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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Em boa verdade, este tem sido exactamente o cerne do problema, na medida em que o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) apenas proíbe a utilização desta fonte energética para fins militares, deixando em aberto a possibilidade da sua utilização para fins civis, ou melhor, pacíficos. Que o Irão possui tecnologia nuclear avançada cuja origem é incerta ninguém duvida. Que esta tecnologia é mais evoluída do que inicialmente se supunha e que surpreendeu mesmo os inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica nas inspecções realizadas neste país desde finais da década de 90, também já não é novidade. O que desconhecemos neste momento são os fins determinados por Teerão para este “ upgrade ” tecnológico tão intenso. As autoridades iranianas têm sistematicamente negado a existência de qualquer intenção militar escondida; no entanto, os alertas soam constantemente, quer na Europa, quer nos Estados Unidos da América (EUA), perante a suspeita de que este país procura, desde há algum tempo, adquirir equipamento e know how nuclear fora dos circuitos convencionais. Este comportamento, por si só suspeito, é agravado pelo facto de que os referidos equipamentos, sendo tecnicamente descritos como de “ dual use ” podem não se adequar a uma mera utilização pacífica da energia nuclear. O embargo à venda ao Irão de equipamento susceptível de ter uma utilização nuclear, decretado ainda durante a administração Clinton pelos EUA, é disso bom exemplo. Apesar disto, a crença generalizada de que a “ameaça” iraniana estava, apesar de tudo, limitada pelo modesto leque de peritos em tecnologia nuclear no país e pela fraca infra--estrutura nuclear aí existente, determinou que esta questão fosse encarada, não como um problema imediato, mas como um problema emergente. Ytzak Rabin, primeiro-ministro de Israel e William Perry, secretário de Estado norte-americano da Defesa afirmaram mesmo, em 1995, numa conferência em Israel, que, perante o ritmo iraniano de então, Teerão levaria 10, quem sabe 15 anos, a tornar-se uma verdadeira ameaça nuclear. Ao que parece, não se terão enganado. O jogo do gato e do rato As autoridades iranianas têm sabido habilmente gerir em seu benefício a dúvida presente em todas as análises feitas ao mais alto nível sobre o seu programa nuclear, mesmo as conduzidas pelos técnicos altamente qualificados, membros das equipas de inspecção da AIEA. Crescem, no entanto, as suspeitas de que o presente programa tem vindo a ser lentamente desenvolvido desde a década de 80 e que terá erguido as suas estruturas sobre as fundações deixadas pela colaboração norte-americana em matéria de tecnologia nuclear com o regime iraniano de Rheza Pahlavi anterior à revolução de 1979. A esta tecnologia norte-americana somou-se durante os anos 80 e 90 a colaboração chinesa que, embora consistente com o TNP, isto é, sem fins militares, deverá ter contribuído para capacitação técnica e tecnológica de pessoal e equipamento iraniano. Somou-se ainda a colaboração russa, que se associou oficialmente a este esforço iraniano de melhoria das suas infra-estruturas nucleares, embora este tenha sido um apoio nunca inteiramente claro. Se a estes factos somarmos as suspeitas de que Teerão procura, desde há algum tempo, comprar componentes e elementos nucleares no “mercado negro”, temos finalmente todos os ingredientes de um cocktail explosivo. A situação agudiza-se quando em Agosto de 2002 um grupo de opositores do regime iraniano no exílio, o Conselho de Resistência Nacional do Irão, denuncia a existência de duas instalações nucleares não declaradas à AIEA, trazendo este tema de volta ao centro das atenções da comunidade internacional. A esta denúncia seguem-se diversas inspecções da AIEA, todas elas reveladoras de uma tecnologia nuclear muito superior à declarada. Em regra os inspectores depararam-se com mais e melhores instalações do que o oficialmente comunicado. Desde então a parca colaboração das autoridades iranianas não tem contribuído para um cabal esclarecimento da situação. Em Junho de 2005 a eleição de Mahmoud Ahmadinejad para a Presidência iraniana acontece num momento em que todos esperavam a vitória de Hashemi Rafsanjani, considerado um moderado entre os políticos iranianos e portanto um homem desejado pela comunidade internacional que via nele a possibilidade de resolução do “diferendo” nuclear. Esta eleição veio agravar o clima de desconfiança mútua. A atitude desafiadora do novo presidente iraniano perante a pressão da comunidade internacional em geral. e em particular perante as advertências norte-americanas, acarretou a intensificação da crise que nem mesmo os esforços da União Europeia puderam minimizar. A consequência mais evidente, para além do gelar das relações diplomáticas entre muitas chancelarias ocidentais e Teerão, foi a intervenção do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Informação Complementar Um Irão instável Apesar das sucessivas tentativas das autoridades iranianas de passar para o mundo uma imagem de grande firmeza e unidade no apoio às decisões do seu presidente e apesar das inúmeras manifestações populares de apoio, a verdade é que nem todos os sectores políticos estão de forma tão entusiasta ao lado de Mahmoud Ahmadinejad. É certo que o presidente encontra fortes apoios numa determinada classe política que aprecia a confrontação e que baseia a afirmação do seu poder no desafio permanente à Casa Branca. Mas outros sectores, mais moderados, receiam claramente que os custos deste confronto em termos diplomáticos e políticos sejam demasiado elevados para um país que luta contra o isolamento na cena política internacional desde 1979. Para este último grupo de pessoas, uma relação estável com os EUA é entendida como “um mal necessário” dada a influência norte-americana sobre, por exemplo, os Estados membros da União Europeia, o que, em última análise, poderia condicionar a obtenção de elevadas compensações económicas e comerciais decorrentes de uma eventual suspensão deste programa nuclear. Principais reservas petrolíferas iranianas
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