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Onde estou: | Janus 1998 > Índice de artigos > Relações exteriores > Economia e recursos > [Internacionalização: o caso dos Transportes Luís Simões] | |||
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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! De forma a enquadrar o ambiente externo em que a empresa tem operado nos últimos anos vale a pena lembrar alguns traços gerais de evolução recente da economia portuguesa após a integração na União Europeia. Em primeiro lugar, a adesão à UE traduz-se também numa forte integração do mercado ibérico. Corrigindo uma situação anómala entre dois países vizinhos, a importância da Espanha no comércio externo português sobe fortemente depois de 1986, passando de cerca de 5% antes da adesão dos dois países à CEE para valores da ordem dos 20% em 1995. Esta aproximação entre Portugal e Espanha passa também por uma cobertura e ligação da rede de estradas, pelo que a maior parte do comércio externo entre os dois países passará a ser feito através de transportes rodoviários (Quadro intitulado Peso Do Transporte Rodoviário No Comércio Externo Português). Isto significa, naturalmente, uma fortíssima expansão do mercado dos transportes rodoviários de mercadorias pelo que, em 1995, o volume transportado por estrada era, no comércio com Espanha, mais de dez vezes o registado em 1984 (Quadro intitulado Índices Do Comércio Externo Português Por Via Rodoviária Em 1995). A adesão de Portugal à CEE e a criação do Mercado Único a partir de 1993 vieram também introduzir uma urgente necessidade de reestruturação do sector dos transportes rodoviários de mercadorias, dominado por pequenas empresas com grandes carências em termos tecnológicos, de recursos humanos e de gestão. A abertura do mercado a operadores da União Europeia, a imposição crescente de normas por parte da Comunidade e as exigências crescentes em termos de qualidade do serviço vieram mostrar a fragilidade da maioria das pequenas empresas do sector, apesar de o enorme crescimento do mercado entretanto observado ter permitido a manutenção de algumas delas. No início da liberalização introduzida pelo Mercado Único, a parte detida pelos transportadores nacionais no comércio externo português não se mostrava afectada, tendo-se mesmo registado uma ligeira subida relativamente ao período pré-integração (Quadro intitulado Mercadorias Entradas e Saídas Em Portugal Por Via Rodoviária, Segundo A Nacionalidade Dos Veículos de Transportes). A evolução da TLS operou-se neste período de rápidas transformações da economia portuguesa. Um primeiro choque para a empresa deu-se na primeira metade da década de 80 quando a crise registada pelos seus três principais clientes, de que era fortemente dependente, ameaçou arrastar consigo a transportadora. Este choque iria originar uma reflexão e análise estratégica decisivas, seguidamente reforçadas pela consciência das modificações que a entrada de Portugal na CEE e, mais tarde, a liberalização introduzida pelo Mercado Único, iriam trazer ao sector. A TLS cresceu rapidamente, passando de uma pequena empresa de transportes até ao início dos anos 70 para a actual primeira empresa do sector. A viragem introduzida no início da década de 80 levou a um crescimento acelerado, passando a empresa de cerca de setenta trabalhadores e igual número de camiões em 1986 para os actuais cerca de setecentos trabalhadores e idêntico número de camiões e um volume de negócios multiplicado por quinze. De acordo com a empresa, três princípios orientadores têm norteado a postura no mercado: alta rentabilidade, eficiência plena e elevada qualidade do serviço prestado. Foi-lhe atribuído o Certificado de Qualidade (ISO 9002) e procura estar bem apetrechada em termos tecnológicos. Mas um factor importante para o forte crescimento em termos qualitativos e quantitativos foi, sem dúvida, a forte e continuada aposta da empresa na formação dos seus recursos humanos, necessária à implementação do seu sistema de qualidade mas igualmente determinante na identificação dos trabalhadores com a empresa. Nos últimos anos, todos os trabalhadores, a todos os níveis, têm passado, em média, cerca de 50 horas nas salas de formação da empresa. Após a reorientação estratégica definida no início dos anos 80, a empresa soube antecipar correctamente a evolução do mercado decorrente da entrada do país na CEE e apostou fortemente no mercado ibérico como um todo. Assim, o seu volume de negócios do transporte internacional (basicamente Espanha) tem sido já largamente superior ao conseguido no mercado nacional, pelo que a opção de internacionalização, através da criação de uma empresa do grupo em Espanha, surge duma forma natural. Após uma primeira instalação da TLS em Madrid em 1990, a criação da Luís Simões Espanha (LSE) vai acelerar o crescimento do grupo, prevendo-se para esta última, para o corrente ano, um volume de negócios já cerca de metade da empresa-mãe TLS. A abordagem seguida na conquista do mercado espanhol, através da criação da LSE, passou por uma primeira associação com um sócio (minoritário) local, de forma a, numa primeira fase crucial, ultrapassar dificuldades derivadas de algum desconhecimento do mercado local e de alguma oposição face a um novo concorrente estrangeiro. De seguida, todo o capital da empresa passou para o grupo Luís Simões, utilizando capitais próprios. Estão já em actividade os Centros Operacionais em Madrid, Barcelona (1993) e Sevilha (1994), em Lugo (1997), Valência (1998) e Vitória (1998), de forma a cobrir facilmente todo o território de Espanha. Os trabalhadores são espanhóis mas os principais dirigentes da empresa são portugueses, já com experiência na empresa mãe TLS, por onde passa também, de momento, a formação do pessoal da LSE. Para além de já ser o principal operador de transportes rodoviários de mercadorias em Portugal, o grupo pretende sê-lo também em Espanha a médio prazo, embora, de momento, a capacidade da empresa em termos de recursos humanos, de veículos ou de capacidade de carga ainda sejam reduzidos, cerca de um décimo dos valores da TLS em Portugal. Todavia, a estratégia do grupo passa por um crescimento rápido, cauteloso mas sólido, onde a actualização tecnológica, a qualidade dos recursos humanos e a excelência do serviço são percebidos como vectores determinantes de sucesso. Obtida a base sólida na Península, admite-se já a extensão da internacionalização a outros países, nomeadamente no Norte de África. Peso do transporte rodoviário no comércio externo português Índices do comércio externo português por via rodoviária em 1995 Volume de vendas da TLS e da LSE Número de horas de formação por trabalhador
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