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AQUI! Este forte peso da UE no mercado mundial precisa, ainda assim, de algumas qualificações. Em primeiro lugar, o comércio externo da UE cresceu, na última década (média anual de 4% entre 1990 e 2000), menos que o comércio mundial (6%), em particular devido às elevadas taxas de crescimento registadas na Ásia (China e NPI) e na América Latina, mas também nos Estados Unidos. Como consequência, a quota da UE nas exportações mundiais baixou de 45% no final da década de oitenta para 36% em 2000. Em segundo lugar, importa aqui destacar uma característica importante dos fluxos comerciais da União Europeia e que consiste no facto de uma parte muito expressiva (mais de 60%) destes fluxos se registarem dentro da própria União. De facto, a UE constitui o destino e a origem da maior parte do comércio externo dos estados membros. Portugal constitui o caso mais expressivo, com 80% das trocas com o exterior a serem feitas com os restantes Estados membros da UE. Esta forte concentração do comércio externo dos estados membros em termos de comércio intra-UE, indicador de uma integração económica com sucesso, reduz obviamente o peso da UE no comércio mundial se a considerarmos enquanto bloco nas suas relações com o exterior, isto é, se nos fluxos mundiais não incluirmos as trocas intra-UE. Neste caso, a importância da UE enquanto mercado ou fornecedor para os países terceiros reduz-se substancialmente e, embora mantendo a liderança enquanto bloco exportador, perde já o primeiro lugar para os Estados Unidos enquanto mercado de destino das exportações mundiais extra-UE. No seu conjunto, a UE tem uma balança comercial de produtos próxima do equilíbrio, ligeiramente deficitária nos últimos anos. Entre 1990 e 2001 combinou quatro anos de excedente com oito de défice, o que se traduziu num défice médio correspondente a 4% das exportações. Em termos sectoriais, uma balança negativa regista-se no grupo da alimentação e de matérias-primas, mas é sobretudo nos combustíveis que se observa o saldo mais negativo, superior ao saldo global. Outra situação fortemente deficitária observa-se em dois grupos bem distintos de produtos. Por um lado, as tecnologias de informação, de forte expansão nos últimos anos. Também aqui, o grupo de produtos de material de telecomunicações e de escritório é suficiente para a determinação do valor negativo da balança comercial da UE. Por outro lado, produtos bem mais tradicionais, em grande parte relativos a indústrias deslocalizadas para países em vias de desenvolvimento, como é o caso do vestuário. Apesar dos desequilíbrios nestes dois grupos de produtos, a UE é excedentária nas suas trocas com o exterior em produtos manufacturados, particularmente em máquinas não eléctricas, produtos químicos e material de transporte. Em termos de saldos dos Estados membros existe uma razoável disparidade de situações. Assim, no período 1998-99 os maiores contribuintes para o défice externo foram o Reino Unido, Holanda (centro importador de produtos para outros países) e a Espanha, enquanto os que registaram maior saldo positivo foram a Alemanha (tradicionalmente excedentária), a Itália e a Suécia. Portugal tem também um saldo negativo com o exterior da UE, sendo aliás o Estado membro com menor grau de cobertura das importações pelas exportações. O facto de importar o dobro do que exporta só não tem repercussões mais significativas devido ao fraco peso relativo dos fluxos comerciais de Portugal com os países exteriores à Comunidade, comparativamente com os restantes Estados membros (com a única excepção do Luxemburgo). Em termos regionais, as trocas comerciais da UE são feitas sobretudo com os Estados Unidos, os restantes países da Europa (com crescimento de importância dos candidatos ao próximo alargamento da UE) e da Ásia, com valores muito mais expressivos que os da América Latina e de África. As trocas com os países asiáticos exportadores de tecnologias de informação são as principais causas do forte crescimento do peso da Ásia no comércio externo da UE, bem como no saldo negativo da balança comercial da União Europeia. O forte peso da UE no comércio mundial contribui, decisivamente, para a utilização do euro nas transacções internacionais, competindo nesta função de moeda de referência e meio de pagamento com o dólar. A exclusão da Suécia, Dinamarca e Reino Unido da Eurolândia não altera de forma decisiva a importância do euro neste domínio, já que os países da actual zona euro representam cerca de quatro quintos do comércio externo da União Europeia. O próximo alargamento a Leste irá, naturalmente, reforçar ainda mais
a importância da UE nas trocas internacionais. Todavia, este reforço
será sobretudo significativo no confronto do valor das trocas dentro
do enorme mercado da UE alargada com as transacções envolvendo apenas
países terceiros. Tendo em conta que, no seu conjunto, os dez países
que se prevê passarem a fazer parte da UE já em 2004 não têm ainda uma
importância muito expressiva no comércio mundial (no seu conjunto, estes
10 países têm, presentemente, um volume de trocas externas semelhante
ao de Espanha), a UE a 25 países irá aumentar, no curto prazo, apenas
em cerca de dois pontos percentuais o seu peso no comércio mundial. Distribuição do comércio mundial de produtos (2001-incluí comércio INTRA-UE) Distribuição do comércio mundial de produtos II (2001-incluí comércio INTRA-UE) Comércio externo da UE por principais regiões Estrutura sectorial do comércio externo da UE Taxa de crescimento de regiões seleccionadas Peso da UE no comércio mundial Peso
da UE nas exportações e importações dos estados membros
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