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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS Impactes visíveis do aquecimento global Existe evidência científica quanto à origem deste aquecimento. As actividades humanas, requerendo cada vez maiores quantidades de energia, bem como a produção e consumo dos mais diversos bens e serviços, têm determinado um aumento da concentração de dióxido de carbono (CO 2 ) na atmosfera. Este gás, o mais importante gás com efeito de estufa, é hoje 34% mais abundante na atmosfera terrestre relativamente ao período pré-industrial, a partir do qual a economia se baseia na queima generalizada e crescente de combustíveis fósseis. A taxa de produção deste gás aumenta significativamente a partir dos anos 50 do século XX, acompanhando o boom económico do pós-guerra. Mas não é apenas o CO 2 que contribui para o efeito de estufa – outros gases contribuem para o aquecimento global, pelo que as emissões conjuntas são por vezes mencionadas como emissões equivalentes de CO 2 . O aumento da concentração destes gases na atmosfera cifra-se em 117 ppm CO 2 -equivalente, relativamente à era pré-industrial, contribuindo o CO 2 com 61%, o metano com 19%, os CFC e os HCFC com 13% e os óxidos de azoto com 6%. A concentração média de CO 2 equivalente na atmosfera actual é de 377 ppm. Os efeitos deste aquecimento global são variados, claros e visíveis. Consistem em impactes meteorológicos, nos ecossistemas, na economia e na saúde humana. Face a esta realidade, duas estratégias são necessárias: tomar medidas conducentes à estabilização ou inversão das tendências referidas; avaliar os riscos associados e definir medidas de adaptação às alterações climáticas e respectivos impactes.
Impactes meteorológicos Do ponto de vista meteorológico, um dos efeitos do aquecimento global é a alteração dos padrões de precipitação. As séries estatísticas da precipitação registadas durante o século XX permitem tirar duas conclusões fundamentais: o norte da Europa tornou--se mais pluvioso e o sul, em contraste, tornou-se mais seco, com decréscimos de precipitação média anual atingindo 20% no período de 100 anos. Os mesmos dados permitem ainda concluir que é o Inverno a estação mais afectada. No sul da Europa estas tendências – bem como as projecções que apontam para uma diminuição de precipitação de 5% por década – começam já a sentir-se, com uma maior ocorrência de anos secos. Ainda na memória o ano de 2003, o ano de 2005 confirma a tendência descrita. Esta diminuição da pluviosidade tem fundamentalmente dois impactes – aliás indissociáveis – na produção agrícola e na disponibilidade dos recursos hídricos. As alterações dos padrões de temperatura e precipitação são acompanhadas ainda por um outro fenómeno: a cada vez mais frequente ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos. As inundações estivais de 2002 no centro e de 2005 no leste da Europa, bem como as ondas de calor de 2003 e 2005 no sul da Europa não são fenómenos isolados mas a expressão das alterações climáticas verificadas a nível planetário. Estas podem ainda verificar-se de muitas outras formas: o período anual de neve no hemisfério norte reduziu-se em cerca de 20 dias em 20 anos, e a extensão da área coberta de neve sofreu uma redução de cerca de 10% desde a década de 60 do século XX; a espessura da camada de gelo do Árctico diminuiu 7% no último quarto do século passado; a maior parte dos glaciares da Europa, e todos os localizados nos Alpes, estão em regressão. De meados do século XIX até 1980 os glaciares alpinos perderam 1/3 da sua área e do seu volume. O verão quente de 2003 determinou uma perda de massa glaciar alpina de 10% relativamente ao ano anterior. As projecções das tendências actuais mostram-nos um oceano Árctico livre de gelo e uma Suíça sem glaciares em 2100. Impactes nos ecossistemas Estas alterações meteorológicas têm profundos impactes ao nível dos ecossistemas. Nos ecossistemas terrestres, as diferentes condições de humidade e temperatura determinaram já mudanças verificáveis na distribuição de espécies vegetais. O noroeste da Europa (Reino Unido, Irlanda, Noruega) possui hoje um maior número de espécies vegetais devido à migração de espécies características de latitudes mais temperadas e prevê-se que a distribuicão da flora europeia seja em 2050 significativamente diferente da verificada em 2000. Padrão semelhante verifica-se igualmente para inúmeras espécies de aves. A elevada taxa de urbanização e de infra-estruturação do continente e a consequente fragmentação de habitats afectará a migração natural das espécies, pelo que o ritmo de extinção deverá aumentar nas próximas décadas. Dois exemplos ilustram o tipo de alterações que ocorrem já hoje nos ecossistemas terrestres europeus: a extinção de endemismos de montanha (o caso da Edelweis , endemismo alpino, é emblemático), uma vez que climas mais amenos determinam a invasão por espécies arbustivas e arbóreas; um aumento do número de espécies de aves migradoras invernantes – fenómeno que ocorre em muitas das zonas húmidas europeias, nomeadamente nos estuários do Tejo e Sado. À semelhança dos ecossistemas terrestres, também os ecossistemas marinhos registam os impactes do aquecimento global, uma vez que a temperatura média da camada superficial dos oceanos aumentou mais ou menos 0,6ºC durante o século XX. Registos de alteração espacial da composição planctónica e temporal dos seus diversos estádios de desenvolvimento têm sido recolhidos. O Atlântico Norte e o Mar do Norte são hoje mais ricos em biomassa fitoplanctónica e parece ter começado a ocorrer uma reorganizacão das respectivas cadeias tróficas, sendo já possível capturar espécies características de mares quentes e temperados. Na interface entre os ecossistemas terrestres e os ecossistemas marinhos, os ecossistemas costeiros sentem também os impactes do aquecimento global. Um aumento de intensidade e periodicidade das inundações, aceleração da erosão, perda de zonas húmidas e intrusão salina são fenómenos que transformam o litoral, com consequências directas para as populações e as actividades, como por exemplo o turismo. ![]() Referências EEA, 2004. Impacts of Europe's changing climate. An indicator-based assessment EEA Repo rt No 2/2004, EEA, Copenhagen. EUROPEAN Commission, 2005. Communication of the Commission. Winning the battle against global climate change, COM(2005) 35 final. 9 February 2005. EUROPEAN Council, 2005, Environment Council conclusions on climate change, 10 March 2005, Brussels. IEA, 2002. Beyond Kyoto — Energy dynamics and climate stabilisation, IEA, Paris M.A., (2005) Millennium Ecosystem Assessment Synthesis Report, A report of the millennium ecosystem assessment, 219p, http://www.millenniumassessment.org/en/index.aspx UNFCCC, 2004. UNFCCC, 10 th conference of the parties, Buenos Aires. December 2004. http://unfccc.int/meetings/cop_10/items/2944.php WHO-ECEH, 2003. Climate change and human health risks and responses, Geneva, Switzerland.![]() Dados adicionais Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas (clique nos links disponíveis)
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