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Janus 2004



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Internacionalização: o caso da Engil

Anabela Sousa e Carlos Carvalho *

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O Grupo ENGIL com um capital social de 6 milhões 120 mil contos é constituído pela Engil – Sociedade de Construção Civil, SA, Sociedade de Empreitadas Adriano, SA, Ferrovias e Construções, SA e Gerco -Sociedade de Engenharia Electrónica, SA. Este grupo definiu como eixos estruturantes do seu desenvolvimento estratégico a diversificação de actividades no âmbito do negócio da Construção Civil e Obras Públicas (Aguas, Saneamento, Ambiente, Concessão de Serviços Públicos e Infra-estruturas, etc.) e a internacionalização das mesmas actividades, prevendo atingir, no final do século, uma facturação internacional da ordem dos 25% do total do volume de negócios. No ano de 1996 realizou um volume de vendas de cerca de 62 milhões de contos, o que representa um acréscimo de 22,5 % relativamente ao ano anterior, posicionando a empresa no 4° lugar do ranking nacional.

Para este volume de negócios contribuíram os 2163 trabalhadores que exercem actualmente a sua actividade na empresa. O quadro intitulado Engil Na Bolsa (1996), dá conta das áreas de actividade da empresa por tipos de trabalho. Nele podemos constatar a importância da construção de Viadutos e Aeroportos e Comércio e Serviços representando no seu conjunto cerca de metade da actividade produtiva da empresa. Do ponto de vista dos mercados, Portugal, incluindo Açores e Madeira, detém naturalmente a primeira posição, embora a Alemanha, os PALOP e alguns países da América Latina constituam um eixo de preocupação crescente da estratégia da Engil.

 

O mercado nacional

No mercado interno a Engil facturou no ano de 1996 cerca de 57 milhões de contos o que representa um aumento de cerca de 24% em relação a 1995. Só nos meses de Abril e Maio últimos angariou mais 20 obras de Norte a Sul do país no valor global de 23,3 milhões de contos. Na Expo 98 assumiu mais quatro empreitadas orçadas em 4,5 milhões de contos. Trata-se do Teatro Camões / Sala Júlio Verne, Pavilhão da Realidade Virtual, Residexpo e Edifício Gil Eanes. No âmbito das obras do Eixo Ferroviário Norte - Sul é responsável pela construção da Estação e Interface de Foros de Amora e venceu o concurso público internacional para a construção da Estação e Interface do Pragal - Almada, no valor de 3,5 milhões de contos.

A Delegação Norte da Engil arrecadou mais três grandes empreitadas. Trata-se do Sistema Adutor que abastecerá de água os concelhos de Barcelos e Esposende (1,9 milhões de contos); o Aterro Sanitário para tratamento de resíduos sólidos, no Concelho de Viana do Castelo em consórcio com a Adriano (1,6 milhões de contos) e um outro Aterro Sanitário em Vila Nova de Gaia (mais de 1 milhão de contos).

Ainda no domínio ambiental vai a Engil construir em Lisboa o Interceptor da Zona Oriental de Lisboa dentro do plano de despoluição do Tejo (1,5 milhões de contos). Já no plano da Renovação Urbana vai construir mais três edifícios nas Torres de Lisboa (1,12 milhões de contos) e o Hotel Ibis da Avenida Casal Ribeiro (515 mil contos).

 

Estratégia de internacionalização

No mercado externo a facturação da Engil alcançou em 1996 o valor de 5,1 milhões de contos, o que corresponde a um acréscimo de cerca de 24% em relação ao ano precedente. Significativo é igualmente o aumento da sua quota no conjunto das empresas portuguesas a operar no mercado internacional do sector da construção, a qual passou de 9,8 % para 11,2%. Em termos de estratégia internacional a Engil - SGPS orientou-se em três direcções: na Europa afirmou-se fortemente na Alemanha; fora da Europa privilegiou os novos países de língua oficial portuguesa e também a América Latina.

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Europa

No mercado europeu a actividade da Engil desenvolve-se quase exclusivamente na Alemanha onde em 1996 aceitou a adjudicação de 9 obras (estruturas de betão) englobando valores da ordem dos 32 milhões de marcos. Destas destacam-se os Edifícios Aalemanufer em Berlim Spandau (4,4 milhões de marcos) e Daimler Benz Projekt em Berlim (6 milhões de marcos), onde estão envolvidos cerca de 300 operários ao nível da subempreitada.

 

PALOP

Diferentemente do que ocorre na Europa, a Engil opera em África mais no domínio das infra-estruturas do que em edifícios e, quando aceita estes, eles incluem acabamentos e não apenas betão como acontece na Alemanha, embora incrementando tendencialmente a subcontratação neste subsector. Em Angola foram adjudicadas 16 obras, em 1996, perfazendo somas da ordem dos 22 milhões de dólares. Destas destacam-se: trabalhos de construção civil e instalações técnicas do Ministério das Obras Públicas e Urbanismo, no valor aproximado de 5,5 milhões de dólares, reabilitação e ampliação do Grande Hotel de Cabinda que aguarda o financiamento de quase 3,5 milhões de dólares, 200 moradias em Viana para o Governo Provincial de Luanda, a que corresponde uma carteira de cerca de 3,5 milhões de dólares.

Em Moçambique, em 1996, foram adjudicadas duas obras de considerável relevância: Congregação das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, nas Mahotas (200 000 contos) e o Centro da Televisão do Maputo (455 000 contos) Em Cabo Verde, foi adjudicada a construção do Novo Aeroporto Internacional da Praia a um consórcio liderado pela Engil integrando a Adriano e a EFACEC, tendo a obra um valor de 3,2 milhões de contos. Em Maio de 1996, abriu à exploração o novo Hotel Trópico, na Cidade da Praia, construído sob a responsabilidade da Engil e cujo investimento rondou os 680 000 contos. Actualmente a Engil SGPS é o único accionista deste empreendimento. A Sociedade de Empreitadas Adriano, empresa do grupo especializada em vias de comunicação e terraplenagens, ganhou na Guiné-Bissau, a obra de reabilitação da estrada Mampata-Guilege-Cacine, cujo valor é de 300 000 contos, financiados pelo Banco Mundial.

 

América Latina

Tal como em África, também aqui as vias de comunicação acompanhadas por algumas infra-estruturas constituem a estratégia de intervenção da Engil. No Peru ganhou, em associação com uma empresa local, a obra de construção da Estrada Pisco-Ayacucho-Ponte Ninacha-Ayacucho, para o Ministério dos Transportes e Comunicações, no valor de 3,5 milhões de contos. Na Argentina, o Grupo Engil tem em perspectiva abrir uma sucursal, através da sua participada Ferrovias, empresa especializada na construção e manutenção de vias férreas e obras correlativas.

 

Perspectivas futuras

A Engil SGPS pretende no ano 2000 ter conquistado 25% da facturação internacional do sector. Para tanto criou recentemente a Engil Investimentos, uma sub-holding do grupo que tem a seu cargo o desenvolvimento de novos negócios como sejam o tratamento de resíduos sólidos, saneamento básico, águas, energia e concessões de serviços públicos, de que são um exemplo as auto-estradas.

Ainda no domínio internacional a construção e a obra pública continuarão a ser a sua aposta principal, embora em algumas regiões africanas se possa admitir a construção e administração de auto-estradas privadas em substituição de "picadas". Em contrapartida na América Latina espera-se um incremento do subsector ferroviário. No que diz respeito a obras futuras, a Engil SPGS aponta no sentido do favorecimento de oceanários em qualquer parte do globo, ferrovias na América Latina e por último a recuperação de barragens em Angola. No contexto favorável da actual economia portuguesa surge a Engil como um caso de sucesso de internacionalização sem qualquer apoio financeiro por parte das entidades estatais.

 

Informação Complementar

A Engil e o passado recente

Nascida em Lisboa em 1952, a então Engil – Sociedade de Engenharia Civil, dedicava-se à construção civil no domínio das infra-estruturas, edifícios de habitação e indústria. A Escola Comercial e Industrial de Castelo Branco, o Centro de Formação da CP no Entroncamento e a ponte sobre o rio Tua em Mirandela foram as três obras fundamentais que, nos anos 60, lançaram esta empresa.

No período entre 1990 e 1997 a Engil construiu cerca de 360 obras, das quais 100 no estrangeiro, tendo acompanhado a bom ritmo o desenvolvimento do país. Assim, desde 1989 a produção e volume de negócios apresentam valores crescentes. A facturação relativa ao exercício de 1989 — 13,1 milhões de contos, é o valor mínimo de uma tabela que para 97 prevê um exercício da ordem dos 70 milhões de contos passando por 16,5 milhões de contos em 90,22,2 milhões de contos em 91,25,5 milhões de contos em 92,28,9 em 93, 42,5 em 94 (Engil SGPS, S.A.), 50,7 em 95 e 62,1 em 96, observando-se assim um crescimento de cerca de 3.8 vezes no período. Por outro lado refira-se ainda que a produtividade / trabalhador no ano de 1990 era de 2 852 contos enquanto em 1996 o mesmo índice se elevou para 7 108 contos. Para este tão significativo acréscimo contribuiu não somente uma melhor gestão como também um conjunto de melhorias tecnológicas e elevada especialização.

É de notar que desde o princípio do ano a Engil passou a integrar o índice PSI20 do mercado de futuros da Bolsa de Derivados do Porto. A comprovar o dinamismo e solidez da Empresa, em termos do mercado de capitais, constata-se a admissão à cotação, a partir de 15 de Abril de 1996, da emissão de títulos ADR Level One, na Bolsa de Valores de Nova Iorque, tornando-se a primeira empresa de construção portuguesa a ser locada no exterior do País. Na Bolsa de Lisboa a Engil tem franco destaque no ranking das maiores variações a que corresponde 15,8% (Abr/96) num total de 4 901 operações de bolsa com movimentação de 12 574 000 títulos com um valor transaccionado superior a 18 milhões de contos.

 

Distribuição por tipos de Trabalhos

Viadutos e Aeroportos: 14,504
Comercial e Serviços: 11,731
Hospitais: 7,954
Habitação: 7.852
Edifícios Publicitários: 5.503
Trabalhos Hidráulicos: 1.984
Trabalhos Industriais: 1,675
Escolas: 1,505
TOTAL: 52,708

Fonte: Engil SGPS News, 95 December

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* Anabela Sousa

Licenciada em Economia pela UAL. Docente na UAL.

* Carlos Carvalho

Aluno da Licenciatura em Relações Internacionais da UAL.

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Dados adicionais
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