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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Em Portugal, como em outros países europeus com pequenas cinematografias, as questões "tradicionais" sobre a sustentação do cinema — designadamente as respeitantes à composição e estrutura do seu financiamento, à atribuição do papel chave na credibilização dos projectos ao produtor ou ao realizador, à distribuição comercial, à natureza e extensão do mercado que pode rentabilizar os investimentos, etc. — estão a ser submersas numa problemática mais geral e que as inclui. Esta problemática mais geral, que pouco tem de especificamente português, é provocada pela simples convergência de tecnologias: em breve, a par da manutenção dos media nos seus formatos tradicionais (do livro ao cinema e dos jornais à televisão), uma parte cada vez mais significativa da produção multimedia será copiada para um formato digital (de que o Digital Video Disk, DVD, inicia a era), transmitida através de cabos digitais e recebida por computadores. Os Estados Unidos, sobretudo desde o primeiro mandato do presidente William Clinton e do vice-presidente Al Gore, lideram abertamente a instalação desta nova etapa da "sociedade da informação" ou "do saber", quer apostando na expansão veloz da importância da Internet (80 milhões de computadores pessoais estavam já ligados à 'rede das redes' a meio de 1997), quer ocupando nela espaços estratégicos, quer tentando fixar as regras do jogo económico nas novas auto-estradas da informação. A tradição proteccionista dos EUA — recorde-se que entre as contrapartidas do plano Marshall, no imediato pós-guerra, figurava a exigência de ‘Via livre' comercial para os produtos culturais americanos, nomeadamente o cinema — mantém-se: o presidente Clinton pediu à Europa, no início do segundo semestre de 1997, uma política de comércio livre e de zona franca na Internet e nas próximas hiper-auto-estradas da informação. Se obtiver o acordo dos europeus nesta matéria, o presidente Clinton terá favorecido decisivamente, por via das facilidades fiscais e de um programa "no taxes", a vida das empresas americanas que já conquistaram posições na "net" e por isso beneficiam do efeito, conhecido dos economistas, do "primeiro chegado". As empresas estão, aliás, a redesenhar os contornos dos sectores: as receitas da produção, reprodução e distribuição maciça de conteúdos confirmaram a tendência para superar as da produção maciça de bens materiais. Exprimindo este fenómeno, os últimos anos viram surgir novos impérios multimédia resultantes de fusões gigantescas no universo norte-americano: a TimeWarner, a Disney/ABC, a News Corporate/Fox, a MCA/Universal, a Columbia/Sony, etc. Mais significativamente ainda, empresas oriundas de zonas exclusivamente técnicas, como a Microsoft, começaram, por sua vez, a investir na produção e distribuição de conteúdos, visando o crescimento exponencial do audiovisual agregado aos "new media". Em França — decerto o país europeu que mais ansiosamente discute o seu "atraso", neste 'sétimo continente', face aos EUA — o primeiro-ministro Lionel Jospin anunciou em 25 de Agosto de 1997, um mês depois das propostas de Clinton aos europeus, um vasto programa nacional de favorecimento do acesso à Internet, mas sem concretizar quais as facilidades fiscais ou financeiras destinadas a ajudar empresas, escolas ou particulares a equiparem-se e darem passos efectivos nesse sentido. Quanto aos números do cinema, eles confirmam a desigualdade total entre os dois países: Hollywood detém 95% do enorme mercado interno norte-americano e 80% do mercado mundial; a indústria francesa detém apenas 35% do seu mercado interno e 2% do mercado mundial — isto em tempo de globalização, quando a amortização dos investimentos é cada vez mais feita à escala mundial. Em países como Portugal, marcados pela pequena dimensão, pela dependência tecnológica e pelo lugar semiperiférico em relação ao seu "centro" (os países mais ricos da União Europeia), a participação numa política de grupo (a da Comissão Europeia) e a associação a todos os instrumentos de investimento desse grupo no futuro da "indústria de conteúdos" é uma necessidade estratégica. A título de curiosidade, diga-se que a produção cinematográfica portuguesa ocupa entre 1 e 2% do seu mercado interno, o que representa 0,0035% do mercado mundial. Segundo o relatório da Comissão Interministerial para o Audiovisual, uma longa-metragem exclusivamente portuguesa custa em média 135 mil contos a preços de 1997, que passam a 320 mil nas co-produções. Mas estes 320 mil contos significam 40% dos custos de uma produção exclusivamente espanhola e 25% dos custos de uma produção exclusivamente francesa. Vários documentos produzidos por iniciativa do Estado português dão, actualmente, conta da necessidade de abrir o país à dinâmica da "indústria de conteúdos", com destaque para o relatório Mosaico, o Livro Verde para uma Sociedade de Informação e os relatórios da Comissão de Reflexão sobre o futuro da Televisão e da Comissão Interministerial sobre o cinema e o audiovisual, divulgado no início do segundo semestre de 1997. O Ministério da Cultura abriu, no seu 'sítio' na World Wide Web, uma discussão pública sobre o tema, incitando à participação nela de pessoas e instituições ligadas ao universo envolvido. Outras perspectivas, como a da "Plataforma" de realizadores e produtores de cinema, vieram a público em 1997, marcando igualmente, com as suas propostas, a reflexão que precede a tomada de decisões. O ano de 1998 deverá, em princípio, ver surgir um conjunto de regras e de documentos legais que fixarão novas formas de financiamento, de produção/distribuição e de interacção entre os diversos media que caracterizam o novo espaço integrado da "indústria de conteúdos". É uma nova política integrada, gerida por um novo instituto que sucede ao IPACA e ao IPC. No quadro geral das tarefas estratégicas que preocupam os poderes portugueses, avulta a necessidade urgente de informatizar maciçamente o ensino nacional, com vista a abrir todos os escalões da formação ao multimedia e às auto-estradas da informação. Outra preocupação de fundo é a criada pela insuficiência do mercado nacional para rentabilizar financiamentos em toda a área considerada: o que é pedido à "indústria de conteúdos" portuguesa é que ela vise sistematicamente a internacionalização e a globalização, como souber e puder.
Informação Complementar EUA acentuam hegemonia Em matéria de exportações no audiovisual, a balança comercial entre EUA e Europa é favorável aos primeiros na proporção de dez para um. O Observatório Europeu do Audiovisual admite que as empresas norte-americanas realizaram, em 1995, 6,8 mil milhões de dólares de receitas na venda de programas ao mercado europeu, enquanto os europeus só conseguiram exportar 532 milhões de dólares para o mercado dos EUA. Dada a ausência de dados europeus fiáveis sobre esta matéria, estes números são extrapolações baseadas nas performances da Grã-Bretanha a da França. O Banco Goldman Sachs, por seu turno, diz que as receitas das majors são hoje em 43% provenientes das exportações, contra 30% há dez anos. As vendas às televisões não-americanas tornaram-se no motor de desenvolvimento das majors e a tendência actual já não é para vender programas mas a programação de canais por junto. Os 24 filmes portugueses com mais de 30.000 espectadores em salas de cinema desde 1974 Distribuidores mais importantes em Portugal Receitas de bilheteira por nacionalidade dos filmes Exibidores - a quem pertencem os ecrãs existentes em Portugal Afluência às salas de cinema em 1997
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