Mapa-mundo no Insularium Illustratum de Henricus Martellus
 
 

 

O mapa de Martellus, cartógrafo germânico, demonstra conhecimento de toda a descida da costa ocidental africana pela navegação portuguesa. Estava desfeito o mito do "mar que fervia" na região equatorial, desenhado o Golfo da Guiné e, muito mais importante, confirmada a passagem entre o Atlântico e o Índico. Com o périplo da África garantido pela viagem de Bartolomeu Dias em 1487-88, os portugueses estabeleciam o acesso, pelo Atlântico, às fontes das especiarias. O mapa de Martellus é claramente feito "em cima do acontecimento". O extremo sul de África ultrapassa a latitude sul máxima prevista inicialmente pelo cartógrafo, e "morde" a margem inferior do desenho. A expedição de Bartolomeu Dias era parte de um projecto mais vasto de D. João II, que incluiu a de Pêro da Covilhã através do Mediterrâneo e do mar Vermelho em demanda do Preste João e das especiarias. Pêro da Covilhã atinge a Índia, chega a descer a costa oriental africana até Sofala e, voltando a subir a costa, chega a Zeila em 1482: em terras da Etiópia/Abissínia encontra finalmente o Preste João, que, naturalmente, ninguém na região conhecia por tal nome.