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Janus 2004



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Indústria e efeito de estufa: desafios e soluções

Carlos Borrego e Sara Lemos *

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A Terra é aquecida pela radiação solar, sendo a sua temperatura fortemente influenciada pela estrutura da atmosfera. Muitos dos gases que a constituem absorvem parte da radiação emitida pela Terra armazenando calor na camada atmosférica mais próxima da superfície. A este fenómeno natural dá-se o nome de efeito de estufa e sem a sua existência a temperatura média à superfície da Terra seria cerca de -19º C, contrariamente aos 15 °C observados. Os gases que absorvem a radiação de grande comprimento de onda são os "gases de estufa": vapor de água (H2O), dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), ozono (O3) e compostos químicos antropogénicos (clorofluorcarbonetos-CFC, hidrohalocarbonetos-HFC e hidroclorofluorcarbonetos-HCFC). Também os compostos fotoquímicos (que se alteram com a luz solar) como o monóxido de carbono (CO), os óxidos de azoto (NOX) e os compostos orgânicos voláteis não metano (COVNM), contribuem indirectamente para a intensificação do efeito de estufa. E consensual no seio da comunidade científica que as actividades antropogénicas têm conduzido a um aumento quer das emissões quer das concentrações de C02 (gráfico Emissões Globais de CO2 e gráfico Concentrações De CO2 Na Atmosfera).

O estudo das alterações climáticas como resultado do aumento das concentrações de gases de estufa tornou-se, portanto, um dos principais temas de debate durante a década passada. A falta de respostas concretas face a determinadas questões tais como "Que aumento de temperatura?... Quando se irá notar?... Devemos preocupar-nos?..." conduziu à assinatura, durante a Cimeira da Terra realizada em 1992, da Convenção Quadro das Alterações Climáticas, que constitui uma peça fundamental no esforço internacional de combate ao aquecimento global do planeta.

 

Fontes emissoras de "gases de estufa"

A maior contribuição da actividade industrial no aumento da libertação de gases de estufa está ligada às emissões de CO2 libertadas pela queima de combustíveis fósseis para produção de energia (entre os quais se encontram os transportes). Para além deste facto, o sector industrial é também responsável por emissões significativas de CH4, N2O e outros gases decorrentes de processos industriais dos quais ressaltam os CFC, os HFC e os HCFC. Sabe-se que em termos comparativos, as actividades antropogénicas desempenham um papel preponderante nas emissões totais tanto de CH4 como de N2O. Para o CO2, o contributo percentual das emissões antropogénicas é menor, sendo também o composto menos eficiente em termos de gás de estufa (gráfico Estimativa Numérica De Potenciais De Aquecimento Global Comparativamente Ao CO2). Verifica-se que a família dos substitutos dos CFC apresenta o potencial mais significativo em termos dos seus efeitos ao nível do aquecimento global (quimicamente estáveis com um tempo de vida de centenas de milhares de anos). No caso de Portugal as emissões anuais globais de CO2 ascendem a 57 milhões de ton/ano, as de CH4 a 391 mil ton/ano e as de N2O atingem as 55 mil ton/ano, enquanto as emissões dos compostos fotoquímicos são da ordem das 221 mil ton/ano para o NOX, 644 mil ton/ano para os COVNM e 1086 mil ton/ano para o CO.

A estratégia definida no âmbito da Convenção das Alterações Climáticas prevê que, para países como a Bélgica, Dinamarca, Alemanha, França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Finlândia e Reino Unido as emissões de C02, CH4 e N2O em 2010 sejam iguais ou inferiores às existentes em 1990. No caso da Grécia, Irlanda, Espanha, Suécia e Portugal prevê-se que aquelas emissões no ano 2010 sejam superiores às de 1990, devendo Portugal permitir um acréscimo de 40%.

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Desafios e Soluções

É sabido que as propriedades radiativas da atmosfera estão a mudar e que os efeitos destas alterações sobre o clima serão profundas. Os modelos climáticos indicam por sua vez que a alteração mais significativa será o aquecimento global. No entanto, mesmo que assim não seja, outros efeitos igualmente profundos são inevitáveis, com consequências bastante diversas (gráfico Esquema Dos Possíveis Efeitos Associados Ao Aumento Das Emissões De «Gases De Estufa»). Por isso, opções para redução das emissões antropogénicas são importantes:

  • aumento da eficiência energética, utilização de fontes de energias renováveis e do metano como fonte energética;
  • medidas restritivas de utilização de CFC e substitutos;
  • redução das desflorestações e incremento da reflorestação;
  • redução das emissões de N2O a partir de fertilizantes e outras fontes.

Uma alternativa para reduzir as emissões de CO2 é a aplicação de taxas sobre o teor de carbono nos combustíveis, por forma a desencorajar a sua utilização indiscriminada. Paralelamente às taxas sobre o CO2, deverão ser implementadas taxas relativas aos outros "gases de estufa", calculadas estas de acordo com a eficácia de cada gás, em particular face ao aquecimento global. Os esforços iniciais de redução das emissões de "gases de estufa" não acarretarão custos demasiado elevados. De facto, a redução das emissões de "gases de estufa" não produzirá benefícios apenas ao nível das alterações climáticas globais, visto que o aumento da eficiência dos processos industriais conduzirá a ganhos económicos importantes. A diminuição das emissões industriais e das emissões das fontes móveis fará melhorar a qualidade do ar nos centros urbanos e diminuirá as chuvas ácidas. No caso da diminuição da desflorestação em larga escala, obter-se-ão benefícios em termos da redução da erosão dos solos, da preservação da paisagem, dam biodiversidade e de habitais florestais. A própria preservação das florestas também proporciona benefícios económicos importantes. Não se pode esperar por descobrir um sinal dramático que confirme sem margem de dúvidas o aquecimento global da Terra. Se se procurar obter um sinal deste tipo, ter-se-á de esperar bastante tempo, uma vez que as alterações dos regimes globais são muito morosas. Então poderá ser já demasiado tarde para que as medidas que invertam o sentido dessas alterações possam produzir alguns efeitos!

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* Carlos Borrego

Professor Catedrático de Poluição Atmosférica e Alterações Climáticas no Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro.

* Sara Lemos

Engenheira do Ambiente. Técnica Superior do IDAD – Instituto do Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Aveiro.

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Dados adicionais
Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas
(clique nos links disponíveis)

Link em nova janela Efeito de estufa

Link em nova janela Emissões globais de CO2

Link em nova janela Concentrações de CO2 na atmosfera

Link em nova janela Estimativa numérica de potenciais de aquecimento global comparativamente ao CO2 (em milhares de vezes)

Link em nova janela Esquema dos possíveis efeitos associados ao aumento das emissões de "gases de estufa"

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