria, ex-Checoslováquia) tendem a diversificar as suas exportações, aproximando-se mais dos países desenvolvidos. Apesar da ainda reduzida expressão dos PECO, a estabilização das suas economias, a consolidação das reformas institucionais, a reconversão do sector industrial e a existência de mão-de-obra qualificada, abrem novas perspectivas de desenvolvimento. A economia portuguesa, a manter-se o actual perfil de especialização, encontrará sérias dificuldades competitivas, as quais inicialmente se manifestarão particularmente em indústrias com forte conteúdo de mão-de-obra, mas com tendência a estenderem-se a indústrias intensivas em capital-humano. Exportações portuguesas - estrutura geográfica Exportações portuguesas - estrutura por fileiras Exportações portuguesas - quotas de mercado no mundo e na UE Perfil da especialização portuguesa Perfil da especialização da UE Principais vantagens comparativas da indústria portuguesa
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