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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Exposições de grande qualidade e uma aposta na internacionalização têm também sido a marca da actividade do GRI (Gabinete de Relações Internacionais), responsável por uma presença portuguesa cada vez menos intermitente nos grandes circuitos mundiais (ver quadros). O impacte avaliado pelo número de visitantes e os ecos na imprensa especializada são extremamente positivos e configuram uma verdadeira “descoberta” dos valores artísticos portugueses, assumindo especial relevância, por exemplo, o achado de um quadro de Amadeo de Souza Cardoso (A Caçada) dado como perdido há décadas, no decorrer da itinerância da grande exposição do pintor nos Estados Unidos, em 1999 e 2000. Projectos multidisciplinares que agregam várias entidades como o ICEP, o Ministério da Cultura, a FLAD e a Fundação Calouste Gulbenkian, têm surgido recentemente como verdadeiras embaixadas dos valores culturais portugueses, tradicionais e contemporâneos. Reunindo as artes performativas, plásticas, design, em grandes manifestações com concertos, exposições, ciclos de cinema e encontros literários, assim foram as duas edições do Perfil de Portugal (Madrid e Barcelona, 2001), ou o festival New Portuguese Culture, no Yerba Buena de S. Francisco, centro especialmente vocacionado para acolher a diversidade cultural. No sector do livro, sendo certo que o extraordinário registo “globe trotter” do Nobel Saramago tem feito mais que muitas iniciativas para divulgar a literatura portuguesa no exterior, tem sido visível o esforço das entidades que tutelam ou integram o sector, como o IPLB, a APEL ou a UEP. A frequência cada vez maior com que Portugal é o convidado de honra, ou país-tema, de eventos tão determinantes para a vida literária internacional como a Feira de Frankfurt, os Salões do Livro de Paris e Genève, o Carrefour des Littératures, onde recentemente foi amplamente homenageado Eugénio de Andrade, têm constituído pretextos para fazer aportar a estes países extensas delegações do panorama cultural português, que não apenas das letras. Ocasiões de eleição, pois, para uma ampla divulgação da cultura portuguesa, espelhada no crescimento sustentado do número de autores portugueses traduzidos e editados fora do país. Uma política de lusofonia, ainda incipiente mas a dar passos cada vez mais significativos, tem igualmente contribuído para uma presença mais forte da língua portuguesa no mundo. O galardão máximo das letras no universo lusófono, o Prémio Camões, tem constituído estímulo assinalável para escritores portugueses, africanos e brasileiros. No âmbito do Programa Rede Bibliográfica da Lusofonia, o IPLB, em parceria com o Instituto Camões e o Instituto de Cooperação Portuguesa, tem prosseguido uma acção de convicto apoio e parceria com os cinco PALOP, através da promoção de Feiras do Livro regulares, oficinas pedagógicas, doação de títulos em número apreciável, aposta na recuperação e revitalização das Bibliotecas Nacionais e Públicas, Arquivos Nacionais, bem como apoios à tradução e divulgação de obras de autores africanos lusófonos. Após esta brevíssima abordagem, dir-se-ia que se multiplicam saudavelmente os índices da presença cultural portuguesa no mundo. Que estes não façam, porém, esquecer o muito que continua por fazer. São, ainda assim, sinais de uma vitalidade que urge não deixar esmorecer.
Informação complementar O caso José de Guimarães Omnipresente e marginal. Assim o definem dois especialistas na matéria, João Pinharanda e Raquel Henriques da Silva (2). José Maria Fernandes Marques, de Guimarães porque ali nasceu há 61 anos, tem uma das mais impressionantes e reconhecidas obras do quadro artístico português. A retrospectiva da Cordoaria Nacional é uma oportunidade soberana para reconstituir o percurso de um dos mais originais universos iconográficos da actualidade. Ostensivamente ignorado por boa parte da inteligentsia portuguesa durante duas décadas, Guimarães vê finalmente reconhecido um talento que se disseminou por todos os continentes, nas mais prestigiadas colecções. Estuda pintura e desenho em Portugal, ao mesmo tempo que se forma em engenharia civil e militar. Em 1967 é mobilizado para Angola, onde começa por agarrar o vocabulário bidimensional, de forte colorido, rostos-máscara e formas híbridas que mais tarde cruzará com “a vulgaridade sígnica do mundo contemporâneo, herdado de uma matriz pop, atenta” (idem: 8). Viagens, muitas viagens depois, aos museus de Paris e de Itália toda, e a fascinação dos mestres do barroco sobre a herança das vanguardas europeias ajudam a criar um estilo heteróclito mas inconfundível, que se dirá em séries que marcam tempos de enamoramento e reflexão. São as Rubens, Camões, Amantes, Desportos, México, Cartago, numa gesta de experimentação invulgar que agora se detém no néon. Construiu papagaios de papel no Japão, fabrica frequentemente os seus materiais e foi crescendo em exposições um pouco por todo o mundo até chegar à marca da arte pública. Em Lisboa, na praça 25 de Abril com a colossal escultura de 25 metros, em Macau e nas Canárias, no México onde plantou dois murais em azulejo português, em Kushiro, cidade japonesa onde assina todo o mobiliário urbano. Homem de manifestos docemente intempestivos, José de Guimarães soma coleccionadores da sua obra na Bélgica (os primeiros entusiastas), Espanha, Itália, Estados Unidos e Japão. Um caso sério de valor português à solta no resto do mundo. Escritores com mais de 10 traduções em língua estrangeira Outras Bienais e eventos com participação portuguesa Artistas portugueses na Bienal de Veneza Artistas portugueses na Bienal de São Paulo Algumas exposições itinerantes no estrangeiro
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