Pesquisar

  Janus OnLine - Página inicial
  Pesquisa Avançada | Regras de Pesquisa 
 
 
Onde estou: Janus 2002 > Índice de artigos > Portugal e o mundo > Tópicos comparativos da sociedade portuguesa > [Das NTI às televisões: sinais de mudança na Comunicação]  
- JANUS 2002 -

Janus 2002



Descarregar textoDescarregar (download) texto Imprimir versão amigável Imprimir versão amigável

ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS seta CLIQUE AQUI! seta

Das NTI às televisões: sinais de mudança na Comunicação

João Maria Mendes *

separador

Em Portugal, o número de computadores domésticos ligados à Internet subiu, entre 2000 e 2001, de 8 para 18%. Em média, na UE, mais de 30% dos lares estão hoje ligados à Internet. De Março 2000 a Março 2001, essas ligações subiram, na UE de 18,3 para 28,4%. Nos EUA, esse valor ultrapassa os 40%. Num ano, os índices globais de penetração da Internet duplicaram em Portugal e em mais quatro Estados membros — Áustria, Irlanda, Grécia e Alemanha. Em Portugal, os subscritores de serviços de acesso à Internet rondavam, no terceiro trimestre de 2001, os 1.500.000 (ver quadros relativos à utilização de computadores e da Internet pela população portuguesa). Em média, na UE, os utilizadores da Net passam 5,4 horas por semana on line. As ligações de banda larga são as mais limitadas: 1,1 por cento ADSL, 7,8 por cabo e 3,5 com ligação WAP — segundo valores de Outubro 2000.

A resolução do Conselho de Ministros 114/2000, de 18 de Agosto, criou a Comissão Interministerial para a Sociedade da Informação, coordenada pelo ministro da Ciência e da Tecnologia e destinada a animar eixos prioritários da acção governativa nesta área, em estreita articulação com as metas da UE contidas no “Plano de Acção eEurope 2002: Uma Sociedade da Informação para Todos” e criando task forces (“Núcleos”) em todos os Ministérios. Os eixos prioritários incluem as iniciativas nacionais para o comércio electrónico, para os cidadãos com necessidades especiais, para a disponibilização na Internet de informação da Administração Pública e sua modernização, etc... O Quadro Comunitário de Apoio III é um instrumento financeiro crucial para o desenvolvimento das acções a desenvolver no âmbito da resolução.

Outra resolução do Conselho de Ministros, a 110/2000 de 22 de Agosto, lançou a “Iniciativa Internet” e o documento orientador do respectivo plano de acção, cujas metas são particularmente ambiciosas:

Pretende-se atingir em 2003 taxas médias de penetração da Internet na população portuguesa de 50%, e pelo menos a mesma taxa de computadores ligados à Internet, no mesmo ano, nas residências familiares, através de medidas como a generalização dos acessos em banda larga e tarifas únicas, a gratuitidade ou o custo simbólico dos acessos a baixa velocidade, a criação de postos públicos Internet em todas as freguesias, a generalização da Internet a todas as escolas do primeiro ciclo até ao fim de 2001, acesso a computadores individuais para todos os estudantes do Secundário e do Superior em 2003 e para todos os professores em 2004, a decuplicação anual dos conteúdos portugueses online durante os próximos três anos, a centuplicação do volume do comércio electrónico das empresas portuguesas no mesmo período, a disponibilização de todos os formulários oficiais on line em 2002, a colocação on line da totalidade dos serviços públicos até 2005, a criação de diplomas de competência básica nas tecnologias da informação (dois milhões em 2006).

Topo Seta de topo

Em apoio da aquisição de computadores pelas famílias, está previsto o reforço dos incentivos fiscais, a garantia de aquisição a preços reduzidos para professores e alunos, o estímulo ao uso efectivo da net via helpdesk, assistência técnica, actualização automática de software e serviços on line incluídos na aquisição, o estímulo à oferta de pacotes integrados (formação, computador, tráfego, assistência). Em apoio da utilização da Internet está prevista a redução dos custos de tráfego e a gratituidade de um acesso mínimo dito “de cidadania”, a aceleração da socialização da banda larga (ADSL, cablemodem, UMTS, outros) em flat rate, o desenvolvimento do “guichet digital doméstico” como forma de interacção com os serviços públicos, o incentivo à escrita de páginas www por jovens e com CV para efeitos de emprego, etc.

Mais espaços públicos como os cibercafés, a disponibilização da net nas estações dos CTT, nos estabelecimentos hoteleiros e em montras digitais (no âmbito do programa “Cidades Digitais”) estão também agendadas. Outros programas da Iniciativa Internet visam as empresas (e-mail, página web, inscrição em e-listas interactivas, regulamentação da factura electrónica e da assinatura digital) e as já citadas medidas de conversão da Administração Pública às NTI.

As políticas relativas a conteúdos visam acelerar a produção de conteúdos de origem portuguesa, multilingues e em língua portuguesa, a digitalização sistemática de conteúdos de bibliotecas, museus e arquivos e de instituições públicas de ensino, investigação e formação, bem como de dados estatísticos nacionais, a expansão da cartografia e da informação geográfica digital. 

 

As NTI nos conteúdos do ensino

Moroso, embora de importância estratégica para Portugal, é o ritmo a que se processa a penetração das novas tecnologias da informação e da comunicação nos conteúdos do ensino e da formação: a política do Estado nesta matéria mantém-se regida pela vontade de equipar as instituições de todos os níveis do ensino público com computadores e softwares que permitam a entrada do ensino na era das NTI — e esse esforço traduziu-se num aumento exponencial da utilização da Internet pelos discentes, sobretudo nos ensinos secundário e superior. Mas este esforço é pouco acompanhado pela formação de docentes e pela formação de formadores cujo alvo seja esse mesmo universo. Neste domínio, Portugal vive uma época de renovação cuja velocidade é baixa, porque ela depende, sobretudo, da mudança geracional no universo docente.

Este cenário é, igualmente, fortemente tocado pela ainda muito incipiente produção portuguesa de conteúdos off-line e on line para o ensino. Os produtores de conteúdos multimédia e interactivos continuam sobretudo a emergir, em Portugal, da área das editoras livreiras que investem no mundo dos manuais escolares, e que, ao longo da década de 90, inflectiram cautelosamente (editando, designadamente, cd-roms) parte da sua actividade em direcção aos jogos pedagógicos infantis (grupo etário dos 6-12 anos). Não tem existido actividade significativa visando outros nichos de mercado.

 

Articulação TV / Internet

Para além do que respeita estritamente às NTI, a situação portuguesa no audiovisual e multimédia também apresenta sinais de mudança: factos de forte simbolismo mudaram a morfologia da Comunicação portuguesa, entre 2000 e 2001, tocando directamente a televisão e sua articulação com a net.

Um fenómeno por cujos resultados será ainda necessário aguardar é a recomposição de poderes no seio das principais estações de televisão: a crise de crescimento da SIC, que em poucos anos se tornou a mais importante estação televisiva portuguesa, e a nova concorrência que lhe foi movida, em 2000-2001, pela TVI, acabaram por induzir uma reorganização da SIC e da RTP, que pode criar um ambiente propício à redefinição da ideia de “serviço público televisivo”.

Outros factores acentuam o clima de mudança no universo das televisões:

• Os três operadores televisivos procuram liderar a introdução, em Portugal, da televisão interactiva, imposta pela própria evolução das tecnologias da televisão, e perseguem também a nova articulação entre a televisão clássica e os serviços por esta disponibilizados on line, à semelhança do que se passa com a imprensa e com numerosas estações europeias e norte-americanas, e não apenas entre as de vocação eminentemente global (como a CNN e a BBC).

• A RTP e a SIC reforçam a tendência para a internacionalização, tendo como alvos os públicos lusófonos: a RTP tomou iniciativas dirigidas aos PALOP, a SIC diversifica conteúdos em novos canais por cabo e explora oportunidades de time-sharing em canais europeus e norte-americanos que cobrem áreas tradicionais de implantação lusófona.

• A TV Cabo estabilizou a sua experiência, ainda recente.

• Realizou-se o concurso público para a exploração da televisão digital terrestre, ganho por um consórcio de que fazem parte, precisamente, a SIC e a RTP, o que impõe um novo entendimento estratégico entre ambas.

• Neste quadro mais geral, um gesto político significativo foi a passagem da Secretaria de Estado da Comunicação Social para a tutela do Ministério da Cultura — proposta pelo ministro Manuel Maria Carrilho, mas que não se concretizou, nem então, nem no Ministério de José Estêvão Sasportes: só foi oferecida ao novo ministro Artur Santos Silva. O Governo terá reconhecido que é cada vez mais inadequado desenvolver políticas na área da cultura que não se articulem directamente com a área da comunicação. Mas não é uma decisão pacífica: operadores de ambos os sectores, reconhecendo o bem-fundado da argumentação pró-activa que a sustenta, temem que mais concentração da tomada de decisões reduza a emulação entre responsáveis políticos e serviços que deles dependem, gerando mais lentidão e burocracia, quando o objectivo visado é o contrário: mais racionalidade na integração das políticas e sua agilização.

separador

* João Maria Mendes

Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica). Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. Professor na ESCT. Subdirector do Curso de Ciências da Comunicação da UAL. Subdirector do Observatório de Relações Exteriores

separador

Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Link em nova janela Utilização das NTI ( Novas Tecnologias da Informação ) ou TIC (Ttecnologias da Informação e da Comunicação) pela população portuguesa

Link em nova janela Utilizadores de internet por grupo etário

Link em nova janela Utilização das TIC (NTI) pela população portuguesa

Link em nova janela Taxa de crescimento da utilização de computador

Link em nova janela Subscritores dos serviços de acesso à internet

Topo Seta de topo

 

- Arquivo -
Clique na edição que quer consultar
(anos 1997 a 2003)
_____________

2003

2002

2001

1999-2000

1998

1998 Supl. Forças Armadas

1997
 
  Programa Operacional Sociedade de Informação Público Universidade Autónoma de Lisboa União Europeia/FEDER Portugal Digital Patrocionadores