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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS Publicado em 1992 e realizado conjuntamente pelo INSEE e pelo INED — Institut National des Etudes Démographiques, o Inquérito "Mobilidade geográfica e inserção social" apresenta dados inéditos, que viabilizam uma melhor análise da situação. A duração média dos percursos profissionais dos portugueses é sensivelmente mais curta que a dos outros activos, por incidência do grupo dos primo-migrantes que, já adultos à chegada, atingem a reforma sem terem constituído carreiras completas, do ponto de vista cronológico, situação agudizada ainda pelas características demográficas da comunidade, anteriormente evocadas: peso relativo dos 15/55 anos e escassez dos idosos. Da análise da repartição das diversas situações vividas durante a carreira profissional, sobressai que os portugueses no seu conjunto, como de cada sexo, são os activos que maiores períodos de emprego tiveram e os que menos confrontados foram com a reconversão profissional e o desemprego, sendo simultaneamente os que menos conheceram situações de inactividade. Como é sabido, grande parte da mão-de-obra portuguesa emigrada para França era desprovida de qualificação profissional, tinha seguido percursos escolares extremamente curtos e não era francófona, ao contrário da maioria das outras populações estrangeiras chegadas na mesma altura, em proveniência de antigas colónias francesas (Argélia, Marrocos, Tunísia,...). Paralelamente, convém lembrar que em França a mobilidade social é largamente determinada pela qualificação profissional e pelo percurso escolar: este país acolheu importantes contingentes de mão-de-obra estrangeira, para preencher os postos de trabalho que não eram preenchidos pêlos nacionais e que correspondiam, portanto, às actividades mais penosas e menos bem remuneradas. Nesta perspectiva, a mobilidade profissional dos portugueses em França inscreve-se num ciclo longo, que passa pelo ingresso no mercado do emprego das novas gerações, mais qualificadas, mais escolarizadas e obviamente francófonas. A situação observada em 1990 tem o maior interesse, por corresponder aos últimos elementos disponíveis, unicamente relativos à população activa formada pelos portugueses emigrados para França nas décadas 60/70 e seus descendentes, nascidos já neste país: com efeito, a liberdade de circulação decorrente da adesão de Portugal à UE só passou a ser efectiva, para o conjunto dos trabalhadores, a partir de 1992, fim do período transitório. Nesta perspectiva, é de realçar que em década e meia, o número de agricultores-proprietários duplicou, o dos artesãos triplicou, o dos comerciantes quadruplicou, o dos empresários com mais de 10 assalariados quintuplicou e que as profissões liberais passaram a ser 7 vezes mais numerosas (1). As profissões intermédias, que correspondem à antiga categoria dos quadros médios, conheceram uma expansão largamente determinada pelo ingresso na vida profissional de novas gerações. A categoria dos empregados, principalmente composta por mulheres trabalhando directamente para particulares, diversificou-se, com uma redução do efectivo das empregadas domésticas e o aumento das outras actividades: comércio, escritórios, etc. Em 1975, em cada grupo de 4 activos portugueses, 3 eram operários, tendo esta proporção passado a ser de metade, em 1995: a importância desta categoria justifica uma análise mais detalhada. É patente a progressão da taxa de qualificação, decorrente do ingresso de jovens nesta CSP e, embora em menor grau, de uma promoção interna dos próprios operários. O efectivo dos operários agrícolas, não renovado, deixa de ser significativo. A análise da repartição dos activos portugueses por sectores de actividade vem confirmar a evolução já referida. Todos os sectores apresentam uma quebra de efectivo, particularmente sensível na indústria, que perde metade da sua importância em duas décadas. A construção civil, embora continuando a empregar um grande número de portugueses, deixou de concentrar um terço daquela mão-de-obra, para passar a reunir um quarto. A agricultura apenas perde um ponto, dado que, se o número de operários agrícolas diminui, o efectivo dos agricultores-proprietários aumenta. O sector do terciário passa a ocupar um lugar preponderante: em 1975, esta actividade reunia um quarto dos activos portugueses e em 1995 passa a empregar metade.
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