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AQUI! As armas químicas são a chamada “arma nuclear do pobre”, devido
ao seu baixo custo e facilidade de produção. A arma biológica necessita
de infraestruturas de produção mais desenvolvidas, uma vez que obriga
à manipulação de toxinas e de bactérias com o objectivo de criar uma
arma mortal. A produção de armas nuclerares, por outro lado, representa
um investimento em termos financeiros e tecnológicos que nem todos
os países estão preparados para realizar.
As armas químicas, biológicas e nucleares Das três categorias de armas referidas, as armas baseadas em agentes químicos– consideradas particularmente desumanas em virtude dos sofrimentos que infligem e que se manifestam frequentemente muito tempo após a sua utilização – são as de fabrico mais simples. Os seus componentes estão normalmente disponíveis no mercado e as técnicas de fabrico e formas de emprego são amplamente conhecidas, também em virtude da sua utilização de tempos a tempos no quadro de guerras. A arma química, com elevada eficácia militar, é, tecnicamente, muito mais acessível aos países em desenvolvimento que a arma nuclear, sendo por isso também apelidada de “arma nuclear do pobre”. As armas biológicas – que podem produzir efeitos ainda mais letais, na medida em que algumas delas são contagiosas (efeito dominó) – são mais complexas devido à necessidade de manipulação de bactérias ou toxinas visando a sua transformação em agentes mortais e são de difícil dispersão. Não obstante, foram utilizadas pela Alemanha, em Maio de 1985, para envenenar um reservatório na Boémia e já antes, em 1940, os japoneses haviam distribuído pelos territórios da China e da Manchúria arroz e trigo misturados com pulgas portadoras do agente da peste. Utilizada por duas vezes apenas no contexto da II Guerra Mundial, a percepção dos efeitos devastadores da explosão da bomba nuclear viria a modificar completamente a maneira de colocar os problemas da paz e da guerra, introduzindo o conceito de dissuasão. Actualmente, os receios em torno da utilização da bomba nuclear resultam precisamente do facto de a sua posse já não constituir necessariamente impedimento para o desencadeamento de um conflito. Não obstante, fabricar bombas atómicas continua a ser um desafio tecnológico superior, muito dispendioso e a sua detonação extremamente difícil. Nos dias de hoje, porém, torna-se cada vez menos complicado contornar estes obstáculos e uma das alternativas mais seriamente consideradas como ameaça real aponta para a fabricação da chamada “bomba suja”.
O efeito psicológico A morte de 5 pessoas e a contaminação de outras 18 através da inalação da bactéria do carbúnculo – e os fortes indícios de que os seus autores são nacionais e não terroristas ligados aos atentados perpetrados em 11 de Setembro – tornaram aterradora a simples hipótese de grupos terroristas estarem na posse de armas químicas, biológicas ou nucleares. Estes atentados bioterroristas contribuíram de forma decisiva para a tomada de consciência de que os Estados mais desenvolvidos têm uma infraestrutura incrivelmente frágil – reservas de electricidade, telecomunicações, controlo aéreo, centrais nucleares, produções agrícolas, etc. – e para a percepção de que a segurança alimentar e ambiental e a saúde humana passaram a estar ameaçadas de forma contínua, regional e globalmente. Em consequência, as armas NBQ (armas nucleares, biológicas e químicas) evocam angústias profundas nas populações e infundem um tipo de terror qualitativamente diferente daquele produzido por ataques com recurso a armamento convencional. A ameaça omnipresente de contaminação por um agente invisível mas mortal pode ser mais atemorizadora que o trauma súbito de uma explosão. Inclusivamente, um ataque químico ou biológico que mate menos pessoas que uma bomba convencional pode ter um impacte psicológico desproporcionado. As sondagens demonstram que o maior receio das populações neste momento são ataques com este tipo de armas. A própria administração norte-americana retirou de circulação documentos técnicos com dados que poderiam fornecer pistas para a produção de armas biológicas e químicas e iniciou uma nova política de vacinação contra o antraz (Junho de 2002). Assente numa dupla vertente – interna e externa –, inclui a imunização de pessoal militar (aqueles cujo planeamento prevê que venham a passar mais de 15 dias por ano em regiões onde a ameaça de um ataque com antraz é considerada elevada, como a área do Golfo Pérsico ou a Península Coreana) e o armazenamento de parte da produção para uso civil. Simultaneamente, assiste-se à implementação de novas medidas de segurança por todo o país, como o armazenamento de máscaras de gás ou a instalação de detectores de radiação.
Informação complementar A Bomba Suja Embora não constitua novidade – em 1996, separatistas russos na Tchetchénia depositaram césio-137 num parque de Moscovo, material que foi atempadamente recuperado pelas autoridades – a ameaça do uso por parte de grupos terroristas de uma “bomba radioactiva”, patente desde 11 de Setembro, é cada vez mais real na sequência das afirmações de Abu Zubaydah, antigo chefe de operações de Osama Bin Laden, de que a Al-Qaeda sabe fabricar a chamada “bomba suja”, e da detenção por parte das autoridades norte-ame-ricanas, no passado mês de Junho, de um cidadão nacional suspeito de pla-near o fabrico e detonação de uma arma desse tipo. A ameaça é tanto mais credível se considerarmos, por um lado que, segundo os investigadores, o seu fabrico é relativamente fácil e, por outro, a informação divulgada (Junho de 2002) pela Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA). A agência das Nações Unidas afirma serem actualmente poucos os países no mundo que não possuem os materiais radioactivos necessários para o fabrico de uma “bomba suja” (cobalto-6, césio-137, estrôncio-90 ou irídio-192, utilizados na radiografia industrial, radioterapia, irradiadores industriais e geradores termoeléctricos) e que o número de Estados detentores de material radioactivo com controlo inadequado de prevenção de roubo ascende a mais de 100. O material radioactivo “órfão” fora de controlo – constitui, ainda segundo a IAEA, um grande problema nos territórios da ex-União Soviética. Porém, há igualmente registo de que, desde 1996, companhias norte-americanas perderam o rasto a perto de 1500 fontes radioactivas, mais de metade das quais nunca foram recuperadas. Na União Europeia conseguem escapar anualmente ao controlo cerca de 70 fontes radioactivas. Também denominada “engenho radioactivo disperso”, a “bomba suja” é fabricada com explosivos convencionais, em torno dos quais é colocado material radioactivo industrial. Uma outra opção, menos provável, pode ser a da dispersão do material radioactivo de forma a contaminar uma região pequena. Os seus efeitos são, no entanto, avaliados no campo puramente teórico, já que nunca foi detonada uma “bomba radioactiva”. Não obstante, a eventual detonação de uma bomba com estas características implicaria a evacuação e descontaminação imediatas da área atingida. O alcance da bomba dependeria de factores vários, como pormenores do seu fabrico ou a direcção do vento. Não seria surpreendente que algumas pessoas, embora não muitas, expostas à radioactividade morressem rapidamente. Indivíduos menos expostos desenvolveriam tumores e uma contaminação intensa poderia exigir a demolição de edifícios. Embora não sendo considerada uma arma de destruição maciça, provocaria certamente pânico na população e danos sérios na economia local. Por todos estes motivos, o Senado norte-americano aprovou, a 26 de
Junho de 2002, uma proposta que visa o incremento de medidas que impeçam
os “Estados não confiáveis” e grupos terroristas de adquirir material
radioactivo (que se traduz num orçamento, para o ano de 2002, de 20 milhões
de dólares) e que passam, nomeadamente, pelo estreitamento da cooperação
com a Rússia, na qual participará também a IAEA, para garantir a segurança
e neutralização desse tipo de materiais.
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