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Janus 2004



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As relações económicas de Portugal com a América Latina

Henrique Morais e Anabela Sousa *

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As relações económicas de Portugal com esta zona do mundo assumem um peso pouco significativo e, para além disso, encontram-se extremamente concentradas em países como o Brasil, que é indiscutivelmente o nosso principal parceiro comercial, o México, a Argentina e a Colômbia, neste último caso sobretudo por via das nossas importações deste país.

 

Balança Comercial

Em 1996, as exportações nacionais para a América Latina e Caraíbas totalizaram 58,58 milhões de contos (53,91 milhões de contos no ano anterior), o que correspondeu a cerca de 7.95% das exportações portuguesas para os países que não pertencem à União Europeia (7,94% em 1995) e apenas 1,59% do total das exportações nacionais (1,54% no ano de 1995). Por outro lado, verifica-se que as exportações para o Brasil totalizaram aproximadamente 38,39 milhões de contos, sendo seguido a longa distância pelo Chile com 6,04 milhões de contos.

No que se refere às importações, estas assumiram em 1996 o valor de 144,72 milhões de contos (153,38 milhões de contos em 1995), representando aproximadamente 11,25% das importações nacionais de países extra União Europeia (11,97% em 1995) e 2,75% das importações totais de Portugal (3,05% em 1995). O Brasil é manifestamente o nosso principal fornecedor, atingindo as importações deste país cerca de 72,76 milhões de contos, enquanto da Argentina e da Colômbia importámos mercadorias no valor de 14,0 milhões de contos e 13,02 milhões de contos, respectivamente, em 1996.

Em conclusão, o saldo das operações comerciais com a América Latina e Caraíbas tem sido sistematicamente desfavorável a Portugal, atingindo o défice comercial em 1996 o valor de 86,14 milhões de contos (99,47 milhões de contos em 1995). No entanto, nos últimos anos tem-se assistido a uma diminuição significativa deste défice, atingindo a taxa de cobertura das importações pelas exportações em 1996 cerca de 40,48%, quando no ano anterior era de 35,15% e em 1992 atingia apenas 10,46%.

Para o défice existente contribui em primeiro lugar o Brasil com cerca de 28 milhões de contos, representando 58,2 % da Taxa de Cobertura, exprimindo já a forte redução de 1995 para 96.0 grande aumento das exportações (33%) e a pequena redução (- 5.6 %) das importações explicam aquela evolução. O défice com a Colômbia (-11 milhões de contos) é relativamente grande e crescente enquanto que com a Argentina e o México não ultrapassa os 8 milhões de contos. O Chile é o único país desta área com o qual registamos um saldo positivo da Balança Comercial da ordem dos 2 milhões de contos.

 

Análise dos produtos

A América Central, composta por México, Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá, tem com Portugal relações económicas insignificantes que todavia se traduzem por um saldo desfavorável da Balança Comercial portuguesa. Os produtos que tornam este saldo negativo são principalmente bananas (95%) e café (60%), além de óleos brutos de petróleo, conservas de peixe e couros. Nas exportações podemos encontrar uma variedade pouco significativa em quantidade de produtos como: caixas de fundição e moldes para metais, óxido e peróxido de zinco, polímeros de etileno, transformadores eléctricos, óleos brutos de petróleo, chapas de ferro ou aço, aquecedores eléctricos, chapas e lâminas de plástico e veículos automóveis de transporte de mercadorias.

A América do Sul, da qual fazem parte o Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Galápagos, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, tem com Portugal um saldo comercial positivo. Os produtos mais importantes que daí importamos são: as bananas, os açúcares e as hulhas e briquetes, enquanto que os mais exportados são os minérios de cobre, veículos automóveis para transporte de mercadorias e passageiros e cervejas de malte. No grupo denominado Caraíbas, inserem-se as Bahamas, Cuba, Haiti, Jamaica, República Dominicana, Barbados, Dominica, Sta Lúcia, S. Cristóvão e Nevis e Trinidad e Tobago, com a maioria dos quais a nossa balança comercial tem um saldo positivo, devido sobretudo aos medicamentos, tomate e vinhos. De qualquer modo os montantes envolvidos no comércio com estes países são insignificantes.

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Turismo

O mercado latino-americano não apresenta um peso significativo no conjunto do turismo em Portugal. Na verdade, em 1996 registaram-se cerca de 19,83 milhões de dormidas de não residentes em estabelecimentos hoteleiros nacionais, das quais apenas 1,64% corresponderam a cidadãos oriundos da América Latina. Para além disso, o Brasil é claramente o país da América Latina que assume a maior importância no turismo, tendo-se registado 260 mil dormidas de cidadãos brasileiros em Portugal em 1996, ou seja, cerca de 81% do total para esta zona do globo. A Venezuela é tradicionalmente o segundo país, sem dúvida como consequência da grande comunidade portuguesa aí existente.

 

Investimento directo

Ao longo da década de 90 tem-se assistido globalmente a uma tendência para a diminuição dos fluxos de investimento estrangeiro (IDE) em Portugal, enquanto o investimento português no exterior (IPE) regista algum acréscimo, associado ao processo de internacionalização das empresas portuguesas. A América Latina e Caraíbas não foge a esta regra e, em 1996, o investimento português nesta zona assumiu mesmo um valor líquido relativamente elevado (56,44 milhões de contos, ou seja, cerca de 47% do IDE nacional total), verificando-se a nível do investimento directo recebido pela economia portuguesa um desinvestimento líquido de 21,14 milhões de contos. Esta inversão do perfil tradicional do país enquanto receptor líquido de investimento directo proveniente da América Latina e Caraíbas era já indiciada em 1995, tendo o IDE líquido assumido o valor de 9,22 milhões de contos e o IPE atingido 6,55 milhões de contos. Para além disso, merece particular destaque o peso específico do Brasil como mercado de destino do investimento português. Em 1996, o investimento directo no Brasil foi de 47,46 milhões de contos (84% do total), o que revela um crescimento notável e eleva este país a primeiro mercado de destino do IDE — a Irlanda, segundo país do ranking mundial, correspondeu a "apenas" 13,62 milhões de contos.

No que diz respeito ao investimento directo estrangeiro em Portugal, constata-se um progressivo decréscimo dos fluxos de investimento provenientes do Brasil, de tal forma que nos dois últimos anos registou-se mesmo um desinvestimento líquido deste país. Esta evolução contrasta com as expectativas de alguns anos atrás, que aparentemente sobreavaliaram o possível papel de Portugal para os investimentos do Brasil na Europa. É ainda de assinalar, embora por razões eventualmente diversas, o desinvestimento acentuado das Bermudas em 1996, o qual atingiu 22,91 milhões de contos.

 

Informação Complementar

As trocas com o Brasil

O Brasil é o maior e provavelmente o país mais rico da América Latina e Caraíbas. Dispondo de um vastíssimo território onde florescem recursos naturais abundantes, como o ouro, os metais preciosos e o petróleo, esta grande nação tem ainda um peso esmagador no universo latino-americano, atingindo cerca de 35,4% do produto interno bruto regional. O factor linguístico é certamente decisivo para que este país se assuma como o nosso principal parceiro comercial na América Latina e Caraíbas, representando 65,53% das nossas exportações para esta zona e 50,28% daquilo que de lá importamos.

Os principais produtos exportados para o Brasil são o azeite e os minérios de cobre, enquanto as nossas principais importações correspondem aos couros e à soja. E ainda possível verificar que uma parcela significativa do comércio com o Brasil, cerca de 25%, assenta nos produtos agrícolas, tanto no que diz respeito às exportações, como às importações, em grande parte associados à secular influência cultural portuguesa nos hábitos alimentares brasileiros. De qualquer forma, e atendendo sobretudo à longa história comum dos dois povos e aos laços que os unem, não deixará de ser motivo para reflexão o facto de os fluxos comerciais com o Brasil representarem em 1996 pouco mais de 1% do nosso comércio externo. Assim, as exportações nacionais para o Brasil assumem 1,04% das exportações totais (é apenas o nosso 14° cliente), enquanto as exportações do Brasil atingem 1,38% das importações portuguesas, o que o torna o 12° fornecedor nacional. Aliás, bem se poderá dizer que a tendência é recíproca, uma vez que, com base nos dados disponíveis para 1995, Portugal apenas fornece ao Brasil cerca de 0,35% das suas compras no exterior, enquanto as exportações brasileiras para o nosso país não ultrapassam 0,89% das vendas deste país.

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* Henrique Morais

Licenciado em Economia pelo ISEG. Docente na UAL.

* Anabela Sousa

Licenciada em Economia pela UAL. Docente na UAL.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

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Link em nova janela Exportações portuguesas em 1996 - repartição geográfica

Link em nova janela Importações portuguesas em 1996 - repartição geográfica

Link em nova janela Investimento directo - Portugal vs América Latina

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