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O IDE e o potencial de exportação Portugal é uma economia que apresenta maior capacidade exportadora face à capacidade de atracção de IDE. Em 2001 o valor líquido do IDE representou 24,1% do montante contabilizado nesse mesmo ano de exportações, tendo decrescido para 7,0% e 3,1%, em 2002 e 2003, respectivamente. Tendo presente, não os fluxos líquidos (de desinvestimentos), mas os fluxos brutos (entradas), o peso do IDE sobe para 88,7% em 2001, tendo decrescido para 76,8% em 2003. Mesmo numa situação conjuntural particularmente negativa, o valor das exportações tem conseguido evoluir positivamente, o que, face à quebra significativa nas importações, contribuiu de forma positiva para a diminuição do défice da balança comercial e para uma taxa de cobertura de 73,0% em 2003. Tal situação vem indiciando uma melhoria dos termos de troca, não obstante a quebra nas margens de lucro das empresas exportadoras. Por zonas geográficas, cerca de 80% das exportações têm por destino a União Europeia, enquanto cerca de 90% dos fluxos de IDE são oriundos desta zona económica. Os principais países de destino das exportações portuguesas (Espanha, Alemanha, França, Reino Unido e EUA) são de forma similar os principais países investidores em Portugal, com excepção da Espanha. Deste modo, a Espanha, Alemanha e EUA registam uma maior importância relativa dos fluxos de exportação face aos de IDE (no caso da Espanha, mais do dobro da importância relativa). No que diz respeito aos grupos de produtos exportados, as Máquinas (19,5%), o Material de Transporte (16,9%) e o Vestuário e Calçado (15,3%) concentram 51,7% do total de exportações verificadas em 2003 (52,5% em 2002). Nos últimos dois anos assistiu-se a maiores acréscimos no grupo dos Produtos Energéticos (+24,4%), dos Produtos Acabados Diversos (+11,5%) e dos Produtos Químicos (+9,2%), tendo ocorrido quebras, com algum significado, nos sectores exportadores tradicionais, indiciando dificuldades competitivas, num quadro conjuntural ainda de forte retracção económica – Peles, Couros e Têxteis (-19,6%), Vestuário e Calçado (-6,9%). A Indústria Transformadora verificou saldos negativos de IDE nos últimos dois anos, reproduzindo e espelhando as situações de desinvestimento, que se vêm traduzindo em encerramento da actividade e deslocalização para países de inferiores custos de trabalho e melhores qualificações (países de Leste, alguns dos quais já parceiros da União Europeia). Reportando ao período 1996-2001, identificam-se na caixa intitulada “Importância relativa dos fluxos de exportações face aos de IDE, por ramo da indústria, 1996-2001” os ramos da Indústria com melhor performance relativa dos fluxos de exportações face aos fluxos de IDE e vice-versa.
O IDE como factor de diferenciação no perfil empresarial Centrando a análise no principal sistema de incentivos de apoio à modernização e competitividade das empresas portuguesas (SIME do Programa de Incentivos à Modernização da Economia, QCA III) como proxy do comportamento estratégico do investimento directo estratégico em Portugal, é possível constatar um conjunto de sinais que remetem para o seu potencial de indução de novas práticas de gestão e de renovação qualitativa do perfil de especialização da estrutura empresarial portuguesa. O SIME aplica-se a projectos de investimento de dimensão total superior a 150 mil euros, de desenvolvimento empresarial, desejavelmente integrados, resultantes de uma análise estratégica das empresas, nas suas diversas áreas funcionais, e incorporando uma ou várias componentes de investimento: • Investimentos essenciais à actividade; • Internacionalização; • Eficiência energética; • Sistemas da qualidade, segurança e gestão ambiental; • Qualificação de recursos humanos. Do total de projectos homologados entre 2000 e 2003 em Sistemas de Incentivos no PRIME, cerca de 3% são de empresas com participação estrangeira acima de 10% no capital social da empresa, envolvendo uma despesa pública homologada que ascende a cerca de 25% do total. Estes projectos prevêem a criação de 12.546 postos de trabalho, o que representa cerca de 1/4 do total dos postos de trabalho propostos a serem criados pelas empresas com participação estrangeira. Cerca de 2/3 destas empresas são de grande dimensão, absorvendo perto de 80% do total de despesa pública homologada para o conjunto de projectos de empresas com participação estrangeira. Em termos de participação financeira, aproximadamente 40% das empresas com projectos homologados são totalmente controladas por capital estrangeiro, cerca de 28% são detidas numa percentagem superior ou igual a 50% e 1/3 registam participação entre 10% e 49%. Os projectos de empresas participadas com capital estrangeiro foram essencialmente apoiados através do sistema de incentivos SIME (64,2% dos projectos, 70,8% da despesa pública homologada e 98,8% dos postos de trabalho criados). Sectorialmente e tendo por base a despesa pública homologada, destaque-se: • Produção e distribuição de electricidade, gás, vapor e água quente com 184,8 milhões de euros (28,5% do total); • CAE 32 – Fabricação de equipamento e aparelhos de rádio, televisão e comunicação com 114,1 milhões de euros (17,6% do total); • Fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos, n.e. com 85,4 milhões de euros; Fabricação de veículos automóveis, reboques e semi-reboques com 42,6 milhões de euros (6,6% do total); e • Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas (6,2% do total). Refira-se a título comparativo o perfil de especialização sectorial das empresas com projectos homologados no SIME, em que mais de metade da despesa pública homologada se concentra em 6 sectores: • Alojamento e restauração (restaurantes e similares) (14,4%); • Fabricação de outros produtos minerais não metálicos (13,0%); • Fabricação de têxteis (7,1%); fabricação de equipamentos e aparelhos de rádio, televisão e comunicação (7,0%); • Fabricação de máquinas e aparelhos eléctricos, n.e. (5,9%); e • Fabricação de produtos metálicos, excepto máquinas e equipamento (4,8%). Efectivamente, uma análise das empresas com participação de capital estrangeiro da Indústria Transformadora por intensidade tecnológica, utilizando a classificação da OCDE, permite constatar que 42,5% dos projectos e 64,5% da despesa pública homologada concernem a projectos de alta e média-alta tecnologia, o que se traduz num efeito bastante positivo em termos de alteração do perfil de especialização da estrutura empresarial portuguesa no sentido da dinamização de actividades de maior valor acrescentado e centradas nas novas tecnologias e no conhecimento. Os projectos homologados no SIME de empresas sem participação de capital estrangeiro são essencialmente de baixa intensidade tecnológica (50,3% dos projectos), correspondendo os projectos de alta e média-alta intensidade tecnológica a um peso de apenas 17,5%. Tal comportamento diferenciado traduz-se em opções estratégicas ainda que centradas igualmente em processos de modernização estrutural ou organizativa, num maior enfoque no desenvolvimento e diversificação do produto/ serviço, na I&D, na introdução de novas tecnologias, na optimização dos processos e na eficiência e protecção ambiental. De forma sumariada pode-se concluir, com base nos dados apresentados, da importância que vem revestindo nos últimos anos a participação estrangeira no capital social das empresas portuguesas, induzindo a adopção de práticas de gestão mais modernas e assentes numa lógica de fileira, assim como uma aposta no investimento em ramos de especialização mais tecnológicos e inovadores. Tal enfoque estratégico implica quer um contributo positivo para o desenvolvimento de actividades de investigação e desenvolvimento e inserção em redes de conhecimento,quer um reforço da procura de profissionaisaltamente qualificados.
Informação Complementar IMPORTÂNCIA RELATIVA DOS FLUXOS DE EXPORTAÇÕES FACE AOS DE IDE, POR RAMO DA INDÚSTRIA, 1996-2001 Maior importância relativa dos fluxos de exportações face aos de IDE • Alimentação, bebidas e tabaco
Maior importância relativa dos fluxos de IDE face às exportações • Fabricação de pasta, de papel e cartão e seus artigos Fonte: DPP, Novembro 2003. Evolução dos fluxos de IDE e das exportações - 1999-2003
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