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As regiões inovadoras e o "arquipélago global"

Félix Ribeiro *

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A evolução previsível nas estruturas produtivas das economias desenvolvidas – terciarização, intensificação tecnológica e mais forte dependência dos conhecimentos – é uma outra face do processo de globalização, aquela que permitirá àquelas economias prosperar nesse contexto. Esta evolução não irá, provavelmente, pôr em causa três mecanismos que levam as actividades, e em particular as que estão mais directamente presentes nos mercados competitivos, a aglomerar-se em determinadas áreas, normalmente cidades ou áreas metropolitanas:

• a existência nessas áreas de um vasto pool de recursos humanos com os vários níveis de qualificação e a diversidade de competências profissionais necessárias para o desenvolvimento e multiplicação de actividades mais fortemente baseadas na qualidade e actualização dos recursos humanos; e de instituições de formação e investigação que permitem renovar esse pool e o adaptam, com relativa rapidez, às evoluções tecnológicas e de mercado;

• a acumulação de actividades complementares, quer ao longo das mesmas cadeias de produção material ou imaterial, quer orientadas para as mesmas funções (vd. processamento da informação, entretenimento, saúde, serviços financeiros), criando uma base mais sólida de competências, que permite adaptações a novas tendências tecnológicas ou de mercados e permite explorar mais a fundo as potencialidades de redes de empresas;

• a existência de canais formais e informais de difusão das inovações de base tecnológica ou organizacional e a acumulação de conhecimentos sobre mercados específicos ou regiões da economia mundial, bem como a inserção mais fácil nas redes de trocas internacionais de capitais, mercadorias e informações.

Num trabalho clássico R. Florida identificou um conjunto de características que devem possuir o que designou como Learing Regions , ou seja as regiões com actividades baseadas no conhecimento que irão ser capazes de se afirmar e sobreviver na economia global. De uma leitura dessas características podem salientar-se as seguintes:

• Dimensão do Mercado de Consumo Dinâmico: as macro-regiões têm uma dimensão “óptima” que resulta não da consideração de economias de escala da produção industrial, já que para essas regiões, altamente competitivas, o mercado das suas indústrias é o mercado global, mas sim da consideração de economias de escala necessárias para poder dispor de um vasto conjunto de serviços às empresas e de infra-estruturas de acesso ao exterior, de nível internacional, necessários para poder participar de modo competitivo na economia global, bem como da possibilidade de constituírem um mercado para implantação das melhores marcas dos produtos de consumo;

• Sistemas de produção: estas macro-regiões serão estruturadas em torno de actividades baseadas no conhecimento, como principal fonte de valor, e numa estreita ligação entre a inovação e a produção; funcionarão em torno do conceito de “vantagem sustentável”, procurando recriar, manter e sustentar as condições necessárias para poderem continuar a ser participantes de primeiro plano na economia global, através da melhoria contínua das suas competências nas tecnologias, na valorização e desenvolvimento permanente dos recursos humanos, na aplicação generalizada de tecnologias de produção “limpas”, na eliminação sistemática dos desperdícios e num compromisso de melhoria permanente das condições ambientais;

• Infra-estruturas de produção industrial: ao contrário das grandes organizações orientadas para a produção de massa, e com forte integração vertical de actividades e preferência pela internalização das principais competências, que caracterizavam o paradigma anterior, as macro-regiões vencedoras organizam-se em torno de redes de empresas que produzem bens e serviços, num contexto em que há muito maior recurso a fornecedores externos às empresas, com quem se estabelecem relações de interdependência, criando-se verdadeiros ”complexos de produção”; e mesmo em indústrias pesadas como a produção automóvel, as grandes instalações de integração final serão o centro de uma rede de fornecedores (e clientes), cujas capacidades de inovação, nível de qualidade e permanente redução de custos, contribuirão decisivamente para a competitividade do “complexo de produção”;

• Infra-estruturas de recursos humanos: caracterizadas pela existência de um mercado de trabalho ao qual as empresas possam ir buscar recursos humanos de alta qualificação e capazes de aplicar a sua inteligência na produção, participando em organizações que lhes exigem maior envolvimento em actividades intelectuais, de inovação e de gestão; ao contrário da infra-estrutura humana típica de economias baseadas na produção de massa de bens, que se organizava em torno das escolas públicas e da formação profissional para uma massa de trabalhadores, que em média não dispunham de qualificações muito elevadas, e da formação de engenheiros e gestores para ocupar as funções de maior inteligência, as macro-regiões vencedoras exigem um sistema educativo e de formação que eleve as qualificações médias, facilite a aprendizagem ao longo da vida, e desenvolva as capacidades de iniciativa e trabalho em grupo, necessárias a um novo tipo de organizações;

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• Infra-estruturas físicas e de comunicação: dado que as empresas “intensivas em conhecimentos” tendem a ser “actores” globais, as infra-estruturas físicas das regiões em que se aglomeram devem permitir, antes de mais, o estabelecimento de ligações que facilitem o movimento de informação, bens e serviços e pessoas, numa escala mundial, e permitam a produção numa base “ just-in-time ”; daí a importância, para as macro-regiões vencedoras das combinações aeroportos internacionais/portos competitivos e telecomunicações e uso maciço da Internet;

• Infra-estruturas financeiras: as macro--regiões vencedoras, para assegurarem o crescimento das empresas existentes e o permanente surgimento de novas empresas, têm que dar especial atenção à configuração e funcionamento dos sistemas financeiros que as servem, bastando recordar que nessas regiões será cada vez mais significativo o peso do “capital imaterial” para a competitividade das empresas, sendo portanto fundamental a existência de sistema financeiros capazes de recorrer a garantias colaterais baseadas em activos imateriais;

• Padrão das organizações: ao contrário do paradigma da produção de massa, com organizações caracterizadas pelas relações do topo à base, por formas de hierarquia vertical, por elevado grau de especialização funcional ou de tarefas, e por modos de regulação do tipo comando e controlo, nas macro-regiões vencedoras predominarão as organizações caracterizadas pela flexibilidade operacional, pela orientação para as exigências do cliente, pela descentralização da tomada de decisões, pelas relações de co-dependência e pelo funcionamento em rede.

A fim de facilitar a compreensão da base produtiva das “Economias Baseadas no Conhecimento” que ocupam o topo do “Arquipélago Global” considerou-se que se poderiam distinguir três grupos de actividades que são geralmente consideradas de elevado valor acrescentado e com forte intensidade de conhecimento (científico e tecnológico, artístico e criativo, organizativo) mas que se distinguem pelo “peso” do que produzem.

 

Serviços Baseados no Conhecimento e Serviços Intensivos em Tecnologia

O maior número de clusters regionais fortemente baseados no conhecimento e na intensidade tecnológica localiza-se, ainda, nos EUA/Canadá e na Europa do Norte (Alemanha, Suécia, Finlândia, Reino Unido e Holanda).

Predominam nos EUA pólos que se estruturam em torno das seguintes competências – Tecnologias da Informação: Componentes e Equipamentos; Serviços de Alta Tecnologia ( software , Serviços Informáticos, Serviços de Telecomunicações etc.); Instrumentação, Equipamento Médico e Equipamento Eléctrico de Alta tecnologia; Indústria Farmacêutica, Biotecnologia e Química, sendo vários os que combinam mais do que uma destas competências (casos de Boston, São Francisco e Raleigh Durham).

Na Europa seguem o padrão dos EUA, com combinações de duas ou mais das referidas competências, clusters como Southeast (no Reino Unido); Estocolmo (Suécia), Zuid Nederland (Holanda) e Hessen (Alemanha).

Existe um conjunto de pólos europeus em que o Sector Automóvel, Aeronáutica e Mecânica de Alta Tecnologia têm um papel central, em contraste com os EUA, em que apenas em Philadelphia e Seattle isso acontece; nos casos europeus a combinação deste tipo de sector é feita ou com a Instrumentação, Equipamento Médico e Equipamento Eléctrico de Alta Tecnologia ou com a Indústria Farmacêutica, Biotecnologia e Química. São paradigmáticos os clusters regionais de Baden-Württemberg e Bayern (Baviera) na Alemanha, e a Suíça.

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* Félix Ribeiro

Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras. Subdirector Geral do Departamento de Planeamento e Prospectiva.

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Bibliografia

Marques, Isabel; Ribeiro, José Félix – “ As Regiões Europeias e as Actividades Baseadas no Conhecimento e na Inovação ”, Edição do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) 2003.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

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Link em nova janela Principais regiões mundiais com actividades baseadas no conhecimento e na intensidade tecnológica

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