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ESTE ARTIGO CONTÉM DADOS ADICIONAIS CLIQUE AQUI! Indicadores da economia mundial
Do dinamismo norte-americano... Os gráficos apresentados rapidamente nos induzem à conclusão de que os EUA continuam a ser a “locomotiva” do crescimento económico mundial. Na verdade, após terem registado, em 2004, um crescimento do PIB superior a 4%, alicerçado num forte crescimento da procura interna, tudo indica que, em 2005, o PIB possa vir a aumentar próximo de 4% (o FMI previa, em Abril, 3,6%). A economia norte-americana beneficiou em 2004 de um conjunto de estímulos acumulados ao longo dos anos anteriores, designadamente de cariz orçamental e monetário. A nível orçamental, os principais estímulos concentraram-se essencialmente no período de 2003 a 2004, pelo que os seus efeitos começam agora a esgotar-se, seguindo aliás a salutar tradição norte-americana de utilizar a política orçamental de uma forma absolutamente contra-cíclica, isto é, revelar um maior expansionismo nos períodos de fraqueza da economia, para se tornar mais restritiva nos momentos em que a economia revela maior dinamismo. Também no que diz respeito à área monetária é patente o carácter anticíclico da política norte-americana. Deste modo, verificou-se uma trajectória de forte descida das taxas de juro oficiais pela Reserva Federal, as quais passaram de 6,5%, em Dezembro de 2000, para 1%, em Junho de 2003, nível em que se mantiveram durante 12 meses. Embora entretanto esse estímulo tenha sido atenuado, dado que, entre 30 de Junho de 2004 e Agosto de 2005, as taxas de juro oficiais subiram 2,5 pontos percentuais, para 3,5%, os seus efeitos perduram ainda, com o consumo privado a evidenciar elevado dinamismo (pese embora os efeitos nefastos para os consumidores da forte subida do preço da energia), tendo aumentado cerca de 4%, em 2004 e prevendo-se para o corrente ano um ritmo de crescimento próximo de 3%. Por outro lado, o esforço de reestruturação desenvolvido pelas empresas norte-americanas, especialmente no período de 2001-2004, que implicou uma substancial redução nos quadros de pessoal, tem vindo a reflectir-se num aumento dos lucros das empresas, as quais, até ao presente, conseguiram acomodar o aumento do preço da energia através da redução das respectivas margens. Neste enquadramento, o investimento tem-se mantido dinâmico, apresentando em 2004 um crescimento próximo de 10%, nível que poderá registar novamente em 2005. É todavia de referir que se mantêm as debilidades estruturais da economia norte-americana, materializadas nos chamados “défices gémeos”, isto é, um défice pronunciado da balança corrente e um saldo orçamental igualmente negativo. O primeiro, aproximou-se, em 2004, de 670 mil milhões de dólares, ou seja, 5,7% do PIB, muito acima da média dos últimos 10 anos, num contexto em que os EUA continuam a evidenciar défices esmagadores da balança comercial (cerca de 617 mil milhões de dólares nesse ano). O défice terá atingido 343 mil milhões de dólares no 1º semestre de 2005, o que aponta para um agravamento substancial face ao ano anterior, provavelmente para valores muito acima da projecção do FMI. Em Abril, o Fundo projectava para 2005 um défice na ordem dos 5,8% do PIB mas, presentemente, alguns analistas apontam para um nível próximo dos 7%. Do lado orçamental, as notícias são mais favoráveis, sendo possível que se assista, em 2005, a uma diminuição do défice em relação a 2004 (em que este atingiu 400 mil milhões de dólares), eventualmente para valores na ordem dos 320-330 mil milhões de dólares.
...à tímida recuperação europeia Deste lado do Atlântico as notícias são bastante menos favoráveis. Penalizada por uma política monetária bastante menos pro-activa do que nos EUA (entre finais de 2000 e Junho de 2003 o BCE desceu as taxas de juro oficiais de 4,75% para 2%, enquanto a Reserva Federal dos EUA fez diminuir a taxa dos Fed Funds de 6,5% para 1%) e pelo rigor orçamental imposto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, a área do euro viu a recuperação económica ser sucessivamente adiada. Deste modo, ao crescimento de 1,7% observado em 2004 (1) deverá suceder-se um ano de 2005 ainda pior, sendo esperado um crescimento entre 1,4% e 1,6%. A área do euro continua a ser penalizada pela anemia do consumo privado, directamente associada à manutenção de elevados níveis de desemprego (a taxa de desemprego estava, em Junho de 2005, nos 8,7%) e aos baixos níveis de confiança dos consumidores europeus. Por outro lado, o fortalecimento do euro ao longo de 2003/2004 (que culminou com o máximo histórico face ao dólar em 1,3667, em 30 de Dezembro de 2004) tem penalizado a componente externa, cujo contributo para o crescimento foi negativo em 2003 e marginalmente positivo em 2004 (+0,1%). Neste enquadramento, não se vislumbra no futuro próximo uma recuperação efectiva do crescimento económico na área do euro, tanto mais que esta continua espartilhada entre o avanço aparentemente irreversível da globalização e suas exigências em matéria de flexibilização da organização económica e produtiva e, por outro lado, o modelo social europeu, com as respectivas virtudes e ambiguidades, designadamente em questões tão sensíveis como a protecção social e do trabalho. ... passando pela robustez asiática! Os mercados emergentes e em desenvolvimento revelaram na última década ritmos de crescimento económico substancialmente superiores aos observados nas economias avançadas. De acordo com os dados do FMI, no período de 1997 a 2006, o crescimento médio do PIB naqueles países deverá rondar os 5,3%, enquanto nas economias avançadas se quedará pelos 2,7%. Entre os referidos mercados emergentes e em desenvolvimento, o destaque cabe indiscutivelmente à Ásia, com um crescimento médio nesse período de 6,6%, em grande medida devido ao forte crescimento económico na China, mas também devido ao dinamismo de economias como a Índia, Tailândia, Malásia ou Vietname. Outras economias asiáticas mais avançadas, designadamente, a Coreia, Singapura e Taiwan, deverão registar em 2005 crescimentos que oscilarão entre cerca de 2,7%-3%, em Singapura, e 3,8%-4%, em Taiwan. A “força” destas economias radica, regra geral, na robustez do sector exportador, designadamente de componentes electrónicos (com especial peso na economia de Taiwan) e automóveis (sobretudo na Coreia), muito embora seja já considerável o peso da procura interna, com o consumo privado a assumir uma importância fulcral para a evolução do crescimento económico, designadamente na Coreia. Uma palavra final para o Japão. Após os decepcionantes dados económicos do 2º semestre de 2004, que “empurraram” o crescimento do PIB para 2,6% (muito abaixo das estimativas que ao longo do ano se foram formando em torno dos 4%-4,5%), em 2005 tem vindo a observar-se uma solidez assinalável do consumo privado, alicerçada na recuperação do mercado de trabalho (a taxa de desemprego, que chegou a situar--se em 5,5% no início de 2003, recuou para 4,2% em Junho de 2005). A confiança dos agentes económicos no Japão é aliás visível na evolução dos indicadores bolsistas, com o índice de referência Nikkei a situar-se, em Agosto, nos máximos de 4 anos. Deste modo, tudo indica que a previsão anterior do FMI para o crescimento económico (0,8%) venha a ser substancialmente revista em alta, provavelmente para valores no intervalo de 2%-2,5%, tanto mais que se espera um impacto positivo decorrente de uma nova intensificação do crescimento nalgumas das economias preferenciais para as exportações japonesas, em especial nos EUA. * Henrique Morais Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Mestre em Economia Internacional pelo ISEG. Docente na UAL e na Universidade do Algarve. Assessor do Banco de Portugal. Membro do Conselho Directivo do Observatório das Relações Exteriores da UAL.Dados adicionais Gráficos / Tabelas / Imagens / Infografia / Mapas (clique nos links disponíveis) Média 1997-2006 | Previsões para o ano 2006 Indicadores económicos e financeiros Crescimento e política: média e previsão Indicadores económicos e financeiros
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