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O pulsar demográfico da União Europeia na viragem do milénio (I)

Paulo Machado *

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A história demográfica dos povos europeus ocidentais nos últimos 100 anos ficou fortemente marcada por três factos inéditos, cuja influência penetrará inexoravelmente no século que já estamos a viver.

Estes povos europeus consolidaram uma mudança demográfica que as últimas décadas de Oitocentos deixavam adivinhar, transformando a fecundidade numa variável “chave”, depois do controlo exercido sobre a mortalidade – hoje reduzida a taxas particularmente baixas, sobretudo nas primeiras idades.

Por outro lado, recuperaram rapidamente dos efeitos terríveis dos devastadores conflitos bélicos, tendo protagonizado dois baby boom num intervalo inferior a 40 anos, facto só possível graças a um crescimento económico forte e, sobretudo no 2º pós-guerra, acompanhado de um desenvolvimento do Estado social, ímpar na história.

Finalmente, protagonizaram no início do século XX vagas de emigração massiva, mas terminaram o 2º milénio com uma das maiores taxas de imigração em todo o Mundo, mudando substancialmente a morfologia social e étnica da Europa.

A União Europeia (UE) emerge no dealbar do século XXI como um complexo histórico-geográfico no qual a transição demográfica maturou e cujas populações envelheceram, apresentando-se como destino transitório ou definitivo de milhões de “estrangeiros”, oriundos do Leste (aqui tão perto), da bacia do Mediterrâneo, ou mais longinquamente do hemisfério Sul e do Sudeste Asiático.

A Europa dos 15 é cada vez mais um melting pot populacional, irreconhecível para as gerações que directamente nos antecederam.

 

Unicidade no crescimento lento.

Diversidade acentuada na ocupação do território.

No início do ano 2000, a União Europeia contaria com pouco mais de 376 milhões de habitantes, ocupando um território de 3,23 milhões de Km2, o que equivale a uma densidade relativa média de 116 hab/Km2. Tomando por referência o ano que precede o alargamento aos países do Sul (1985), o crescimento anual médio desta última década e meia situou-se nos 0,3%, a que corresponde um tempo de duplicação (número de anos que demoraria para que o efectivo populacional duplicasse) de 212 anos!

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Quatro “gigantes” demográficos se destacam: a Alemanha reunificada, com 82,1 milhões de habitantes; o Reino Unido com 59,6 milhões; a França, com pouco menos (59,2 milhões); e a Itália, com 57,7 milhões. Estes quatro países representam mais de 2/3 (68,7%) da população da UE. A Espanha, cuja população residente se situava no início de 2000 no patamar dos 39,5 milhões, afasta-se, por sua vez, da Holanda (também isolada, com 15,9 milhões), e de um pelotão de países entre os 8,1 e os 10,5 milhões de habitantes (Bélgica, Grécia, Portugal, Suécia e Áustria). O último grupo de pequenos países é constituído por aqueles que têm menos de 5 milhões de habitantes.

Como se pode observar no gráfico abaixo, Portugal integra o pelotão intermédio, representando 2,7% do total de residentes na Europa dos Quinze.

Volume e densidade populacionais não se encontram, de todo, a par. A Holanda permanece o país mais densamente povoado (145 hab/Km2), mas países que pertencem ao grupo dos que têm menor efectivo demográfico (Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo) possuem densidades populacionais elevadas (respectivamente 330, 124 e 145 hab/Km2). Alemanha, Itália e Reino Unido são países com grandes territórios e igualmente com densidades elevadas (todos muito acima dos 190 hab/Km2). Portugal integra, conjuntamente com Espanha, Grécia, França, Áustria, Irlanda, Suécia e Finlândia, um alargado grupo de países que apresentam densidades relativas inferiores à média da UE. Tais diferenças espelham, sobretudo, a diversidade morfológica existente, muito embora a generalidade dos Quinze convirja para o predomínio da concentração urbana, de que as grandes “megalópolis” (Londres, Paris, Madrid, Atenas) são alguns dos exemplos eloquentes. Portugal é, deste ponto de vista, uma excepção, já que a maioria dos seus residentes habita em aglomerados com menos de 10.000 habitantes.

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* Paulo Machado

Sociólogo. Docente do Curso de Sociologia da UAL.

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Dados adicionais
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Link em nova janela Evolução da população da UE entre 1985 e 2000

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