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Onde estou: | Janus 2007> Índice de artigos > Religiões e política mundial > Actores político-religiosos > [ Ayatollah Khomeini: o pai da República Islâmica ] | |||
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Dados biográficos Ruhollah Musavi nasceu em 1902, em Khomein (Irão), numa família de clérigos de longa tradição. Dada a morte precoce dos pais, a sua educação ficou entregue ao irmão, que o iniciou nos estudos teológicos. Ao longo da sua carreira académica, Khomeini passou pelos dois principais centros do saber xiita: Qom no Irão e Najaf no Iraque. Foi em Qom que os seus discursos inflamados contra o xá, em 1963, precipitaram uma série de motins e a detenção do próprio ayatollah . Este desafio ao xá obrigou-o ao exílio, primeiro na Turquia e depois em Najaf. Em Najaf, Khomeini publicou pela primeira vez as suas ideias sobre o vilayat-i faqih ou governo do jurisconsulto. O ayatollah acabou por ser deportado do Iraque para França em 1978, de onde partiu para abraçar a revolução em curso no Irão, em Fevereiro de 1979. Este regresso marcou o carácter “islâmico” da revolução, com o silenciamento dos elementos da oposição secular e marxista que participavam no movimento.
O vilayat-i faqih A ideia de vilayat-i faqih é a imagem de marca do testamento teológico do ayatollah Khomeini. Este conceito determina a existência de um regime teocrático em que o líder religioso de maior relevo assume a posição de topo na hierarquia política (ver esquema). Khomeini, como religioso-jurisconsulto, controlava não só todo o aparelho político iraniano, mas virtualmente toda a República Islâmica, através da sua rede de conselheiros e da Guarda Revolucionária ( sipah-i pasdaran ). A Constituição que o ayatollah inspirou indicava que no caso de não surgir outro religioso-jurisconsulto depois da sua morte, a liderança caberia a um comité de religiosos séniores. Adivinhando o que sucederia, Khomeini mudou de discurso meses antes de morrer e abriu lugar à sua sucessão por Ali Khamenei, na altura um religioso de escalão intermédio. Khomeini foi para a maioria dos iranianos mais do que um líder político-religioso. A sua figura foi até à sua morte, em 1989, a de um pai da nação. Foi mesmo considerado “fonte de imitação” ( marja-i taqlid ), qualificação máxima para os religiosos xiitas.O povo chamava-o imã, por deferência e em analogia com os 12 guias do xiismo iraniano.
A exportação da revolução A exportação da revolução islâmica foi desde o início um dos objectivos de Khomeini. O ayatollah incitava os mais desfavorecidos à luta contra a injustiça social e ao estabelecimento de governos islâmicos que contrapusessem a influência do Ocidente. Este pilar da política externa iraniana passou, no entanto, de uma meta clara nos primeiros anos, a desígnio do foro meramente cultural no mandato do moderado presidente Khatami. A própria guerra com o Iraque, e os recursos que esta exigiu e o papel dos pragmáticos do regime, como Rafsanjani e Khatami, foram factores que contribuíram para esta mudança. Khomeini defendia a exportação da revolução por meios pacíficos; no entanto, as ligações do Irão a grupos extremistas e à oposição a vários regimes vizinhos contrariavam a tese oficial. Este apoio originou um historial de tensão entre o Irão e alguns dos mais importantes estados árabes, como o Egipto e a Arábia Saudita. A ligação da República Islâmica a grupos políticos xiitas no Líbano e nas Filipinas é também conhecida. O Irão procurou ainda influenciar os xiitas no Iraque, no Bahrein e no Koweit. Actualmente, essa influência é um elemento chave no novo Iraque, no Líbano e nos Territórios Ocupados, mas perdeu espectro nas pequenas monarquias do Golfo, onde a distribuição de riqueza tem contentado as populações.Informação Complementar 1979: o ano do Ayatollah No dia 1 de Fevereiro de 1979 Ruhollah Khomeini regressou ao Irão depois do exílio em França. O ayatollah tomou conta da revolução em curso e tornou-se o Líder Supremo da República Islâmica. Ainda assim, não poderia supor o que o resto do ano significaria para o islamismo radical. Alguns meses depois, na Arábia Saudita, um grupo de extremistas armados tomou de assalto a Grande Mesquita em Meca. No fim do ano, a União Soviética iniciou a colocação de tropas no Afeganistão. Estes eventos espelham a mudança que germinava na região: o islamismo emergia como rival do secularismo e das monarquias tradicionais. E apresentava uma saída para populações desencantadas com os fracassos nas guerras contra Israel e as desigualdades económicas que o nacionalismo secular árabe ou persa e o petróleo não conseguiram resolver. No caso da revolução iraniana, o seu impacto foi tremendo e Khomeini procurou estender a sua influência a toda a região. O Irão tornou-se mentor de grupos islamitas por todo o mundo árabe e, nos primeiros anos da República Islâmica, apelava directamente aos povos muçulmanos para derrubarem os seus governos contrários à doutrina do islão. Esta campanha fez-se sentir no Iraque, na Arábia Saudita, no Egipto, no Líbano e nos pequenos Estados do Golfo, para além do envolvimento no conflito israelo-palestiniano através do apoio a grupos armados. Breve cronologia
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