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Mas tratamos, antes de mais, da participação portuguesa nas organizações que, no âmbito internacional, visam objectivos de segurança. Aí o terreno militar quase se funde com o político institucional, abarcando a política de alianças, a acção diplomática e o enquadramento organizacional de ambas. Analisamos também zonas geográficas dignas de serem destacadas no mencionado relacionamento. Para além da tradicional área do Atlântico Norte – onde se localiza a trave mestra da política portuguesa de segurança – e da área europeia, com a sua natural extensão para o Mediterrâneo, temos de considerar a área africana da lusofonia – terreno por excelência da cooperação técnico militar com a sua extensão natural para o Atlântico Sul. Tocamos igualmente em certos aspectos que materializam alianças e colaborações, como sejam as bases militares e os exercícios conjuntos. Em boa verdade, poderia ser tratado nesta terceira secção o tema das intervenções militares portuguesas no quadro de missões de paz, sejam das Nações unidas, sejam da NATO. Todavia, a importância dessa matéria para a compreensão das actuais funções das Forças Armadas portuguesas levou nos a antecipar a sua abordagem para o capítulo anterior. Sem essa ressalva, a leitura destas páginas ficaria distorcida. Em todo o contexto descrito, é notório que Portugal adquiriu, nestes últimos tempos, uma elevada visibilidade: a presença de Freitas do Amaral na Presidência da Assembleia Geral da ONU, no próprio ano do 50° aniversário da organização; a eleição do país como membro do Conselho de Segurança; as negociações na NATO sobre a partilha dos comandos; a escolha do português José Cutileiro para Secretário Geral da UEO; a realização da Cimeira da OSCE em Lisboa; a participação de tropas portuguesas nas operações da Bósnia-Herzegovina; a presença de militares em missões localizadas em Angola, Moçambique e Sara Ocidental. Alguns comentadores têm avaliado esta sucessão de factos à luz da vantagem detida pêlos pequenos países para se afirmarem, justamente, tirando partido da sua reduzida dimensão. Seja como for, pode pensar se que o incremento da referida visibilidade resulta da estreita ligação entre iniciativa diplomática e um mínimo de operacionalidade militar. Será que a noção dessa realidade contrabalança aquela outra difusa percepção de que Portugal é um país algo desarmado? No conjunto das coordenadas assim traçadas, desenham se algumas interessantes questões acerca da colocação estratégica do país. Do ponto de vista político, em termos mais gerais, parece verificar-se que Portugal está em progressiva consonância com a "locomotiva" da construção europeia, a saber, o eixo Paris-Bona. Nesse sentido, é lógico que Portugal reforce a sua inserção nas instituições europeias de defesa, desde a forte presença na UEO até à participação no Eurocorpo. Tal orientação, porém, parece não contradizer a tradicional primazia atribuída por Portugal à aliança com o eixo anglo-americano. Quando o Presidente Clinton ameaçou de novo o Iraque, a diplomacia portuguesa, distanciando-se dos parceiros europeus, logo disponibilizou a utilização da base das Lajes. Por seu lado, a vertente africana ganha crescente importância como campo de intervenção das Forças Armadas portuguesas, tanto na mediação de conflitos, como na evacuação de cidadãos em risco, como na cooperação nos domínios de formação de quadros e de organização da logística militar. O futuro dirá se esta tendência é consistente e qual o peso da componente militar na influência portuguesa em África.
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