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A locomotiva americana está a abrandar... Após uma sucessão de vários anos com taxas de crescimento superiores a 3%, com frequência a aproximar-se de 4%, os EUA apresentam em 2007 uma taxa de crescimento claramente inferior que não deverá elevar-se muito em 2008, apesar de algumas previsões de sentido algo optimista. Com efeito, os problemas relacionados com a crise do crédito imobiliário dificilmente permitirão um crescimento das actividades relacionadas com o sector da construção de molde a permitir uma significativa melhoria do crescimento económico no seu conjunto. Neste quadro, não será de admirar que a taxa de desemprego se eleve um pouco, exprimindo a tendência para a manutenção do ritmo de melhoria da produtividade. Ao mesmo tempo este abrandamento vem acompanhado da redução da taxa de inflação apesar dos sintomas de elevação dos preços dos produtos importados. A redução do ritmo da actividade económica poderá estar a exprimir, pelo menos em parte, a alteração do sentido da política económica americana. Com efeito, a política dita de consolidação orçamental aparece a partir de 2006 mais restritiva com um défice a situar-se em torno de 2% (e não próximo dos 4% como anteriormente). Ao mesmo tempo, a política monetária tem elevado progressivamente as taxas de juro, actuando no mesmo sentido da política orçamental. De resto, a queda da inflação em 2007 terá acentuado a subida da taxa de juro em termos reais. A ser assim, a economia americana parece estar a reagir muito naturalmente à nova orientação da política económica do país. A balança corrente americana, por seu lado, não dá sinais de qualquer alteração significativa, mantendo-se o défice muito elevado apesar da quebra da actividade económica verificada e da tendência para a baixa da taxa de câmbio efectiva, medida em termos do custo relativo do trabalho nas indústrias transformadoras. A recuperação da área do euro estabiliza num nível mediano O crescimento dos países do euro, que terá evoluído em 2006 a uma taxa de aproximadamente 2,6%, parece tender a estabilizar-se em valores ligeiramente superiores a 2% o que, não constituindo em si um resultado notável, tem vindo a permitir, provavelmente com a ajuda de factores de tipo demográfico, uma baixa na taxa de desemprego. A inflação, por seu lado, permanece bem controlada dentro dos limites definidos pelo Banco Central Europeu. Com a persistência de uma política orçamental restritiva, limitada pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento e por uma política monetária que vai no mesmo sentido, com taxas de juro crescentes que agravam o peso da dívida das famílias, é difícil imaginar o desenvolvimento de uma procura interna que estimule a produção deste conjunto de países. Na frente externa, a sistemática valorização do euro e a crescente concorrência internacional também não devem facilitar uma resposta firme das economias do euro ao forte crescimento da procura externa global. As economias do euro continuarão por certo a perder cotas de mercado nos períodos que se avizinham. Em consequência, não parece restar à economia europeia senão a esperança de que as reformas associadas à agenda de Lisboa produzam os efeitos desejados sobre a produtividade e o emprego. Note-se a persistente diferença entre o crescimento dos países do euro e os restantes países da UE, em especial o Reino Unido, que regista um crescimento de cerca de meio ponto percentual mais elevado e menor desemprego, ainda que com uma inflação superior em quase meio ponto.
O Japão recompõe-se... A economia japonesa parece ter saído de um longo período de estagnação para se estabilizar em níveis de crescimento económico em torno dos 2% (valor próximo das economias do euro e dos EUA), apoiada no crescimento do consumo e depreciação do iene, ao mesmo tempo que esboça, finalmente, uma tentativa de sair do ambiente deflacionista em que tem vivido, afixando taxas de juro de valores positivos. A taxa de desemprego reduzida, o défice orçamental elevado e o excedente crónico da balança corrente permanecem como imagem de marca desta economia.
A robustez do crescimento asiático consolida-se... Para além do retorno ao crescimento da economia japonesa, a generalidade das economias asiáticas observam ritmos elevados, por vezes notáveis, de crescimento económico. Neste particular destaca-se a China que continuará, ao que tudo indica, a registar uma taxa de crescimento da ordem dos 10% com elevados excedentes na sua balança corrente. As pressões inflacionistas neste país parecem começar a manifestar-se, podendo a prazo vir a exportá-las através do seu mercado externo, mas não parecem de momento justificar uma excessiva preocupação. De notar igualmente a possibilidade de a Índia se aproximar de ritmos de crescimento na vizinhança dos registados pela economia do dragão.
A problemática recuperação portuguesa! O crescimento económico português dificilmente atingirá o nível de 2%, o desemprego afirma-se como o mais elevado da EU, enquanto a inflação persistirá igualmente a um nível muito superior ao do conjunto dos países do euro. Tudo acompanhado com um esforço considerável no sentido de manter o défice orçamental no quadro dos 3% definidos pelo PEC. Apesar do bom desempenho das exportações portuguesas, não é de esperar muito da procura interna para estimular a actividade económica porque os portugueses estão sobreendividados, porque o Estado continuará a desenvolver uma política orçamental restritiva e porque a dinâmica do investimento interno e externo é manifestamente frágil. Enfim, numa conjuntura económica muito boa no plano mundial com forte afirmação dos países emergentes, os países desenvolvidos situam-se no seu conjunto a um nível relativamente mediano, ao mesmo tempo que a “tríade” parece recompor-se e Portugal regista muita dificuldade em passar nos exames...* Manuel Farto Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão. Doutor em Economia pela Universidade de Paris-X. Docente no ISEG. Docente visitante da Universidade de Orléans (França) e da Universidade Federal da Paraíba (Brasil). Subdirector do Observatório de Relações Exteriores da UAL.
** Henrique Morais Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão. Mestre em Economia Internacional pelo ISEG. Docente na Universidade Autónoma de Lisboa e na Universidade do Algarve. Assessor do Banco de Portugal. Membro do Conselho Directivo do Observatório das Relações Exteriores da UAL. Indicadores económicos e financeiros I Crescimento e política (média 1999-2008) Crescimento e política (previsão 2008) Indicadores económicos e financeiros II Saldo orçamental e taxa de desempregos
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