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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Numa Europa milenarmente percorrida por grupos humanos, a noção de "emigração", decorrente da emergência dos Estados, designa uma prática imemorial, inerente ao ser humano: a busca de melhores condições de existência. Variam segundo as épocas e os contextos as razões da partida: aos anos supramencionados correspondem aproximadamente épocas de grande instabilidade política, a Primeira Guerra Mundial (e o Corpo Expedicionário Português que se ilustrou na Batalha de La Lys), a implantação do Estado Novo português e posteriormente, a Segunda Guerra Mundial. Da mesma forma que parte dos 50.000 Portugueses recenseados em França em 1962 eram desertores e refractários que recusaram participar na Guerra Colonial. A partir desta data, o fluxo emigratório português em direcção de França aumenta vertiginosamente, sextuplicando em meia década (296.000), para, entre 1968 e 1975, duplicar: 758.000 pessoas. A este aumento de volume corresponde uma transformação radical dos motivos da partida: uma emigração marcadamente económica, autêntica vaga de fundo que toca todas as regiões do nosso país. No princípio da década de 70, a intensidade do caudal dos primomigrantes (dos quais mais de metade partia clandestinamente) diminui e é suplantada pela chegada dos familiares, pelo canal do "reagrupamento familiar" que o Governo Francês manteve, após o encerramento das fronteiras a novos emigrantes (1973). O efectivo formado pelos Portugueses radicados em França permanece estável entre 1975 e 1982, sendo o número das partidas e dos óbitos compensado pelas chegadas e pelas nascenças já decorridas em território francês. Entre 1982 e 1990, observa-se uma diminuição de efectivos, cuja tendência o Censo de 1999 deveria vir confirmar, estando prevista a disponibilização dos respectivos dados para o segundo semestre do ano em curso (1). A não-renovação do contingente dos primomigrantes acentua o efeito demográfico normal do envelhecimento de uma população que em 1975 era composta por um terço (33%) de menores de 15 anos e que, década e meia decorrida, apenas conta um sexto (16%) do seu efectivo no mesmo grupo etário. Da mesma forma, o contingente dos 45/54 anos duplicou (7,8% a 16,2%), tendo o grupo dos 55/64 triplicado (2,1% a 7,7%). Os restantes grupos etários, de idades compreendidas entre os 15 e os 44 anos, mantêm a sua importância relativa e reúnem metade dos Portugueses radicados neste país (55,5% em 75 e 57,3%). Esta quebra tendencial era já evocada numa projecção realizada em 1986 pelo INSEE-Institut National des Statistiques et des Etudes Economiques como mostram os números apresentados graficamente. Além das diversas variáveis demográficas incluídas nos seus cálculos, aquele Instituto baseava-se em duas hipóteses: a ausência de fluxos significativos após a adesão de Portugal às Comunidades Europeias (e decorrentes liberdades de circulação e instalação em território francês) e a aquisição da nacionalidade francesa, por parte da crescente fracção dos nascidos em França. Com efeito, a implementação do princípio da livre circulação permitiu essencialmente a regularização de anteriores situações de estadia clandestina: 23.768 Portugueses obtiveram títulos de estadia em 1992, para, a partir do ano seguinte, passarem à actual média, de 12.000/14.000, próxima do número anual dos regressos a Portugal. A Lei da Nacionalidade francesa, por aplicação do princípio do "jus solis", determina que qualquer residente estrangeiro, nascido em território francês, ao atingir a maioridade legal, pode adquirir a nacionalidade francesa por simples declaração. Desta forma, a crescente fracção de portugueses nascidos em França, passando a serem franceses aos 18 anos, deixam de figurar nas tipologias estatísticas como "Portugueses", situação prevista pelo INSEE, como referido. Convém, por conseguinte, insistir perante o facto de ser a referida quebra de efectivos devida a problemas metodológicos de contabilidade das populações e não a uma redução numérica da Comunidade. Com efeito, se ao conceito de "Portugueses" se substituir a noção de Comunidade, entendida como a população composta pêlos Mononacionais portugueses e pelo efectivo dos Binacionais, que o INSEE contabiliza na rubrica "Franceses por aquisição, anteriormente Portugueses", obter-se-á um efectivo formado por 798.837 pessoas, das quais, em cada 5, 1 é Binacional (19,2%) (2). Obviamente, esta proporção tende a aumentar: 22% dos Mono-nacionais recenseados em 1990 tinham já nascido em França, sendo a percentagem de 34,5% para os Binacionais na mesma situação. A taxa de feminização da população portuguesa radicada em França tem vindo a aumentar: em 1954, as mulheres constituíam cerca de um quarto (27%) do efectivo, tendo em 1968 passado a representar um terço (35,4%). Como anteriormente evocado, o importante reagrupamento familiar da década de 70 começou a equilibrar a situação (em 1975, 46,2% de mulheres), tendência que se confirma desde essa altura e que, a médio prazo, dada a diferença de esperança de vida entre os dois sexos, se traduzirá por uma ligeira preponderância numérica da presença feminina. Evolução demográfica da população total portuguesa radicada em França Portugueses radicados em França Mono e bi-nacionais portugueses repartidos por grandes grupos etários e por país de nascimento Projecção da população portuguesa radicada em França Taxas de actividade e repartição por sexo segundo o país de origem
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