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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! De acordo com a Organização Mundial do Turismo (2), Portugal é o 17° destino turístico do Mundo (3), tendo valorizado a sua posição desde 1980 (21° lugar), com uma taxa média de crescimento anual de 8,04% a partir de 1980. A valorização de Portugal como destino turístico é evidenciada quando analisada de forma comparativa com a taxa média de crescimento mundial (4,56%), bem como com outros países europeus. Os turistas que mais valorizam Portugal como destino turístico são europeus (92,4%), sendo, maioritariamente, provenientes da Europa Central (Alemanha, Países Baixos), seguindo-se os do Norte da Europa (Reino Unido) e do Sul da Europa (Espanha e Itália). O desenvolvimento da actividade turística promove alterações estruturais nos países de acolhimento dos fluxos internacionais de visitantes, incluindo turistas (11,600 milhares em 1999), excursionistas e passageiros de cruzeiro. As mudanças mais evidentes, e para as quais existe fundamentação estatística vária, são de natureza económica, nomeadamente, no que respeita ao número de entradas por país receptor e emissor com a sua identificação, ao valor das receitas bem como de despesas com o sector, às características da oferta no que concerne à discriminação do tipo de alojamento com a respectiva contabilização. Por outro lado, é possível analisar as tendências turísticas bem como o impacte na actividade económica mediante a definição das características da mão-de-obra, quer pelo género, quer pelo desempenho funcional. Assim, os impactes económicos da actividade turística são, quantitativamente, susceptíveis de avaliação, no que respeita aos benefícios mas também aos aspectos prejudiciais. O sector turístico é, pelas suas características, dinâmico e promotor de diversificação da mão-de-obra, particularmente, feminina o que origina uma tendência para a modificação da estrutura familiar tradicional; paralelamente, as famílias adquirem maior capacidade económica para o consumo mas também dissociam o tempo de trabalho do de lazer, valorizando este último. Os impactos da actividade e prática turística na cultura e no ambiente nem sempre permitem avaliações quantitativas e de leitura simples porque também não foram, ao longo do tempo, os mesmos. Da prática elitista passou-se à democratização do acesso ao produto turístico que, vulgarizado, originou um processo de massificação ou turistificação (4), em que a procura assentava na equação entre o máximo aproveitamento dos tempos de lazer e o mínimo custo, associados a padrões de qualidade à imagem ocidental. Esta é, por excelência, a época de incremento acelerado dos fluxos turísticos mas, igualmente, promotora de efeitos nocivos para os países de acolhimento, no que respeita tanto ao meio ambiente como ao património cultural e arquitectónico. De forma consequente, surgem as novas formas de turismo, denominadas de alternativas, tendencialmente personalizadas. O turismo de zonas balneares foi, gradualmente, diversificado fazendo surgir novas tipologias complementares entre si: turismo balnear e de zonas costeiras, turismo religioso, turismo cultural, turismo de negócios, congressos e convenções, turismo temático (parques naturais e parques de diversões), turismo de aventura, turismo de natureza, ecológico ou ecoturismo, entre outras. Associada à nova procura turística encontra-se a oferta que, naturalmente, se diversifica — cada destino turístico tem as suas especificidades e é em função destas que se torna, para segmentos do mercado, mais ou menos atractivo.
O impacto da prática turística nas comunidades de acolhimento Na análise do impacto do turismo no país de acolhimento, é importante analisar os efeitos no meio ambiente no sentido de garantir a qualidade ambiental da envolvente natural que, em muitas situações, é o fundamento da deslocação turística — no turismo balnear e de zonas costeiras, no turismo ecológico e de natureza, no turismo de montanha, no turismo de aventura. Da mesma forma, a prática turística requer, pelo menos, a existência de visitantes e de visitados. Independentemente da motivação da viagem, o turista estabelece contactos, de variada natureza e em circunstâncias distintas, com as populações locais de origem. Nesta relação existem permutas de experiências, expectativas, conhecimentos, modos de vida, resultando uma aprendizagem mútua e uma tentativa de rentabilização da troca e enriquecimento pessoal (5). No que respeita aos modos de vida, a actividade turística pode ser benéfica para as comunidades locais através de uma dinamização dos diversos sectores de actividade económica. Assim, mediante a criação de novos postos de trabalho destinados a absorver mão-de-obra local, do incentivo à criação de novas empresas de propriedade e gestão local que, por sua vez, permitem uma elevação do nível de vida de quem as explora; a melhoria das infraestruturas básicas e de ligação, a introdução de novas tecnologias com formação laboral associada e o consequente desenvolvimento dos recursos humanos. Por outro lado, tende a dinamizar sectores produtivos tradicionais como sendo a agricultura e o artesanato, estimulando a criação artística, recreativa e cultural. Os efeitos da actividade turística nas comunidades locais nem sempre são benéficos e promotores de melhorias nas condições de vida e de trabalho. Assim, pode verificar-se uma ausência de planificação do sector, com crescimento não controlado, um aumento da degradação ambiental e arqueológica mas também do património cultural, nomeadamente, através da comercialização excessiva e do apelo consumista com adulteração das artes e ofícios tradicionais. Associado a estes factores pode referir-se a perda de identidade cultural das populações autóctones que procuram seguir os padrões de vida e de consumo dos visitantes, apesar de não disporem de capacidades reais para o fazer. Da análise dos efeitos benéficos e prejudiciais do turismo pode concluir-se que é, além de um sector em rápido crescimento, promotor de melhorias qualitativas e quantitativas no quotidiano das comunidades locais. Contudo, requer planeamento e controlo de forma a minimizar os efeitos nocivos.
Informação complementar O Turismo alternativo e a responsabilização O turismo alternativo é vulgarmente qualificado de responsável no sentido ambiental, humano e cultural; é geograficamente disperso, valorizando qualquer tipo de destino, fundamentando-se na baixa densidade em vez dos fluxos de massas. Não dependendo da sazonalidade, encontra-se associado a sectores complementares que garantam o máximo de autonomia local relativamente aos mecanismos internacionais de abastecimento. O desenvolvimento da actividade é controlado e os empreendimentos são tendencialmente de pequena dimensão de tipo familiar, explorados e geridos localmente; está fundamentado no meio ambiente e promove actividades relacionadas com a envolvente, natural ou cultural. Por ser responsável, o contacto com povos, culturas e ambientes naturais diferentes assenta em princípios de respeito e reconhecimento das especificidades sem pressupor avaliações qualitativas discriminatórias e hierarquizáveis, valorizando as diferenças entre os povos, os sexos e as idades (Cf. Código Ético Mundial para o Turismo, WTO), ou seja, um turismo não etnocêntrico. O turista responsável é o que prepara a viagem no sentido de se informar sobre as características do país a visitar, do clima, das condições sanitárias e de saúde pública, da fauna e flora, da organização social, da religião e práticas sociais, de forma a não degradar o ambiente, a respeitar os autóctones e minimizar os riscos à sua própria pessoa.__________ 1 Cf. WTO (1999) Changes in Leisure Time: The Impact on Tourism, Madrid. World Tourism Organization. p. 5. e WTO (1999) Turismo Panorama 2020, Nuevas Previsiones, Madrid, World Tourism Organization. pp. 3 e seguintes. 2 Cf. WTO (1999) Yearbook of Tourism Statistics, Madrid, World Tourism Organization, Vol. I, 51ª Ed. pp. 13 e seguintes. 3 No cômputo mundial, dos destinos europeus, a França ocupa o 1° lugar (tendo mantido a sua posição desde 1980) com uma taxa média de crescimento anual de 4,81%, Espanha o 3º (manteve a posição desde 1980) registando uma taxa média de crescimento de 3,87%, Itália o 4° (manteve a posição desde 1980) com uma taxa média anual de crescimento de 3.87% e a Grécia o 18º (tendo descido da 16ª posição em 1980) com uma taxa média de crescimento de 4,46%. (Idem). 4 Cf. Graça Joaquim (1994) e Carlos Fortuna (1996). 5 WTO (1999) Guía para Administraciones Locales: Desarrollo Turístico Sostenible, Madrid, World Tourism Organization, pp. 30 e seguintes. * Brígida Brito Licenciada em Sociologia pela UAL Mestre em Estudos Africanos pelo ISCTE. Doutorandaem Estudos Africanos pelo ISCTE. Docente e Investigadora na UAL. Dados adicionais Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas (clique nos links disponíveis) Portugal, receptor de turismo internacional Chegadas de visitantes internacionais a Portugal por região Relação entre a prática turística. A comunidade local e o ambiente natural Benefícios económicos da relação entre o turista e o viajante
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